O câncer social chamado droga, tem abalado e destruído pessoas e famílias inteiras Brasil afora. Nossa serie “Meninos que vi crescer” publicada semanalmente no jornal Folha de Pouso Alegre e neste blog tem mostrado historias reais de garotos, que numa curva qualquer do caminho, especialmente no seu momento de maior fragilidade, experimentam o crack e nunca mais conseguem sair dele. Adolescentes e jovens são as vitimas preferidas das drogas. No entanto, alguns adultos emocional e profissionalmente estabilizados tem flertado com ela … Pouco tempo depois estão na sarjeta.
Renato Carvalho já tinha 30 anos, um emprego, uma mulher correta e responsavel, um filho de colo e outro na primeira infancia, já conhecia maconha, mas a erva marvada não mexia mais com suas emoções. Resolveu então experimentar a pedra bege fedorenta. Perdeu o emprego, a saúde, a dignidade e nos últimos dias perdeu quase toda lucidez. Eletroeletrônicos e outros bens materiais ela já havia vendido ou trocado por drogas. Ultimamente vinha trocando arroz, óleo, feijão, café, o leite dos filhos…
Semana passada Renato teve um surto. Tentou impedir que a mulher, a única na casa a trabalhar, fosse para o trabalho e passou o dia todo ameaçando-a com uma faca. Depois da poeira assentada, D. procurou a policia e pediu providencias. No inicio da tarde desta segunda, após descobrir que ela o havia denunciado, retomou a discussão e ameaças e novamente tentou impedi-la de ir para o trabalho. D. outra vez procurou a policia militar em busca de socorro e Renato foi atrás, azucrinando, ameaçando, prometendo matá-la e suicidar-se.
Levado para a delegacia o moço de 37 anos, que abraçou o crack depois dos trinta, sentou-se ao piano da delegada de mulheres e assinou o 147 com requintes de Maria da Penha. Enquanto aguardava o taxi do contribuinte levá-lo para o hotel do Juquinha, ele foi colocado no ‘corró’ da delegacia.
Eram cerca de quatro da tarde quando o detetive Amauri, passou casualmente pelo corredor da DP e pela porta entreaberta viu Renato pendurado na janela… pelo pescoço, se debatendo. O nóia havia rasgado a camiseta de malha e com ela fizera uma ‘tereza’. Não fosse a passagem casual do detetive de férias por ali, o novo prédio da delegacia de Policia Civil, inaugurado em 97, conheceria hoje seu primeiro suicida…
… É a droga, é a droga…
Abraçe seu filho, não deixe que as drogas o abraçem!