Quatro horas da manhã na gelada Camanducaia. A alguns quilômetros dali, no jovem Distrito de Monte Verde, que sustenta a velha cidade com o dinheiro do turismo, a temperatura já havia chegado a zero.
Na bi-centenaria cidade às margens da Fernão Dias a temperatura estava prestes a subir! Kilder, Danilo e suas namoradas Camila e Tatiane estavam jogando conversa fora e suco de cevada para dentro, no Bar do Ze Flor…! Para se proteger do frio, baixaram as portas! De repente uma das portas se levantou de supetão e dois novos clientes entraram… Não eram clientes comuns. Não queriam loiras geladas, suco de gerereba petiscos ou caldinho de feijão! Queriam dim-dim!
Cada um brandia uma ‘lapiana’. O primeiro sacou uma faca de açougue, encostou no pescoço de um cliente e o outro que levava uma faca de cozinha passou a fazer a coleta… Dinheiro, celular…! Quando o mais novo, o da faca de cozinha foi para trás do balcão recolher a bufunfa do caixa, o outro resolveu baixar a porta do bar por onde entraram, para ficarem mais à vontade!
Foi neste momento de distração que perderam o controle da situação…! Aproveitando a deixa o medico que estava com o pescoço perto da facona branca agarrou o braço do primeiro assaltante, lutaram e o desarmou! No mesmo instante os demais dominaram o segundo assaltante e tomaram sua faca de cozinha! O da faca de açougue, vendo-se desarmado, conseguiu passar sebo nas canelas e dobrar a serra do cajuru. O ‘auxiliar’ de cozinha foi desarmado, dominado e entregue de mãos beijadas aos homens da lei.
Ao receber as pulseiras de prata o jovem assaltante Gabriel Heleno da Silva, morador da vizinha Itapeva, ainda tentou tapar o sol com a peneira para fugir das malhas da lei…
– Eu sou ‘dimenor’, ou sou ‘dimenor’… – choramingava ele!
Teria consegui se não fosse a boa memoria e os arquivos da policia de Camanducaia. Apesar da pouca idade a foto do artista está no álbum da policia há anos… Furtos, roubos e uso de drogas. Gabriel havia completado 18 aninhos na quarta feira dia de São Joao, três dias antes do malfadado assalto no Bar do Zé Flor. Que aliás, para os assaltantes não é flor que se cheire!
Uma façanha no entanto, Gabriel conseguiu… Manter o código dos ‘parças’ incólume! Não dedurou o parceiro da faca grande!
– Eu nem conheço o cara… Eu ia passando na rua, ele me chamou para fazer a fita. Nunca vi o cara mais gordo! – Contou o fracassado assaltante, sem ficar vermelho!
Depois de assinar o 157 na Delegacia Regional de Pouso Alegre, Gabriel Heleno pegou o Taxi do Magaiver e voltou pela Fernão Dias… Mas passou direto por Camanducaia, por Itapeva e foi se hospedar no velho Hotel de Extrema!