Policia Civil e a evolução da Internet – Treinamento para inclusão no PCNET

Quando trabalhava no CPD da velha 13ª DRSP, recebi a seguinte incumbência do meu chefe:

– A delegacia regional e as comarcas da área acabam de receber computadores, mesas e cadeiras novas. Mas o Departamento de transportes não dispõe de recursos para entregá-las. Preciso que você contrate um caminhão e vá à capital buscar este material. Faça uma ‘vaquinha’ com as delegacias da área para pagar o transporte.

Contratei o Mercedes azul da “Silvio Mudanças” e segui com ele de madrugada, na boleia para BH. Eram os primeiros computadores e mesas e cadeiras decentes que a delegacia regional recebia do Estado. Até então existiam  três micros, um na mesa do delegado Regional, um  na pericia e o nosso, todos usados, recebidos em doação pela comunidade. Era agosto de 1998, últimos meses do governo Eduardo Azeredo.

Naquela época, eu era o primeiro a chegar à Delegacia, às sete da manhã, em busca das principais noticias policiais da noite para divulgar no programa “Direto da Policia” da radio Difusora e no jornal “Sul das Geraes”. Ao manusear os B.O.s, muitas vezes eu descobria que um meliante procurado havia sido detido de madrugada e liberado, pois não existia um banco de dados moderno. Era comum marmanjos sentarem ao piano e alegar que eram “dimenor” e serem liberados. Quando os investigadores – único banco de dados, ambulante – chegavam para o expediente às oito e meia, descobriam que o meliante que andava procurando, passara por ali aquela noite e ‘passara batido’.

O falecido Perfex caiu numa destas ocasiões. Ele foi preso no final da madrugada e alegou que era menor de idade. Quando ele esperava para assinar o procedimento, Teobaldo chegou e ‘informou’ a ele que seu 18º aniversario fora no dia anterior.

Demétrius Antonio de Macedo, o assassino da namorada Anete Garcia Borges, mãe dos irmãos Rodrigo e Reinaldo, escapou das garras da lei numa destas ‘carências’ de internet. Ele sentaria no banco dos réus naquela manhã. Seria julgado pelo cruel assassinato da namorada no Cidade Vergani e sabendo que seria condenado, resolveu dobrar a serra do cajuru. Ao passar próximo da faculdade de Direito com a mala nas costas envolveu-se numa briga. Foi parar ma delegacia de policia. Prestou declarações e foi liberado antes de o dia amanhecer. Nunca mais a policia viu sua cara assassina.

Os tempos mudaram. Agora com um simples ‘clic’ na tecla enter, a cara lavada do meliante e toda sua vida criminosa aparece na telinha. Em menos de um minuto, na delegacia, na viatura policial, no notebook, no Tablet, I-pod, no celular é possível saber se Notório Vigarista da Silva tem alguma pendência com a justiça. Através da internet é possível achar a agulha no palheiro, o fio da meada. É quase uma bola de cristal

E para aperfeiçoar ainda mais o sistema e expandir a consulta aos bancos de dados, a Secretaria de Defesa Social esta treinando todos seus policiais. Em Pouso Alegre o treinamento começou nesta segunda e vai até quinta. A tiragem da área do 17º Departamento de Policia Civil foi dividida em turmas matutinas e vespertinas, para não interromper as atividades normais. Estão aprendendo fazer a inclusão do preso no sistema, seu desligamento quando ele vai para o sistema prisional e até mesmo quando ele recebe o Alvará de Soltura. Este procedimento já existia, mas era processado pelo Prodemge e apenas meia dúzia de funcionários tinha acesso. Agora todo policial esta habilitado a conhecer a vida do preso

Bandidos, tremei… A policia sabe cada vez mais o que você fez no verão passado…

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