“Nas páginas dos livros passeamos, conhecemos lugares, pessoas, vidas, histórias…
Nas páginas dos livros sorrimos, emocionamos… às vezes choramos!
Nas páginas dos livros descobrimos, identificamos, formamos opiniões, valorizamos, respeitamos, amamos…
Nas páginas dos livros nos divertimos, relaxamos, espairecemos…
Nas páginas dos livros ficamos mais ricos… de cultura, de conhecimentos!
Airton Chips”
“Virei-me no vão da porta da inspetoria e dei de cara com o molecão gorducho e cabeludo olhando pra mim. “Pomarola”, que alguns anos mais tarde também se tornaria Detetive, meio sem jeito falou:
– Policial, saiu um cara correndo algemado ali no beco da delegacia…
Não fiz nenhuma pergunta! Nem precisava… Entendi de imediato que Peixinho havia fugido. Virei nos cascos e saí no encalço do fujão com toda velocidade que podia. Ao sair na porta da delegacia os olhares dos curiosos me mostravam a direção a seguir. Desci a Herculano Cobra, virei a João Basílio, cruzei a Mal. Deodoro e quando cheguei à linha férrea que margeava a avenida Brasil tive que ser novamente guiado por um transeunte. Antes que eu perguntasse, ele respondeu esticando o braço para a Rua Antônio Vasconcelos.
– Foi pra lá…!
Desci dos trilhos e continuei em frente com meu velho HO enferrujado na mão, sem avistar Peixinho, seguindo apenas o olhar dos curiosos – afinal, não é todo dia que um sujeito passa na frente da nossa casa com um par de pulseiras de prata nos braços correndo como se fosse tirar o pai da forca!
A rua acabou, um terreno baldio surgiu à minha frente e logo em seguida a Perimetral, em obras. Mais Alguns metros cheguei à foz do maior esgoto da cidade, conhecido pelo apelido irônico e nojento de “Pão de Açúcar”, no Rio Mandu. As águas da enchente haviam baixado, mas tinham deixado as margens do rio mais lisas do que bagre ensaboado. Era preciso diminuir a velocidade e redobrar os cuidados para se manter em pé. Finalmente, desde a delegacia, avistei meu peixe trotando lentamente na lama fina na margem do rio em direção à ponte do velho Aterrado. Corri pela duna que margeava o rio, menos barrenta, e quando desci das dunas para agarrar o fujão, ele assustou-se com o barulho da capituva e virou-se para mim. Ao ver o cano do velho trabuco a um metro do seu nariz, sem pestanejar e sem pensar nas consequências, o meliante algemado pulou no rio que ainda exibia um resto de enchente. Tive que parar um segundo para pensar.
– “E agora? Se pulo na água com a arma na mão, não conseguirei nadar… e talvez tenha que usá-la! Se pulo sem ela, talvez não dê conta do meu prisioneiro! Se não pulo, ele atravessa o rio e vai embora levando minha pulseira de prata… me deixando com cara de tacho! Que fazer”?
*** Se você quer continuar essa viagem, navegue pelo livro “Meninos que vi crescer!”