Quem vai para os bairros São João, Guadalupe, Jardim Brasil, Vista Alegre e Amazonas, entrando pela Remonta, tem duas opções: Rua Tres Corações, ou Rua Piranguinho!
A velha Rua Piranguinho tem casas só do lado direito sentido bairro… Do lado esquerdo existe uma restinga de arvores ornamentais, entre a Piranguinho e a rodovia MG 290.
Um dos vizinhos construiu ali sob as arvores um tosco banco de madeira. Moradores e aposentados sem ocupação, costumam ficar horas ali, observando o movimento da rodovia MG 290.
Seu Antônio, 79 anos, é uma dessas pessoas que costumam passar horas no banquinho de tabua contando os carros que vem e vão para Borda da Mata! Gordinho como todo aposentado, singelo, fisionomia típica da gente do Pantano ou Estiva, semblante doce… O tipo do vovozinho que todo criança gostaria de ter! Ele tem vários filhos. Um deles tem uma oficina mecânico no bairro ali perto.
No final da tarde de quinta, seu Antonio estava, como de costume, sentado no “banquinho do ócio”, quando um carro parou atrás dele. Antes de descer do carro o passageiro tirou um cheque no bolso e falou:
– Seu Antônio… Eu fui pagar uma conta na oficina do seu filho Fernando ali embaixo, mas ele não tinha troco…! Ele pediu para o sr. descontar este cheque de dois mil e cobrar aqui os R$ 700 que eu devo para ele!
Seu Antônio, velhinho ‘bão’, honesto e sem maldade, nem pestanejou! Enfiou a mão na algibeira da calça larga, sacou um pacote de notas de 50 e 100 amarradinhas com elástico, começou contar e… Zaz! O moço que enquanto conversava havia descido do carro, deu um safanão na sua mão, pegou o maço inteiro de notas, entrou no carro e saíram cantando pneus rua abaixo! Quase atropelaram duas sobrinhas do seu Antonio que iam passando. Em menos de um minuto a dupla de ladrões de velhinhos virou a esquina e dobrou a serra do cajuru deixando seu Antônio só com o cabo do guarda chuva na mão!
Na sexta estive – no quase bucólico – local do crime! Seu Antônio estava lá como sempre e contou como foi…
– Mas porque o Sr. mantinha tanto dinheiro assim no bolso?
– Ah, é costume, né! Não me ajeito com banco, não…
– Levaram todo os dois mil reais, seu Antônio?
– R$ 2.650… La em casa tinha mais! A sorte que não ‘tava’ tudo na ‘gibeira’ ontem! Senão tinha ficado sem nada…!
– E o Sr. continua carregando dinheiro no bolso?
– Não. Hoje cedo as ‘fia’ pegaram e levaram tudo pro banco!
Ah, “bão”!
A policia ainda não tem pistas da dupla de ladrões de velhinhos indefesos. Mas, como o leitor pode perceber, eles conheciam o Sr. Antonio, seus hábitos e seu filho…! A policia tem o ‘fio da meada’. Portanto a batata está assando pra eles!