Falando em Caubóis…

“Jeff… O Homem do Chapéu Furado” será publicado, aqui, em onze capítulos.

 

Foi na década de 70, “Década de Ouro da Humanidade”, que eu conheci os caubóis, através dos filmes do gênero. Havia para todo gosto. Havia o caubói sério e carrancudo em busca de vingança, (Clint Eastwood); havia o caubói sarcástico e aventureiro (George Hilton e Johnny Garko); o caubói vilão, que aprontava, aprontava e sempre morria no fim (William Berger, Lee Van Cleef e Klaus Kinski); havia também o caubói desbravador, que aceitava empreitadas de conduzir caravanas ou resgatar pessoa sequestrada pelos índios, guias de comboios ( John Wayne, Burt Lancaster, Kirk Douglas); havia ainda o caubói de olhar doce e romântico que usava o colt apenas para se defender durante suas aventuras no Oeste sem lei, (Giuliano Gemma); havia o caubói que, depois das andanças – e matanças -, queria apenas construir um rancho ao pé da colina, perto do riacho e viver em paz sua doce morena; havia também o caubói jogador de pôquer, que sempre trazia na manga um ás de ouro: nunca perdia! O caubói mais comum era o justiceiro caçador de recompensas!

Além destes caubóis que inspiravam nossa vida adolescente, outros tantos, tão ou mais famosos deixaram rastros nos cinemas de Pouso Alegre – e naturalmente Brasil afora. Alguns eram associados aos personagens que encarnavam. John Garko era o “Sartana” eternamente perseguido pelo loiro de meia idade William Berger. Franco Nero deu vida a Django, um dos mais famosos personagens do velho oeste. George Hilton com sua cara de deboche deu vida ao bonachão Ringo. Terence Hill Terence Hill encarnou “Trinity”. Com seu ingênuo sorriso infantil e seu inseparável irmão Bud Spencer, gordo, barbudo e carrancudo, e suas trapalhadas transformaram as salas de cinema num festival de gargalhadas. Já o lendário “Billy The Kid” teve tantos intérpretes que nenhum deles o eternizou. Quem chegou mais perto foi o bonitão Paul Newman na película “Um de nós morrerá”, em 1958.

Enfim, são tantos os caubóis do Velho Oeste que desfilaram nos cinemas de Pouso Alegre e do Brasil na década de 70 que eu precisaria de mais cinco décadas para falar seus nomes.

Dentre os ‘caubóis’ acima – e tantos outros que encheram os olhos de adolescentes apaixonados pelo gênero como eu, difícil dizer qual foi o mais famoso, o mais cativante, o mais… ‘herói’.

No entanto, qualquer frequentador do “Cine Gloria” ou do “Cine Eldorado” em Pouso Alegre nas décadas de 70 e 80, dirão que o mais marcante foi Clint Eastwood! Embora a maioria dos seus filmes tais como “A Marca da Forca”, “Por um punhado de dólares”, “Três Homens em Conflito”, “A marca da forca” tenham sido produzidos na década de 60, volta e meia podíamos ouvir seus tiros certeiros e mortais nas telas dos cinemas nas noites de sábado e nas matinês de domingo. O cavaleiro solitário é, de longe, o mais longevo caubói da história do Velho Oeste.

Em 2021 Clint Eastwood estrelou um novo filme de western. Na película “Cry Macho: O caminho para a redenção”, o sisudo caubói, aos 91 anos saca – pela última vez – um trezoitão!

Com tantos filmes de caubóis na “Década de Ouro da Humanidade”, década que eu tive a felicidade de atravessar com três faixas etárias diferentes – infância, adolescência e adulta -, eu não poderia ser uma pessoa ‘normal’. Minha professora de português já havia vaticinado:

“Airton, você tem ‘veia’… você será escritor”!

Eu acreditei nela. Em meados daquela década, resolvi escrever a minha própria estória de caubói!

A obra foi gestada no ano 1977 quando eu servia o exército. O parto aconteceu no mês de julho daquele ano. Nos meus turnos de guarda nas guaritas do quartel e do Paiol, em três semanas escrevi a historia do caubói Jeff, em um caderninho espiral. Dez anos depois, quando trabalhava como escrivão em Silvianópolis, datilografei a historia na máquina Olivetti línea 88 da delegacia. O original esteve guardado desde então. Meu primeiro e único livro de caubói tem um título bem original:

 

“Jeff… O Homem do Chapéu Furado”.

 

A historia se passa em Carson City, uma pequena cidade do norte do Texas nos idos de 1870. Um jovem chega à cidade no final da tarde e na mesma noite, no saloon, manda um pistoleiro de estopim curto para o andar de baixo. Apesar do assassinato, no dia seguinte o forasteiro se torna auxiliar do xerife da cidade. A estrela no peito vai facilitar a missão secreta do caubói na cidadezinha dominada por uma violenta quadrilha de malfeitores.

Depois de 46 anos finalmente resolvi presentear os leitores, como eu, aficionados em histórias de Faroeste. Mas é só para quem gosta de histórias de caubóis. Se você não gosta, ocupe seu tempo com outra leitura, pois, tempo é a terceira maior riqueza que Deus nos deu. Devemos usar nosso curto tempo na terra para fazer ou apreciar aquilo que gostamos!

“Jeff… O Homem do Chapéu Furado” será publicado semanalmente aqui no Blog e no face do Blog, em onze capítulos.

Eu o desafio, caubói… Saque rápido e boa leitura!

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