O garotão sentou-se diante da simpática funcionaria num dos guichês da UAI, na Com. Jose Garcia, estendeu a Certidão de Nascimento e reafirmou o obvio desnecessário;
– Quero fazer minha identidade!
– Primeira ou segunda via? – Perguntou a identificadora, pois não é comum, nos dias de hoje, um cidadão fazer identidade depois de barbado…
O que mais chamou a atenção da atenta identificadora, no entanto, foi a via colorida da Certidão de Nascimento. Observando mais atentamente ela percebeu que o documento era copia, porém trazia no rodapé um selo autentico recortado de outro documento e muito bem colado na copia. O documento dizia que o nascido era Carlos dos Santos Pereira, natural de Congonhal, nascido em 23 de julho de 1988. Atenta ao seu mitier, a funcionaria percebeu também que certidões de nascimento de antes de 90, não tinham aquele colorido e concluiu… A certidão que estava à sua frente era falsa. Os homens da lei foram chamados Carlos dos Santos Pereira foi levado para a DP.
Ao sentar-se ao piano do delegado Bruno Lopes, Carlos dos Santos ou quem quer que fosse esbanjou arrogância e ignorância, fincou o pé e fechou a boca. Não queria nem advogado. Apenas jurou que ele… era ele mesmo!!! Não teve jeito… Assinou o 304 e foi se hospedar no Hotel do Juquinha. No dia seguinte seu advogado apareceu com uma nova Certidão de Nascimento. Nela, Carlos dos Santos Pereira virou Carlos Daniel Eustáquio, ganhou novos pais e remoçou cinco anos… nasceu em 23 de julho 1993…!
Qual o motivo da mudança de nome e ano de nascimento?
É que o nome antigo de Carlos existe um mandado de prisão preventiva, expedido pela Comarca de Silvanópolis… Carlos Daniel estava sendo procurado pela policia!!!
Mesmo diante da casa desabada, Carlos “desmascarado” Daniel Eustáquio continuou “firme no arreio”, não abriu o bico, recusou-se a informar ao delegado qual o crime que cometera em Silvianopolis.
… E nós fomos investigar…
Na verdade o crime do falsário aconteceu no município de Espírito Santo do Dourado. Ele trás nas costas um 121 fútil. No dia 21 de agosto do ano passado, Carlos Daniel participou de um churrasco na casa do cidadão João Roberto Moreira, no alto da serra dos Gonçalves. Depois de se esbaldar na loira gelada e encher o pandú, Carlos Daniel teve um entrevero com o dono da casa. Foi embora remoendo a magoa mas voltou logo em seguida, matou o anfitrião e dobrou a serra do cajuru. Dias depois se apresentou espontaneamente ao homem da capa preta em Silvianópolis, contou sua historia e como não estava em flagrante, voltou para casa, em Congonhal, onde morava.
Segundo policiais de Silvianopolis, fora marcada reconstituição do homicídio e quando foram intimar Carlos Daniel ele havia desaparecido. Por isso o Juiz decretou sua prisão preventiva. Para escapar das garras da justiça Carlos Daniel mudou-se para a rua Republica do Uruguai em Pouso Alegre, falsificou uma certidão de nascimento, mudou o sobrenome ficou cinco anos mais velhos e foi ao setor de identidade do UAI oficializar seu novo – e limpo – nome! Tropeçou nas maravilhas da informática e na perspicácia da identificadora e caiu de três nos braços da lei. De três… Uso de documento falso, falsa identidade e homicídio!!!
Naturalmente quando sentar-se no banco dos réus e o promotor de justiça informar aos jurados que Carlos tentou mudar de nome, de idade e de pais para escapar da punição pelo assassinato de João Roberto Moreira, a pena será bem mais pesada!!!