“Enquanto os cães ladravam, a carruagem passava”…
Um belo dia, no inicio de março de 2012, o delegado chefe da Especializada de Combate ao Trafico de Drogas de Pouso Alegre, Gilson Baldassari, apresentou ao homem da capa preta um dossiê recheado de provas do envolvimento de 35 homens e mulheres com o ilegal e nefasto comercio de drogas na cidade e região. E pediu autorização para prendê-los. O experiente e zeloso homem da capa, Walter Jose Vieira, que antes já havia autorizado a investigação, expediu o mandamus. Um a um, sem alarde, os 35 membros da quadrilha do Fabão foram sendo apresentados às pulseiras de prata. O chefe do bando foi um dos primeiros… Mas exigiu dos intrépidos detetives mineiros um plano ardiloso e corajoso! Gato escaldado que é, ele já havia percebido que a maré não estava para peixe… Mesmo para um tubarão como ele! E foi dar um tempo numa favela em São Paulo.
Numa tarde quente de março um mendigo sentou numa escadaria suja no meio da favela e passou horas ali comendo sanduiche de mortadela com coca-cola quente enquanto observava tudo à sua volta. Quando Fabão colocou o bigode e um saco de lixo para fora, o mendigo enfiou a mão na sacolinha de sanduíche e de repente uma pistola .40 apareceu na sua mão direita! Na esquerda apareceu um par de pulseiras de prata…! Pensando que estava sendo assaltado pelo mendigo; que ficaria sem seu saco de lixo, Fabão titubeou… Em poucos minutos outros mendigos que rondavam a favela chegaram com o taxi do contribuinte disfarçado e arrastaram Fabão para a DP de Pouso Alegre!
A ousada prisão do ‘patrão’ do bando em plena favela paulistana desencadeou o efeito dominó! Nos dias seguintes um a um os ‘empregados’ do trafico foram caindo nas malhas da lei. Nem era preciso encontrar com eles a prova do crime. As prisões já estavam autorizadas. Suas nefastas atividades já estavam comprovadas pelo “Ze Coruja”! Mesmo assim alguns caíram segurando a galinha dos ovos de ouro. Anderson Leopoldino de Lima, o “Periquito”, menino que vi crescer jogando futebol na Escolinha do João Cavalo e que depois de crescido jogava no time – de futebol – da policia, foi um deles! Confiando na amizade de alguns policiais – os quais ele vendia a reputação por muito menos de 30 moedas! – ele mantinha um quilo de farinha do capeta em casa. Mesmo assim, quando Teobaldo pulou a janela de sua casa, ele foi se esconder debaixo da cama do pai enfermo! Mas teve as asas cortadas!
Um dos últimos peixes da quadrilha do Fabão a cair na rede foi Giuliano “Pacu” Evaristo! Percebendo que a agua havia sujado, ele foi se esconder nas tabocas do Rio Sapucaí no Paraiso dos Pescadores. Ali seria mais difícil apresentar-lhe as pulseiras de prata… Por causa das aguas turvas e dos enroscos do rio! Mas, como não havia pressa, os detetives deixaram o barco correr. Não tardou Pacu voltou pra lagoa, quero dizer; para sua matriz na Rua Nova, no velho Aterrado. Estava lá espantando pernilongo, já que a clientela assustada com a enxurrada de prisões dos últimos dias havia se afastado, quando os homens da lei passaram o arrastão. Pacu foi pescado no dia 23 de abril, quase um mês depois da prisão da maioria do bando.
Prisões de traficantes acontecem todo dia. O que chama a atenção para a investigação e prisão da Quadrilha do Fabão ano retrasado é o quantum da pena aplicada a cada um dos facínoras! O dossiê montado pelos detetives durante meses é tão extenso que o Juiz teve que desmembrá-lo e julgá-lo por etapas. E, à exceção de Jerry Diego dos Santos Tume – condenado apenas como mula – todos os demais julgados até agora foram enquadrados nos artigos 33 – Trafico, cuja pena vai de 5 a 15 anos; 35 – Associação para o trafico, com pena de 3 a 10 anos, e 40, que prevê aumentos de até dois terços da pena por se tratar de trafico organizado e realizado entre Estados da Federação.
Quinze dos trinta e cinco receberam suas sentenças no dia 15 de julho. Outros 20 ainda aguardam julgamento… Atrás das grades! Na primeira leva de sentenças, a maior naturalmente foi a do chefe:
Fabio Ricardo “Fabão” da Silva… 18 anos e 8 meses.
Os outros pegaram canas mais modestas:
Maycon Silva Candido… 15 anos, 6 meses e 20 dias.
Rogerio Felipe “Lelinho” dos Santos… 15 anos, 6 meses, 20 dias.
Adriano Gomes “Boy” Casarini… 15 anos, 6 meses e 20 dias.
Juliano “Pacu” Evaristo… 15 anos e 6 meses
Fernando Jorge “Paulista” de Oliveira… 13 anos e 4 meses.
Jarlan “Jota” Souza Costa… 13 anos e 4 meses;
Ronan “Gordinho” da Silva Santos (irmão do Maycon)… 13 anos e 4 meses;
Jaqueline Aparecida Domingos… 13 anos e 4 meses;
Flavia Pereira da Silva (mulher do Fabão) a ‘contadora do bando’… 10 anos e 8 meses;
Thiago Silva Araujo “Thiagão”… 10 anos e 8 meses;
Alessandra Bueno “Garrafinha” Barroso… 10 anos e 8 meses;
Michel de Oliveira Teixeira… 10 anos e 8 meses;
Rafael Marcossi “Raquete” Borges… 10 anos e 8 meses.
Douglas Negão, Fael, Juliana, Lelo*, Pequeno, Patola, Pescoço, Ze Mario, Du, Corintiano – tinha que ter um corintiano no bando! – Danoninho, Sudario, Periquito, Deivinho, Gambá, Camilinho, Biza, Ney, Pablicio e Bolinha continuam atrás das grades à espera da sentença. Se todos forem enquadrados nos artigos 33, 35 e 40 da famigerada Lei 11.343, ainda que peguem a pena mínima, a cana do bando do Fabão pode passar de 400 anos!
Wellington Vieira de Souza, o “Lelo” não precisa ter pressa de assinar sua sentença pelo crime de trafico. No inicio do mês passado ele sentou no banco dos réus por um latrocínio cometido na madrugada do dia 27 de fevereiro de 2005, na Boate Love Nigth em Pouso Alegre… Pegou 14 anos, 5 meses e dez dias!
Para os traficantes de plantão e simpatizantes – Sim! Há muitos simpatizantes dos distribuidores de drogas, que acham que a policia não deveria interferir no seu ‘livre comercio’ – serão um choque estas penas tão altas. Eles esperavam o de sempre: 5 anos e meio de cana para os réus primários e no máximo uns 7 anos para os cabeças da organização criminosa!
As penas aplicadas aos membros do bando do Fabão, além de trazer um alento para a sociedade que vê seus filhos se definhando na nóia; além de ressuscitar a crença na justiça, motiva a policia a continuar seu hercúleo e ingrato trabalho de combater – com tão poucos recursos! – o crime. São poucos policiais na Regional de Pouso Alegre. Menos do que tinha há dez anos. Nos últimos 24 meses, 18 investigadores se afastaram para a aposentadoria. O concurso com duas mil vagas anunciado pelo Estado no inicio do ano passado foi aberto há dois meses – com apenas mil vagas – e até o momento somente o primeiro passa foi dado: a inscrição dos concursandos! Mesmo assim a bi-centenária Policia Civil – criada em 1808, mesmo ano em que o ratão, digo, covardão, quero dizer Rei Dom João VI fugiu de Napoleão para não ter que lutar contra ele e veio se esconder no Brasil e posteriormente roubar nosso ouro – cujas atribuições são quase totalmente desconhecidas da população; lembrada muito mais pelos deslizes – raros – de alguns de seus policiais do que pela sua atuação no combate ao crime; quase sem ser vista na rua, continua desempenhado – e muito bem – o seu papel. Mesmo à revelia do reconhecimento da sociedade e do próprio Estado que, diante de reivindicações merecidas e justas da instituição sempre esperneia para concedê-las, os abnegados PCs mineiros continuam seu serio e produtivo trabalho que, como este, culminou com o afastamento exemplar e longo de um grande numero de criminosos do meio social. Apesar “de”, a gloriosa PC mineira segue avante no combate ao crime… Muito mais pelos princípios e ideais dos próprios policiais do que pelos da instituição que pouco sorri pra eles! Com isso a sociedade pode dormir até mais tarde …!
Aos nossos estimados leitores, especialmente àqueles que navegam por este site diariamente “para saber o que a policia sabe sobre eles”, um lembrete: No mundo do crime é assim; o meliante pode vencer muitas batalhas… Mas sempre perde a guerra!
*** Abrace seu filho… Não deixe que as drogas o abracem!***
* Os “meninos” ja estão começando fazer as malas… Devem chegar em poucos dias!
Vc foi muito bem em sua matéria porém errou em querer ligar torcedores de um time dando a entender que todos que torcem pra aquele time e bandido.” Du, Corintiano – tinha que ter um corintiano no bando!” Pq vc não faz uma pesquisa então entre todos que estão presos pois vc verá que tem bandidos de todas torcidas não só apenas do Corinthians que vc cita na sua reportagem.
Olá Wesley,
Desnecessário fazer a pesquisa… Eu, voce e todos os leitores sabemos muito bem que existe pessoa boas e pessoas ruins em todo lugar e nas torcidas de qualquer time!
Bom dia.