Um tiro à sangue frio…

O assassino puxou o gatilho para mostrar o desprezo que tinha pela vida!

” Sem entender a ordem, o meliante ‘cara de tartaruga’, deu alguns passos e parou ao lado da cadeira que prendia o garoto. Cruzou os braços e continuou de cara fechada esperando nova ordem. Popota continuou a chorumela…

– Olha para esses dois na beira do rio, doutor Renato… Totalmente fragilizados e indefesos. Se eu der um tiro na cabeça de cada um agora, considerando que o nível do rio está baixo, com sorte, pode ser que amanhã mesmo os bombeiros achem seus corpos. Eu pergunto: qual a diferença entre um e outro diante de uma bala?

Renato se remexeu no tosco toco de madeira. Entendeu a pergunta e sabia a resposta, mas preferiu se fazer de desentendido, e tentou mudar de assunto.

– A diferença está no coração da pessoa que puxar o gatilho – falou.

– Resposta errada doutor Renato… Quer ver?

Popota abriu o tambor do Taurus, conferiu as seis balas, girou o tambor com a mão esquerda e antes que parasse de girar fechou o tambor com violência, esticou o braço, apontou lentamente na direção dos dois homens na beira do barranco e… puxou o gatilho!

Renato sentiu o suor escorrer por baixo da camisa. O coração veio à boca. Tentou levantar-se, mas o cano ainda soltando fumaça virou-se para a sua direção…

Tortuga arregalou os olhos, tentou descruzar os braços, mas… Já era tarde! O projetil quente penetrou no triangulo entre o nariz e as sobrancelhas! A tentativa de um movimento desesperado para se defender ou para fugir, afastou ligeiramente seus pés do chão tornando-o mais leve, arremessando-o para trás. Somado o movimento instintivo de defesa ao impacto do projetil, o corpo pesado do bandido voou no ar e mergulhou de braços abertos, de costas, nas águas turvas do rio. Após soprar a fumaça do cano do trabuco, Popota falou com naturalidade:

– A diferença doutor, é que ninguém vai sentir falta dele… Ele é descartável!

Renato estava aturdido. Mas encarou o bandido.

– Você atirou no seu amigo só para mostrar a diferença entre uma pessoa e outra? – perguntou.

– Não só por isso. Atirei por três motivos. Primeiro: ele era ‘talarico’! Segundo: ele não era meu amigo! Era só companheiro de caminhada. Terceiro: Ele era descartável. Ninguém vai notar a falta dele. Nem os ‘parças’ dele vão perguntar o que aconteceu com ele. Agora olha para o seu meninão…”

 

Esse pequeno trecho é parte integrante do romance policial de Airton Chips:

“UMA VIAGEM QUE NÃO CHEGOU AO FIM”.

O livro está disponível no site da ‘Editora Dialética’ ou, através do WhatsApp 35 9.9802-3113.

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