Mas os traficantes continuam à margem da lei!

Aviõezinhos do trafico aterrissam aqui…

Com o cerco da policia se fechando cada vez mais em torno dos traficantes formiguinhas, proliferam os aviõezinhos do trafico. A cada dia que passa surgem novos traficantes ‘dimenor’. Eles são aliciados nas proximidades das ‘bocas de fumo’ e logo abrem suas biqueiras. Circulam de um lado a outro da rua com pinta de ‘João sem braço’ e as vezes fazem ponto numa esquina, sempre perto de um muquifo ou de um terreno baldio onde podem manter pequenos estoques de drogas enterrados, e deixando na algibeira apenas umas poucas barangas para o caso de serem pegos, o prejuízo ser menor. Aliás, o único prejuízo do aviãozinho quando é preso, é a perda da droga apreendida!

A iniciação do ‘dimenor’ no trafico formiguinha se dá por vários motivos. Um deles é que, segundo Rousseau, o “homem é produto do meio”. Se ele cresce em um ambiente de violência, crimes e drogas, por falta de opção, ele tende a cometer os crimes que vê à sua volta. Inclusive, não acha que esteja cometendo crime! Para ele isso é natural. Aliado a isso está o fato de que distribuir drogas nas ruas não tem consequências… Como são inalcançáveis pela lei antidrogas, se forem pegos com a boca na botija, “da nada, não”! Corroborando com esse destino ingrato, cruel e sem futuro, não bastasse a falta de opção em auferir algum ganho para a subsistência, o adolescente é impedido, por lei, de trabalhar. Sem a possibilidade de obter um emprego formal, de meio período, até mesmo para completar o tempo ocioso que não está na escola, o adolescente acaba buscando no tráfico de drogas a opção, única, para obter alguns trocados. E acabam trabalhando em tempo integral sem tempo para os estudos. É sabido que empregos não se encontram dançando sorridentes de braços abertos nas esquinas, nem para os adultos mas, sem estudo e impedidos por lei de trabalhar, os empregos sequer acenam no horizonte.

… ou aqui!

Com isso, resta aos adolescentes, que já não gozam da atenção necessária dos pais, buscar na rua a amizade, o relacionamento com pessoas inescrupulosas que visam apenas o vil metal. À policia resta a ingrata missão de enxugar gelo apreendendo menores infratores que meia hora depois voltam ao local do crime ainda mais fortes, pois venceram a lei. A policia ‘não pode’ com eles!

Exemplos dessa situação caótica, que mais adiante redunda em despesas para o Estado, tendo que gastar mensalmente cerca de três mil reais para manter o ‘dimenor’ que cresceu atrás das grades quando ele finalmente se torna adulto e é alcançado pela lei, temos aos montes todos os dias.  É raro o dia em que a policia militar de Pouso Alegre não abate um aviãozinho nas intermináveis biqueiras moveis da Baixada do Mandu. Mas. Como dito acima, “dá nada, não”!

Nesta terça-feira, 27, a pM abateu mais dois aviõezinhos:

M.G.M., 15 anos, foi abordado na velha Rua Sapucaí. Ele mantinha na moita diversos patuás de pedra bege fedorenta, as quais, segundo ele, seriam vendidas a R$ 40 cada uma. Embora a policia saiba que a droga pertence ao seu “patrão”, o “dimenor! Jurou de pés juntos que a droga é dele mesmo.

C.E.T.L., 17, foi abatido na trav. Abrão. Ele estava confortavelmente sentado na esquina a poucos metros da moita onde mantinha sete pedras de crack. Dependendo do cliente, o aviãozinho nem precisaria se levantar … o cliente poderia usar o sistema ‘self-service’ e fazer o pagamento no caixa na esquina!

A maioria dos aviõezinhos, quando não morrem precocemente como  Keverson – executado com um tiro na nuca em outubro passado – progridem, deixam as ruas da baixada… E passam a entregar a droga em domicilio, como BJ, que depois de três prisões em flagrante, está preso por trafico desde 2015.

Além dos dois aviõezinhos de ontem, a PM prendeu um destes meliantes que ao deixar a menoridade penal, ‘progrediram’, ‘evoluiram’, deixaram de ser aviõezinhos e, passaram a distribuir a droga em domicilio!

Walisson Nogueira da Silva, o “Marreta”, 28, foi abordado na porta de sua casa já com o capacete na cabeça se preparando para fazer mais uma entrega. Na algibeira havia três pedras beges fedorentas. Na casa dele havia mais:  dois pacotes com 20 pedras cada um!

Marreta, que morou capital do Estado e já furtou o próprio irmão para comprar drogas, sentou ao piano, assinou o 33 e foi se hospedar no Hotel do Juquinha.