Severino da Conceição da Silva, mais conhecido por “Conceiçao Dudó, morador do Vista Alegre, é mais um daqueles nordestinos que desceram da Paraíba em busca de trabalho e clima mais ameno cá no sul, em terras manduanas. Baixinho, forte atarracado, sorridente e esperto, a tudo que ouve ele pergunta com o arrastado sotaque; “…tem dó, não?”, daí o apelido. O servente de 37 anos tem três grandes paixões na vida; Maria de Fátima, sua amasia, ‘Severina do Popote’ fermentada de cana e o campeonissimo Tricolor paulista. Conceição Dudó tem também um pouco de dó do Galo mineiro, o que o faz torcer ainda mais para o tricolor se o jogo for contra o Cruzeiro, seu mais ferrenho rival e brevemente companheiro de ‘Segundona’.
Na quarta feira depois de trabalho, Conceição Dudó desfilou pelos bares da vida dando amassos sem dó em Severina do Popote. Chegou em casa já na hora do clássico, segurando a tocha de sempre, com um tremendo bafo de jibóia, querendo comida quente e chamego de Maria de Fátima. Acostumada com o ‘dó’ do amasio, a mineirinha come quieto preferiu fazer suas vontades para evitar a queda do barraco. Tudo terminaria bem… se o Tricolor tivesse vencido o jogo.
Aborrecido com o empate e embalado pelo perfume de Severina do Popote, Conceição Dudó, resolveu tirar o couro da amasia, que àquela hora já estava nos braços de Morfeu e desceu-lhe o borralho, sem dó. Vizinhos, estes sim, com dó de Maria de Fátima e dos próprios ouvidos, chamaram a policia. Conceição Dudó, que de dó só tem o apelido, não esperou a chegada dos homens da lei. Pulou o muro, embrenhou-se num matagal atrás do bairro misturando-se às sombras da lua crescente e dobrou a serra do cajuru.
O valentão Conceição Dudó não teve dó de Maria de Fátima, mas teve medo da mão pesada de “Maria da Penha”… E a batata está assando pra ele.