O cidadão que for à delegacia de Policia de Pouso Alegre ou de qualquer outra do Estado de Minas Gerais nesta quarta feira ultimo dia de abril, vai encontrar todos os delegados lá… E poderá conversar com eles sobre a volta de Levir Culpi ao Galo; sobre a volta por cima do Tricolor Carioca que, salvo do rebaixamento por um golpe baixo do advogado da Portuguesa no ano passado, lidera sozinho o Brasileirão 2014; poderá falar sobre a Dique II que ficou parada cinco meses esperando um figurão do PT para inaugurá-la no dia 5 de maio; sobre o desleixo das pracinhas publicas de Pouso Alegre; sobre a flexibilidade da cauda do jacaré! Enfim, poderá jogar conversa fora o dia inteiro… Menos falar de assuntos policiais! Aliás poderá sim, desde que seja para falar dos assuntos de interesses da policia, não dos seus! É que os delegados estarão em “greve branca”!
Trata-se de um movimento dos delegados da policia civil mineira para chamar a atenção do governo para a valorização de sua classe. Neste movimento que prevê três dias de paralização aumentando gradativamente as horas, os dignos paladinos da lei pedem equiparação salarial com os Defensores Públicos, que ganham o dobro por menos horas de trabalho! E questionam:
“É justo quem prende ganhar a metade do salario de quem solta”?
A greve branca dos delegados teve inicio na semana passada. Na quarta, 23, os ‘manjuras’ ficaram das 14h00 às 18h00 de braços cruzados. Nesta quarta, 30 ficarão das 10h00 às 18h00. No dia 07 de maio ficarão das 08h00 às 20h00. Neste ultimo dia do movimento, se o governo ainda não tiver dado o ar da graça ou ao menos acenado o lenço branco da paz, os delegados aproveitarão o cafezinho das catorze horas na sede do SINDEPOMINAS para avaliar o ‘interesse’ do governo em melhorar a segurança publica do estado, e, discutir novas estratégias para atingir seus objetivos.
– Queremos com esse ato forçar o governo a abrir “pauta de negociações” com a categoria… – Afirmou um dos veteranos delegados da Regional de Pouso Alegre filiado ao SINDEPOMINAS, coordenador do movimento.
Mas não ficarão de braços cruzados. Embora neste período não despachem, não emitam documentos, não conduzam depoimentos, não ratifiquem prisões e não realizem outras atividades exclusivas de sua competência, os delegados estarão nas delegacias, em seus gabinetes, à disposição do cidadão para falar da importância do trabalhado da categoria junto à população. O cidadão que entrar ao gabinete do delegado neste período poderá, por exemplo, além de tomar um cafezinho já pago pelo estado – de qualidade questionável apesar do inquestionável empenho e capricho das copeiras da MGS – saber que o Defensor Publico, aquele mesmo que está defendendo seu filho preso com meio quilo de farinha do capeta há dois meses, ganhará – com o aumento já aprovado para junho – R$ 16.022,94 para trabalhar seis horas diárias cercado de belas estagiarias da FDSM, num gabinete com ar condicionado. E saberá que ele, delegado de policia, que trabalha oito horas por dia para atender o cidadão muitas vezes com o inconfundível perfume de Severina do Popote ou com o pó branco correndo nas veias; que ele, delegado, que desce à baixada ou sobe a favela e abre portas no bico da botina para pegar o touro à unha, ganha R$ 7.970! Mas por quê? se ambos tem que passar o mesmo tempo no banco da escola e adquirir os mesmos conhecimentos jurídicos e provar isso num concurso publico! – Lembrando que o concurso para delegado exige ainda prova de aptidão física e curso preparatório de 720 horas-aula!
Enfim, o cidadão que não tiver seus anseios atendidos nas DPs nestes dias de ‘greve branca’, poderão ao menos conhecer os anseios dos paladinos da lei.