Pela segunda vez na carreira o motorista Edno Silva Braz fez uma viagem inesquecível. Na sexta à noite ele saiu de Itabuna no sul da Bahia com destino a Guarulhos-SP, conduzindo uma carreta carregada de eletroeletrônicos, mas nao chegou ao seu destino. Ao parar para verificar um barulho nos pneus, no posto Gauchão, perto de São Gonçalo, Edno recebeu companhia. Seis ratões de estrada se aproximaram armados até os dentes e ‘pediram-lhe’ para voltar para o interior da carreta.
– Estamos seguindo você desde a Bahia. Estes parafusos fomos nós que afrouxamos quando você parou no ultimo borracheiro para trocar o pneu. Se você for bonzinho nós também seremos. Não queremos seu dinheiro. Só queremos a carga. Deite aí no assoalho… – Disse um deles com cara fechada e seguiram viagem até outro posto há alguns quilômetros dali. Desatrelaram o ‘cavalinho’ e continuaram pela Fernão Dias. Pararam depois do Posto Dom Pedro no Cruz Alta, desceram e foram ‘acampar’ atrás de um bambuzeiro. Edno e um macambúzio assaltante passaram a noite sentados ali, sem trocar um centavo de prosa. Quando a cotovia anunciou a aurora, o carrancudo assaltante finalmente abriu a boca;
– Espere uns vinte minutos, depois pode sair andando e ir até o posto mais próximo tomar café e comunicar o roubo. O cavalinho vamos deixar em um posto qualquer por aí. A carreta, depois que for descarregada, vamos deixar lá pelos lados de Belo Horizonte…
E os assaltantes realmente foram bonzinhos!!! Deixaram com ele os quase dois mil e quinhentos reais que ele levava na algibeira para as despesas de viagem. O ‘cavalinho’ foi encontrado pela PRF no Posto Dom Pedro. A carreta também deve estar abandonada num posto qualquer da Fernão Dias. A valiosa carga devidamente documentada… só o pó.
Na estrada desde os vinte anos, é a segunda vez que o carreteiro Edno Silva Braz, 38 anos, vê de perto o cano frio de um trabuco apontando para seu nariz…