Amigos ocultos da lei digitaram o 181 e avisaram que um rapaz mulato alto, bonito e sensual estava prestes a desembarcar no terminal rodoviário de Pouso Alegre, vindo de Mogi Mirim, trazendo na mochila uma encomenda especial e proibida. O incansável delegado Gilson Baldassari reuniu seus pupilos Alberto, Teobaldo, Balca, Andréia, Ozanam Rafael e Thiago e foi para o terminal, preparar a recepção para o viajante. Ás cinco da tarde ele chegou no ônibus branco-grená da Gardênia e desembarcou com pinta de somongó. Tão logo pisou a plataforma recebeu o abraço afetuoso e firme da detetive Andréia e teve sua mochila confiscada. A informação era quente. O rapaz trazia vários pacotes bem embrulhadinhos, cerca de meio quilo de farinha do capeta e pedra bege fedorenta, comprados numa pracinha qualquer de Mogi Mirim. O jovem Gerry Diego Santos Tume, 18 anos, como todo bom traficante pilhado com a mão na massa, esperneou e disse que a massa não era dele. Não era mesmo. Ele do traficante Rogério Felipe dos Santos, o Lelinho e de sua esposa Jaqueline Aparecida Domingos, residente no velho Aterrado. Gerry era apenas o ‘mula’. Ele fora à cidade de Mogi Mirim buscar a droga para Lelinho, em troca da quitação de uma dívida de droga que tinha com ele, no valor de 250 reais.
Com as informações fornecidas pelo mula, os detetives foram visitar o ‘casal vinte’ no aterrado e em sua residência apreenderam vasta lista de clientes nóias e material para embalagem de drogas.
Era apenas mais uma das inúmeras operações de combate ao trafico de drogas da policia civil, com auxilio dos “amigos ocultos da lei”. Mas, dadas as tendências sexuais e comportamento esdrúxulo do mula – ele é gay – a operação ganhou contornos hilários. Ao descer do ônibus e sentir as maos firmes da detetive Andréia em seus braços, Gerry armou um tremendo barraco: “Que isso? Quem é você? Me larga sua doiiiida !!! Andréia, já sabendo que a “fanta era uva”, entrou na dele; “Calma menina.. eu sou policial, vou apenas prende-la …”. Ao negar que a droga era dele, Gerry tentou ocultar o verdadeiro dono fazendo birrinha histérica, quase bateu o pezinho; “… Eu não posso falar, não posso falar senão eles me matam….”. Mas com receio dos puxões de orelha, falou. E foram se hospedar todos, mula ‘donzela’ viciada inadimplente e o casal Lelinho/Jaqueline, no mesmo hotel do Juquinha, depois de assinarem o 33 e o 35 da lei anti-drogas.