Lalau furta cadeiras de rodas na estrada do Itaim…

Era cerca de meia noite quente e abafada de domingo quando o cidadão F. abriu a janela de sua casa na entrada do bairro Itaim e ascendeu um cigarro para espantar os pernilongos. De repente avistou ao longe um vulto caminhando lentamente pela estradinha poeirenta de acesso ao bairro. A medida que o vulto foi se aproximando F. percebeu que eram dois vultos… um empurrando outro. Quando o vulto passou defronte sua casa ele viu que era um cidadão baixo miúdo, cabelos raspados, mal vestido, empurrando uma cadeira de rodas. À pouca luz do inicio de madrugada a cena parecia  macabra;
Teria o moço jogado o passageiro ou passageira da cadeira de rodas no rio Itaim ou num buraco qualquer na beira da estrada?
Estaria ele usando a cadeira de rodas para descansar as pernas nas descidas?
Ou será que durante a caminhada acontecera um milagre e o moço deixara de ser paralitico!?!?
Não. Nada tão esdrúxulo!!! O moço simplesmente havia furtado a cadeira de rodas…
A cena foi presenciada logo mais adiante quando o larapio atravessou a pracinha do velho distrito do Itaim. Um atento cidadão que conhecia um cadeira de rodas parecida com aquela ligou para o amigo Gilson Resende de Oliveira, que mora no bairro dos Ferreiras, na beira da estrada vicinal e ficou sabendo que a cadeira de sua irmã Geiziane de 16 anos havia sumido da varanda de sua casa.
A policia militar foi acionada e alcançou o ‘cadeirante’ na estrada de Cachoeira de Minas. Robson Batista Alves enroscou-se nas malhas da lei e mesmo depois de receber as pulseiras de prata tentou dobrar a serra do cajuru. Algemado não conseguiu correr, tropeçou e caiu de cara no chão, abrindo um rombo na testa.
Ao sentar-se ao piano do delegado de plantão de Pouso Alegre, Robsom contou placidamente que ao voltar para casa dos pais no Itaim, no final da noite, viu a cadeira de rodas ‘abandonada’ na beira da estrada e resolveu levá-la para ‘alguém que precisasse’ – Só esqueceu de contar que a cadeira estava no alpendre da casa e que a garotinha Geziane certamente precisaria dela quando se levantasse pela manhã!!!
-Eu era usuário de pedra, mas graças a Deus consegui parar… Estou limpo há 4 meses  – contou-me ele – Deve ser o período em que esteve preso
– Ontem de noite eu fui no Aterrado procurar minha ex-amasia G. Eu queria tirar ela da nóia também, mas não consegui…- Acrescentou desolado
Robson, o lalau de cadeiras, esteve hospedado compulsoriamente no Hotel Recanto das Margaridas em Santa Rita até o ultimo dia 14, por infringir vários artigos leves do código penal. O furto da cadeira da garotinha paraplégica deverá lhe custar mais alguns meses de hospedagem no Hotel do Juquinha. Pena que por lá não dê para fazer abstinência de ‘brita’…!!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *