O local, o horário, os personagens, enfim… A cena parece ‘set’ de gravação de um clássico filme policial…!
Nove da noite de sábado numa rua escura da pequenina Bueno Brandão, próximo a um terreno baldio, uma figura soturna, quase fantasmagórica de roupas largas e capuz caminha de maneira desengonçada na direção de outras duas figuras que se esgueiram na penumbra. O primeiro é um “nóia” em busca de uma baranga de pedra, erva ou pó… Os outros dois, um é o “patrão” o dono da droga! O outro, o aviãozinho que faz a distribuição sem cometer crime, pois é imune à lei. De repente na outra ponta da rua escura surge um veiculo só com as lanternas ligadas para não assustar… É a barca dos homens da lei! O trio ressabiado desconfia que pode ser sujeira… Aborta a negociação, aperta o passo e o noia rapidamente dobra a esquina. Avião e patrão tentam dispensar a prova do crime, mas os policiais estão atentos.
– Perdeu, perdeu… – diz o policial
Apenas uma baranga de farinha do capeta permanece na mão do patrão. Outras cinco barangas de cocaína e seis de crack foram jogadas no mato.
– Nóis é usuário, seu guarda… Nóis comprô em Socorro por R$ 100 para usar junto! – Diz o “dimenor” Dieguinho, de 17 anos.
– É isso mesmo, seu guarda, nois ia usar a droga junto – corrobora o “patrão” Deivid Jose Candido, o “Deivão”, 33 anos.
Mas não tem choro e nem vela e nem fita amarela… O filme tem final feliz apenas para “Dieguinho” o Dimenor, que depois de um passeio no taxi do contribuinte até a Delegacia Regional de Pouso Alegre acompanhado da mãe, assina o AFAI e volta para casa. Para Deivão o final do filme é tétrico. Ele assina o 33 c/c 35 e 40 da Lei 11.343 e vai se hospedar no velho, carcomido, abafado e mal-cheiroso “Hotel de Campo Místico” na terra das cachoeiras…