Duzentos dias se passaram desde que o operário da Britasul Antonio Rubens Vilela foi assassinado num local ermo a poucos metros de sua casa, no bairro Faisqueira. O assassino finalmente sentiu o frio das pulseiras de prata. A mulher do morto, amante do assassino, também caiu nas malhas da lei…
Chovia fino naquela noite de quarta feira, 18 de janeiro, quando Antonio Rubens Vilela ouviu batidas na porta. Era Jefter Elias Borges, 34 anos, de cuja pessoa ele conhecia apenas a voz, nas três ou quatro vezes que ele ligou para falar da traição de sua esposa. Agora estava ali na sua porta, para contar detalhes da traição… Ou seria outro o motivo?
Como estava só com os filhos imberbes em casa, o operário preferiu sair, para conversarem longe das crianças. Desceram e caminharam pela estrada asfaltada de acesso à Britasul. Eram pouco mais de sete da noite. Neste momento passou um conhecido de Antonio, de carro e ofereceu carona. Ele recusou e minutos depois Jefter convidou Antonio a entrar numa estradinha de terra, onde pudessem conversar sem serem interrompidos. Foi ali que o crime aconteceu!!!
Quando foi à casa do rival, Jefter já foi decidido a tirar o rival do caminho a qualquer custo. Estava apaixonado pela mulher dele… De repente Jefter sacou um revolver calibre 22, apontou para o rival e o obrigou a se deitar no chão. Com um pedaço de arame tentou amarrá-lo. Houve luta. No escuro o revolver se perdeu. Jefter muito mais forte que Antonio não teve dificuldade para subjugá-lo e quebrar seu pescoço. Quando foi arrastar o corpo para ocultá-lo, achou o revolver e percebeu que Antonio ainda se mexia. Para ter certeza que ficaria livre do marido da amante para sempre, deu-lhe um tiro na cabeça. Foi embora e jogou a arma no rio.
Naquela noite Adriana, a ponta do triangulo amoroso e pivô do bárbaro crime, recebeu um telefonema que a deixou ainda mais agitada que de habito. Deixou o restaurante em que trabalhava na Vicente Simões e foi mais cedo para casa. Passou a procurar pelo marido. Na manha seguinte registrou seu desaparecimento na Delegacia de Policia.
No final da tarde, debaixo de uma chuva sazonal de verão, o corpo do marido foi encontrado no local em que fora morto, num matagal nas proximidades de sua casa. Devido à chuva, a luta pela sobrevivência e o fato de ter sido arrastado por mais de 20 metros ate ser ocultado, o corpo apresentava diversas lesões, inclusive na cabeça, o que levava a crer que ele havia sido assassinado a pauladas.
Tão logo assumiu a investigação no final daquela tarde de 19 de janeiro – terceiro homicídio no curto espaço de um mês – o delegado Gilson Baldassari voltou as atenções para a mulher de Antonio, que ultimamente vivia muito agitada no seu local de trabalho, usando com muita freqüência seu aparelho celular. O delegado de homicídios e seus pupilos concentraram as investigações na viúva e através dela chegaram ao assassino Jefter Elias Borges. Aliás chegaram ao nome de Jefter… Faltava achar seu endereço e apresentar-lhe as pulseiras de prata. Durante as investigações, duas cartas manuscritas, endereçadas aos investigadores, foram deixadas perto da delegacia de policia. Nelas, a pessoa que naturalmente não se identifica, tenta despistar os policiais, dizendo que o autor do homicídio já estava muito longe daqui.
A pedido de Gilson Baldassari, baseado nas investigações dos seus detetives, o casal de amantes teve a prisão temporária decretada no inicio de junho. Na tarde desta quarta, 08, duzentos dias depois do crime, eles caíram nas malhas da lei.
Michele Santos da Silva Gonçalves, 24 anos, também sentou ao piano. Ela era amiga da família e sabia do relacionamento extra-conjugal de Adriana com Jefter Elias. Mas só contou esta parte depois que o casal de amantes foi preso. Durante as investigações que duraram meses, fingindo interesse no caso, ela ia com freqüência à delegacia, querendo saber como estavam as apurações. Fazia o papel de agente duplo…
Segundo Gilson, não há como responsabilizar Michele criminalmente, embora seu comportamento seja social e moralmente reprovável, pois ela tinha informações que poderiam ter ajudado a policia a esclarecer muito mais cedo o macambúzio crime passional. No entanto, ela será submetida a exames grafotécnico, para comparar a caligrafia das cartas anônimas que tentavam desviar a policia do foco. Suspeita-se que ela ou amiga-espiã Michele tenham redigido as mesmas. Caso se confirme a suspeita, a autora poderá ser processada por obstruir o trabalho da policia.
Preso, Jefter Elias confessou com detalhes o assassinato do rival e inocentou a amante Adriana. Ela, negou qualquer participação no crime, embora soubesse de tudo… E continuou se encontrando com o amante assassino. Embora não seja, por ora, enquadrada em nenhum artigo do código penal, a cozinheira amante continuará no hotel do Juquinha á disposição da justiça.