Você conhece saracura?
É uma avezinha brejeira – literalmente – que vive em beiras de rios, brejos e taboais. O bichinho de cor marrom por baixo e azulado ou erverdeado por cima, olhos muitos vermelhos, passa o dia todo no mato. Só sai pela manhazinha em busca de insetos e no crepúsculo, quando costuma emitir o som semelhante a ‘tres potes’. O matuto garante que este canto é prenuncio de chuva. É extremamente arisca e arredia. Ao menor sinal de perigo… pernas que te quero!?!? Em segundos a ave sorrateira se enfurna no mato se misturando a juncos, taboas, bastões e copos de leite. Se for necessário bate asas e desaparece ainda mais ligeiro.
Bem, esta é a saracura do brejo ou do mato…
Nenhum apelido cairia tão bem a Adriano da Silva Oliveira, o ‘nosso’ Saracura. Ele tem 34 anos, vive no velho Aterrado, não come insetos e nem brotos de milho, mas é esperto, ‘arteiro’, arisco e ligeiro tanto quanto.
Ao pé da tarde de ontem Adriano Saracura desfilava pela rua Luiz Prudenciano Alves – as canetas da policia militar e agora o computador, não conseguem grafar a palavra “prudenciano”. A vida toda escreveram e continuam escrevendo “pordenciano” – com dois sacos plásticos no bico, desculpe… na mão. Ao avistar os policiais fez igual a avezinha brejeira; saiu em desabalada carreira, pulou muros brejos e quintais. Somente faltou bater as asas e levantar vôo. Foi parar debaixo de uns colchões da casa de numero 210 da rua Benedito Eleoterio de Assis. Os dois sacos eram, segundo a PM, farinha do capeta.
Ao sentar ao piano do delegado de plantão Saracura, com as asas cortadas, disse que a droga não era dele, mas não podia dizer de quem era senão lhe arrancariam as penas no Hotel do Juquinha. Dono de extensa capivara com uma fieira de artigos penais, assinou o 33 e foi rever os fiéis amigos no hotel do contribuinte.
Mano Chips, tu lembra de um outro Saracura, chapeludo, bigodão e valentão, que também vivia no “bom” e velho Aterrado e que fabricava espingardas? Lembra que quem o matou, em 86 ou 87, foi um moleque de 17 anos usando uma espingarda que ele mesmo fabricou? Saracura passava no bar do pai do moleque e batia nele todo dia, até que o pobre moleque se encheu, e encheu (literalmente) a espingarda de pólvora, parafusos, pedras e o diabo e após levar mais uma bolacha na cara, pegou a espingarda e encheu (de novo) o peito do Saracura, que caiu estribuchando no meio da avenida…Pobrezinho…
Saudades de voce, meu irmão Rodão… Desde que passei a noticiar bravatas do Saracura Adriano, tenho espremido minha memoria para lembrar do seu pai, pois havia outro Saracura que já no inicio da nossa carreira, vivia nos limites da lei ali pelo famoso Aterrado. Lembro que ele era chegado a uma arma de fogo e que morreu “matado”… só não lembro sua fisionomia e nem a ocasão em que ele foi colher cacau pela raiz. Lembrei! João!!! Era esse o primeiro nome da ‘ave’ que foi depenada por um de seus muitos desafetos. Acho que era pai do “Adriano Saracura” e se não estou enganado era esse mesmo que estrebuchou na frente do rapazinho na avenida… “Pobrezinho”…
Esse mesmo Chips, e era bem parecido com o filho aí em cima, só que tinha um bigodão…Lembro como se fosse hoje do querido Inspetor Ângelo riscando uma cruz vermelha sobre sua extensa ficha criminal…
…Tal pai, tal filho!! Adriano Saracura segue de perto os passos do João Saracura…
Rodão, preciso de noticias quentes desta sua rica região! Dá para voce me passar seu celular pelo email “[email protected]”? Ou terei que apelar para o velho “Carioca”? Ele ainda mora no mesmo lugar, não é?
O Carioca mora lá sim, ahahahaha, mas nem vai ser preciso…Vou mandar o celular…Abração!