Derrame de notas falsas em Estiva: Dupla de vigaristas foi presa pela PM

Dos crimes de estelionato, o velho golpe da nota falsa parece nunca sair de moda. Ultimamente tem aparecido vários pequenos golpes cá em terras manduanas. Uma onça pintada aqui, uma garoupa ‘pintando’ acolá… A tática dos falsários é comprar um pequeno objeto corriqueiro, de menos de dez reais, pagar com a nota fria e pegar o troco quente.

Na vizinha Estiva uma dupla de vigaristas inovou. Eles andam em um Fiat Uno azul escuro usando chapelão, roupas sujas e botinas, disfarçados de pequenos sitiantes compradores de batata ou morango. Chegam nas casas de pessoas simples da roça alegando que precisam trocar dinheiro miúdo para pagar caseiro ou sanar outro compromisso qualquer. Derramam as notas falsas  e levam o dinheiro bom. As vezes chegam a pagar uma pequena comissão pelo ‘favor’ de trocar o dinheiro.

Foi assim que os respeitáveis ‘sitiantes’ Levi de Souza Pereira e Benedito Augusto da Costa levaram a senhora Maria Benedita Pereira na lábia. Dona Maria, moradora do bairro Boa Vista, entregou a Levi R$ 1,5 mil reais e ficou com R$1,6 mil  em papel que qualquer criança pode fazer em casa, usando um scanner.

Notas de 50 e 100: Falsificação grosseira. Qualquer pessoa consegue fazer em casa usando um simples escanner..

Notas de 50 e 100: Falsificação grosseira. Qualquer pessoa consegue fazer em casa usando um simples escanner..

O golpe aplicado na velhinha de 78 anos aconteceu na terça feira passada e os vigaristas gostaram tanto, acharam tamanha facilidade que nesta terça voltaram ao local do crime. Eles tentavam derramar mais notas falsas no bairro Taperas, quando esbarraram em um cidadão que ouvira falar do caso da velhinha. Ele levou o caso ao vereador do bairro, a policia foi avisada e esperou o Uno azul escuro na saída da cidade. Além de pouco mais de 500 reais em dinheiro bom, a dupla levava camuflada em suas vestes mais de seis mil reais em notas de 50 e 100 que mal pagam o papel em que foram xerocadas.

Usando chapeus, vestindo roupas simples de roceiros em um Uno sujo de barro, eles ganhavam a confiança das pessoas simples da roça...

Usando chapeus, vestindo roupas simples de roceiros em um Uno sujo de barro, eles ganhavam a confiança das pessoas simples da roça…

O falsário Benedito Augusto disse que estava apenas passeando com o amigo. Levi, reconhecido por dona Maria Benedita, contou sem rubor que tempos atrás tinha um bar em São Paulo. Certo dia recebeu uma nota falsa. Ao perceber que havia sido enganado procurou o falsário e este explicou como funciona o golpe. Basta ir à Praça da Sé na capital paulista e comprar um pacote de notas… Dez falsas por uma verdadeira. Desde então ele mudou de ramo. Passou a comprar dinheiro falso para trocar no comercio ou com pessoas ingênuas e fáceis de enganar.

– No povo da roça e mais fácil aplicar o golpe… – Diz Levi.

O crime de moeda falsa é de competência da policia federal. No entanto, nada impede que o delegado estadual enquadre o meliante no crime de Estelionato. Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.  Só por isso a dupla que derramou dinheiro falso na capital do morango já poderia ser autuada em flagrante.

O douto delegado da PCMG, Daniel Leme do Amaral, da Comarca de Cambuí, no entanto foi além, enquadrou os vigaristas no parágrafo 1º do artigo 289 do Código Penal: Moeda Falsa- “Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, (…..) guarda ou introduz na circulação moeda falsa. Pena – reclusão, de três a doze anos, e multa.

Ao fundamentar seu pedido de Prisão Preventiva ao Homem da Capa Preta ele alegou que os vigaristas, de maneira desprezível se aproveitaram de pessoas simples, incultas, de idade avançada, de notória simplicidade, moradoras do bucólico e puro meio rural, para aplicação dos seus golpes. Além do que, a ordem econômica foi violada com a grande quantidade de moeda falsa colocada em circulação, gerando prejuízo por onde passavam.

Estelionatários e vigaristas deste tipo não costumam criar raízes nos presídios Brasil afora. No entanto, com um pedido de PP tão contundentemente fundamentado e com a farta prova do crime apreendida em poder da dupla Levi & Benedito, é de se esperar que eles não voltem tão cedo à Praça da Sé!

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