O velho ditado que diz que em briga de marido e mulher, quem mete a colher pode arrumar inimizade, cadeia ou cemitério mais uma vez se confirmou. Desta vez no inóspito bairro São Benedito em Santa Rita do Sapucaí.
Depois de tentar separar uma briga de casal, o jovem presidiário Eliézer Gregório Fidelis, 28 anos foi pra casa. Às duas da manhã o suposto brigão foi até lá acompanhado de outros dois para tirar satisfações. Segundo o pai da vitima, o cidadão, que é padrasto de outro presidiário, insistiu muito para que seu filho saísse à rua;
– Ele ficou um tempão desafiando meu filho, chamando ele pra rua… – contou o pai.
Ao aceitar o desafio e sair pra rua, Eliezer foi atacado a golpes de faca. Recebeu ao todo, segundo o Instituto Medico Legal de Pouso Alegre, 36 golpes de lapiana. A maioria deles nos braços e mãos na tentativa de defender-se. O moço que havia separado briga de casal foi levado ainda com vida para o Pronto Socorro do município antes mesmo da chegada da policia, mas não resistiu aos ferimentos.
Nascido no “Abecê Paulista” em 1985, Eliezer mudou-se para o interior de Minas, talvez para esquivar-se da violência dos grandes centros, mas não conseguiu. Em 2005 o jovem torneiro mecânico conheceu as pulseiras de prata da policia mineira e andou pela primeira vez no taxi do contribuinte… Havia assaltado um ônibus da empresa que eventualmente o levava para casa no extremo norte da cidade. Tomou gosto pela coisa alheia! Desde então cometeu mais de meia dúzia de crimes contra o patrimônio. Tudo crime ‘paia’… No total dos furtos e roubos não faturou sequer mil reais. E não cometeu mais crimes porque as sentenças começaram a descer. Em quatro dos processos recebeu 14 anos e dez meses de cana. Desde então, além do Hotel Recanto das Margaridas, Elizer, conforme era chamado pelos colegas de caminhada na cadeia, conheceu as penitenciaras de Tres Corações e outras quatro da região metropolitana de Belo Horizonte tais como Nelson Hungria, Dutra Ladeira, Jason Albergaria e Ribeirão das Neves.
Apesar da liberdade tolhida até 2019, desde abril do ano passado Elizer cumpria prisão domiciliar! Foi da residência do pai no bairro São Benedito que ele saiu à rua para enfrentar o desafeto furioso e recebeu 36 golpes de faca que o levaram para o cemitério.