No inicio da tarde de segunda um cidadão aparentemente acima de qualquer suspeita foi preso ao lado de um veiculo, cujo motorista teria atirado num desafeto em via publica após ligeira discussão ao volante. A noticia circulou nos prinicipais telejornais da região mas continuou obnubilada. Uns falavam de tentativa de assalto, outros tentativa de sequestro, ato de terrorismo, acerto de contas, briga de transito e por aí vai….

       Direto da Policia, tem por habito esmiuçar a noticia e contar os fatos timtim por timtim. Por isso arregaçou as mangas e foi à campo investigar a conjuntura e lançar luz sobre os fatos… E apurou que a azeitona quente que resvalou na canaleta do gol branco, tinha endereço certo e deveria ter sido disparada quase vinte e quatro horas antes.

       Muito antes do apito final do mais emocionante dos campeonatos de futebol dos ultimos tempos no domingo à tarde, o clima embalado por loiras geladas ja andava quente país afora. Houve muitas brigas e confusões. A famosa e sempre alegre avenida Vicente Simões foi palco de um desses trololós e forrobodós. Em meio à confusão armada por torcedores adversarios, tolos e fanaticos, Marcos Felipe da Silva, 21 anos acertou um chute num Fiat Palio preto, causando amassamento da lateral. Ele naturalmente conseguiu vazar do local deixando o prejuizo ‘por conta do abreu’ – se ele não pagar nem eu – e deu o caso por encerrado. Ele sim, mas o dono do carro danificado, não.

       Segunda à tarde Marcos, bom menino, seguia para o trabalho com a mae pela Cel. Jose Inacio, conduzindo seu gol branco, sem habilitação, quando o dono do palio emparelhou e fez a cobrança:

– E aí, Mané, vai pagar meu carro ou não ??

       Marcos, que naturalmente não contara suas proezas da tarde anterior à mae, deu uma de desentendido – Quase custou caro. O piloto do fiat amassado sacou um trezoitão e atirou na direção de sua cabeça. Ao ver o cano preto do trabuco apontando para sua cara, o jovem deu uma guinada no volante e o progetil foi se espatifar na lataria do veiculo.

      A PM foi chamada e saiu na sombra do franco atirador. Minutos depois o fiat preto foi localizado numa quebrada da travessa Abrão no velho Aterrado. Ao seu lado estava o jovem Lucas Silverio da Silva, 19 anos, que não tivera tempo de vazar. No interior do carro o trezoitão ainda quente, com cinco balas intactas e uma deflagrada. Lucas foi durão. Disse que estava de carona com o atirador e o conhece apenas de vista, pelo nome de Carlos e não deu sua cabeça. Sentou-se ao piano sozinho, assinou o 14 da 10.826 e foi se hospedar no Hotel do Juquinha.

        Enquanto isso, o moço do palio preto amassado no pontapé continua livre e perigoso…

         Marcos Felipe, o mocinho que escapou por uma calha de levar um balaço na orelha e contou apenas metade da historia, continua correndo perigo…