Diferentemente do foi dito pela imprensa, inclusive aqui no blog, a prisão do suspeito Cristiano Sana dos Santos, o Kiki, na ultima quarta feira com autorização do Homem da Cara Preta, não fora ‘preventivamente’ e sim ‘temporariamente’. A diferença é imensa. A prisão preventiva ocorre quando já existe a comprovação da autoria do crime… A temporária, quando há informações e suspeitas. O Juiz autoriza a prisão justamente para que a policia possa deter e interrogar o suspeito. A prisão preventiva pode durar até o julgamento do caso ou até quando o juiz achar necessário sua manutenção, baseado em vários requisitos… A temporária geralmente dura 5 dias, podendo ser prorrogada para 10 ou mesmo se transformar em temporária se for confirmada a autoria.
A prisão de Cristiano Kiki na ultima quarta tinha caráter temporário, pois segundo investigações da delegacia de homicídios, ele fora visto no local do crime, próximo à sua residência, com outros nóias, e na manhã ao encontro do cadáver de Lucas, ele desaparecera do bairro, bem como alguns pertences do morto. Em seu depoimento Cristino Kiki negou ter matado o jovem Lucas, mas estava no local do sinistro e como todo bom cabrito, não berrou… Não disse ao delegado o nome do assassino.
A policia civil continuou investigando e chegou ao nome do cidadão Renan Augusto Dias da Silva, que até a data do funesto crime ocupava um casebre próximo ao local do assassinato, onde, segundo informações da delegacia de Combate ao Trafico de Drogas, funcionava uma “biqueira”…! Desde a sangrenta madrugada do dia 05 de maio, a biqueira fechou as portas e seu ocupante dobrou a serra do cajuru. No entanto, sabendo que a policia sabia “o que ele havia feito no ultimo verão”, e que, chegar a ele seria questão de tempo, Renan resolveu se antecipar. No final das tarde desta segunda, naturalmente com seu causídico à tiracolo, ele apresentou-se espontaneamente ao delegado de homicídios Renato Gavião em Pouso Alegre e contou sua versão dos fatos.
– Fui eu que matei ele doutor… Mas foi para me defender! No dia 3 de maio ele parou perto da minha casa e pediu dez reais para comprar uma pedra, pra gente queimar junto. Eu dei e ele não voltou mais. No dia seguinte eu levantei ao meio dia e passei a tarde toda bebendo, fumando maconha e cheirando farinha… Na virada da noite eu sentei na calçada em frente minha casa e estava lá quando Lucas passou! Aí eu fui tirar satisfação com ele por causa dos dez reais… Nós discutimos e ele falou que não ia me devolver…
– Por isso você o matou?
– Ele estava usando crack naquela hora, doutor, e eu também estava sob efeito de drogas! Aí quando ele abriu o porta malas do seu Escort e saiu com mão por baixo da blusa, eu pensei que ele estava armado e me defendi dando as facadas no peito e na barriga…
– Onde você pegou a faca usada no crime…?
– Antes de sentar na calçada eu já peguei a faca e coloquei na cintura para me precaver… A rua é cheia de nóias que fica usando drogas em frente minha casa…!
– O que você fez com a faca?
– Eu enterrei no quintal… De manhazinha fui pra casa do meus pais em Itajubá!
– E quanto aos pertences do Lucas, o celular e o tênis…?
– Os noias que estavam por perto devem ter pegado…
– Qual a participação do Kiki no assassinato?
– Nenhuma. Ele e outros nóias estavam ali só usando drogas, mas ele não teve participação. Ele só falava para ‘largar mão daquilo’…!
Renan Augusto Dias da Silva, 21 anos, diz que é usuário de drogas desde o 13 anos, é amasiado, tem uma filha de 6 anos e um filho de 1 ano e oito meses e trabalha “eventualmente’ na transportadora ‘Log Trans’. Como apresentou-se espontaneamente à justiça, tem residência fixa e não possui antecedentes, ele foi ouvido e liberado. Se não houver ordem em contrario do Homem da Capa Preta, ele aguardará o julgamento em liberdade.
Contou-me no final da manhã desta terça o delegado Renato Gavião, que ainda hoje oficiará ao Juiz Criminal pedindo a suspensão da prisão de Cristiano Kiki, o qual deverá retornar brevemente ao Beco dos Noías.