Você acredita no velho ditado: “Ladrão que rouba ladrão, tem 100 anos de perdão”? Os cidadãos Paulo Ramos Pereira e Antônio Carlos de Almeida e seu filho A.C. acreditaram… E se ferraram!!!
Na manha ainda adolescente de terça o motorista Almir Barbosa da Silva, 42, pegou o volante o ‘toco’ VW na cidade de Guarulhos e partiu rumo Betim-MG onde faria uma entrega de televisores Phillips na loja Wal Mart. Seguia ele belo e formoso pela Fernão Dias já pensando nas cabeludinhas que deixara em casa em São Jose do Campos, especialmente na “cabeludinha do meio”, quando, ao diminuir a marcha para passar pelo radar no KM 884, percebeu que o caminhão Iveco branco emparelhou e o passageiro dava sinais para encostar. No inicio Almir pensou que fosse brincadeira de estradeiros! Mas ao ver o cano escuro de uma pistola apontando para sua cabeça, se deu conta de que a coisa era séria. Seguindo orientação da pistola de cano escuro, Almir ligou seta e entrou numa estradinha vicinal logo adiante e parou a pouco mais de cem metros da Fernão Dias. No local havia um Fiat Palio verde com dois ocupantes esperando por eles. Sob ordens de ficar pianinho com direito a olhar apenas para o próprio umbigo, Almir ficou na boleia do caminhão, enquanto os próprios assaltantes faziam o transbordo da carga para o bauzinho Iveco. Tudo durou menos de vinte minutos. Vinte e poucas TVs ainda continuaram no baú VW de Almir, pois não cabiam no caminhão dos assaltantes.
Feito o transbordo da carga roubada os assaltantes colocaram Almir no Fiat Palio, repetiram o conselho de continuar o namoro com o próprio umbigo, pegaram a Fernão Dias, seguiram até o próximo retorno, contornaram e seguiram rumo à São Paulo. Meia hora depois entraram por uma estrada de terra, rodaram cerca de um quilometro e se despediram do motorista, agradecendo sua boa conduta. Duas horas depois do roubo da carga, o motorista do caminhão de TVs conseguiu chegar a um posto de gasolina na Fernão Dias e fazer sintonia com a empresa dona da carga e contar que as TVs estavam fora do ar!
Enquanto isso, o caminhão com vinte e poucas TVs continuava abandonado, aberto, por conta do Abreu na estradinha vicinal no bairro Boa Vista, vizinho do bairro Lagoa, perto de Estiva…
Ao passar pelo local e ver o caminhão aberto com aquele tanto de TV, os cidadãos Paulo Ramos Pereira e Antônio Carlos de Almeida e o “Dimenor” A.C. Almeida, cresceram os olhos e resolveram ‘adotar’ as TVs. E começaram leva-las para casa ali perto. Antes porém de leva-las direto para casa, eles pensaram:
– Deve ser carga roubada! Se a policia aparecer e resolver investigar e achar as TVs na nossa casa, vai dar manchete policial!
E um deles teve uma brilhante ideia:
– Vamos amoitar as TVs… Depois que a policia for embora a gente leva as TV para casa…
E assim fizeram. Levaram quase uma dúzia de televisores novinhos para o mato e esconderam em locais diferentes. O “dimenor” A.C., conhecedor de sua condição de inimputável criminalmente, – hoje em dia todo cidadão conhece seus direitos! Só não consegue aprender seus deveres!!! – foi mais insensato… Levou uma TV 42 polegadas para casa, instalou e foi curtir a Sessão da Tarde.
Comunicado o roubo de carga à PRF, e, seguindo o rastreador de satélite, não tardou os homens da lei chegaram ao caminhão roubado e ao restante da carga abandonada. Como a res furtiva estava fora da jurisdição da PRF, a policia militar de Estiva também compareceu ao local. Ao fazer uma varredura nas imediações buscando possíveis pistas dos assaltantes, os policiais encontraram os aparelhos de TV furtadas dos ladrões! Duas aqui, duas ali, outras acolá no meio do mato! Curiosos para saber quem teria escondido as TVs no meio do mato deserto, os policiais de Estiva armaram a arapuca… Plagiaram o sambinha dos Originais do Samba: – ou seria Demônios da Garoa? –
“Se ocês pensa que nóis fumo imbora…! Nóis inganamo oceis… Nóis fingimo que fumo e ‘fiquemo’…, ói nóis aqui traveis”!
Algumas horas mais tarde, quando a noite estendeu seu negro véu e todos os gatos se tornaram pardos, os artistas Paulo Ramos Pereira e Antônio Carlos de Almeida entraram em cena. Quando chegaram ao mato onde haviam deixado as TVs mocosadas, lá estavam os artistas da lei esperando também para entrar em cena! E lhes apresentaram as pulseiras de prata! Dois artistas coadjuvantes conseguiram dobrar a serra do cajuru!
Levados para a DP no taxi do contribuinte o trio de artistas de TV do bairro Lagoa sentou ao piano e assinou o 180. O cachê foi barato: R$ 1 mil reais de fiança para cada um!
Por um bom tempo os artistas de Estiva não vão querer aparecer na TV…! Eles aprenderam que roubar de ladrão… Não tem perdão!