O professor de filosofia da ETE, Hilário Coutinho, foi picado por uma cobra venenosa, provavelmente uma jararaca, ao pé da noite de sábado. Ele voltava de uma visita familiar, para seu sitio no bairro dos Coutinhos, em Congonhal, quando, no momento de engrenar a motocicleta, sentiu a picada na perna esquerda, abaixo da panturrilha. A principio pensou que talvez tivesse esbarrado no pedal da moto ou num graveto, mas a dor tornou-se tão intensa que o obrigou a parar alguns metros adiante e constatou que a marca das presas deixadas na lateral da canela, eram de cobra. No escuro da noite não era prudente procurar pela malfeitora para identifica-la e facilitar a injeção do antídoto para o veneno, mas, pela hora do fato, tipo do ferimento, altura do bote e pela vasta experiência do professor que cresceu carpindo mandioca e roça de milho, puxando cascavéis para os pés com a enxada, pode-se deduzir que a sua ‘inimiga’ era uma irritadiça jararaca.
O professor teve muita sorte. Apesar da dor aguda, latejante e da dormência na região atingida e ao longo da perna esquerda, a quantidade do gélido veneno da peçonhenta não foi suficiente para tira-lo de combate. Ele conseguiu chegar ao seu sitio pilotando a moto com o filho imberbe na garupa e meia hora depois foi socorrido no PS do regional Samuel Libanio onde passou a noite em observação e já retornou às suas atividades. A invisível serpente de pouco mais de meio metro, certamente já havia gasto a maior parte do seu veneno abocanhando algum rato nas imediações, ou então, irritada com o compassado tótótótó da Bross, havia distribuído alguns botes a esmo na inocente motocicleta.
Ironicamente, na quinta anterior, o professor havia proferido uma palestra conjunta para cerca de 80 pessoas no auditório da ETE, cujo tema discorrido tratava da “Vida depois da Morte”. Ao final, com sutil bom humor o culto professor concluiu sua fala, do ponto de vista filosófico; “… pelas minhas características genética e estatística, devo viver até os 82 anos… se não surgir no meu caminho nenhum acidente…”. Dois dias depois, o acidente mostrou a cara, quero dizer, as presas….!!!