Imagine um garotinho simples, pobre, sonhador, de 13 anos de idade! De repente ele descobre a famigerada maconha. É o momento de mostrar para as pessoas que ele é mais esperto e mais bem sucedido do que os outros. Só ele consegue usar a erva e ludibriar as pessoas. Os pais, os professores, parentes, a policia nunca irão pegá-lo! Ele é mais esperto. Um único problema: maconha custa dinheiro! Tudo bem, é barato… Cinco reais da mesada aqui, cinco reais que estavam sobre a cômoda ali, e vamos levando. De repente o garoto sente que a maconha já não está mais dando “aquele barato”! Mal está fazendo cócegas! E o garotão ‘esperto’ se dá conta de que maconha é coisa para os fracos! A droga do momento é a “brita”…! Custa cinco vezes mais caro, e daí? É só pegar dez, vinte ou cinqüenta na carteira da mamãe. Ela nem vai perceber…

Não mesmo. Quando percebe não acredita e já é tarde demais. O garotinho sonhador, mais esperto que os outros já esta totalmente dependente das drogas. Já está vendendo a televisão, o aparelho de som, as panelas, e até pacotes de arroz e pó de café para comprar a pedra bege fedorenta.

Tratamento para desintoxicar e curar o vicio? P’ra que. Eu paro quando quiser!

Pára uma pinóia…!

Nem quando estiver com a policia nos calcanhares. Nem quando chegar ao Hotel do Juquinha. Nem quando tiver se prostituindo da maneira mais chula e primitiva possível – só não é tão primitiva porque os colegas na rodinha vão registrar o ato em câmeras de celular para a ‘posteridade’ – Nem quando chegar ao fundo do poço vai parar!

Adilson “Ruan”: Tem que saber perder né, doutor? Vai que os ‘zomi’ dão um tiro em mim …

A vida de Adilson Feliciano da Costa, o “Ruan” seguiu mais ou menos este enredo. Ele fez quase tudo isso. O ladrãozinho ‘pé-de-couve’ de Careaçu conheceu a inocente, perfumada e sedutora ‘erva marvada’ aos 13 anos de idade. Deu uns amassos, se apaixonou… Só rompeu o romance porque ela era muito fraca para ele. A ‘brita’ sim é que é droga de macho!

Há 23 anos Ruan vive entre a droga, os bens alheios e os homens da lei.

Na calada da noite da ultima quinta feira, 28, Adilson Ruan Feliciano entrou numa chácara nos arredores da cidade em busca de alguma coisa alheia que pudesse trocar por drogas. A bicicleta estava na garagem. Mas era coisa pouca. Daria para apenas duas ou três pedras. O caseiro estava dormindo na casa ali perto. O cachorro não disse nada. Ruan arrombou a janela da cozinha e entrou. Não conseguiu encontrar nada que valesse a pena. Pegou uma lanterna e foi embora pedalando a bicicleta furtada. Antes de chegar em casa os homens da lei apareceram do nada e ofereceram ‘ajuda’. Adilson Ruan foi parar no plantão da delegacia regional de Pouso para mais um 155 pé-de-couve duplamente qualificado.

– Fazer o que né, doutor? Eu nem corri. Podia tomar um tiro dos policia! Tem que saber perder, né? – disse ele conformado com a sorte. Mas quer se curar. Aliás, todo meliante depois que cai, depois que está atrás das grades, quer se curar!

– To cansado desta vida, doutor. Desde pequeno roubando, usando drogas, cadeia… Já fiquei uns oito anos preso. Em São Gonçalo, Santa Rita… A pedra acabou comigo! Agora eu quero me tratar… Quero ir para uma casa de recuperação… – Choramingou Ruan, mais de vinte anos de ‘caminhada’, mal fazendo para sustentar o vicio do crack…

A pedra acabou comigo. Não aguento mais… Agora eu quero ir para uma Casa de Recuperação…

Será que “Ruan” vai conseguir se livrar das drogas?