Apesar da facilidade que os vigaristas cibernéticos encontram diariamente para tomar o rico dinheirinho dos ingênuos – e gananciosos – sem ter que mostrar a cara lavada e portanto sem correr riscos, através da ligações telefônicas, o velho e bom Conto do Vigário, praticado em dupla pelo “Zé coitado” – o Simplório – que atrai o otário e o Zé Arrojado – o Finorio – que dá o golpe de misericordia, continua fazendo vitimas.
O velho e mágico conto se repetiu esta semana na Rainha do Circuito das Águas, São Lourenço. J.M.B. acabara de sair do banco Itaú, onde sacara R$ 2 mil reais quando uma mulher magra e parda de vinte e poucos anos se aproximou, jogou uma carteira recheada de papeis no chão e falou com voz mansa e olhar piedoso;
– Moço, o senhor deixou cair sua carteira…
Enquanto o eletricista de 62 anos tentava explicar que não havia perdido nada, surgiu “Finória”, cerca de 60 anos, bem vestida, boa prosa e generosa e foi logo dizendo;
– Sangue de Jesus tem poder!! Ainda bem que vocês acharam minha carteira. Está cheia de cheques que eu ia depositar no banco. Vou dar uma gratificação para cada um de vocês…
Dizendo isso e muito mais sem dar tempo ao eletricista de ordenar as idéias, disse à “Simplória” sua comparsa;
– Minha loja Styllus fica ali depois da esquina. Leve este bilhete meu e peça ao gerente para te dar um par de sandálias da sua escolha. Deus seja louvado, foi Ele que colocou vocês no meu caminho. Deixe sua bolsa aqui que seguro para voce…
Simplória agradece muito, pega o bilhete se afasta e volta minutos depois com um par de sandálias numa caixa e torna a agradecer o presente por ter encontrado a ‘carteira’ da 171. A mesma proposta é repetida ao eletricista e ele também deixa sua bolsa, com o dinheiro que acabara de sacar no banco, R$2 mil e mais alguns trocados que tinha no bolso, nas mãos da “Finória” e também vai buscar seu ‘premio’ na loja. Quando cansa de procurar a sapataria que nunca existiu, volta ao local do encontro e não encontra mais ninguém. Só então se dá conta de que caiu no Conto do Vigário. A esta altura Simplória & Finória já estavam chegando a Caxambu em busca de mais um otario.
Parece difícil acreditar que é fácil assim tomar dinheiro dos outros não é mesmo? Pois é muito fácil. Na modalidade ‘bilhete premiado’, onde o premio pode chegar a milhões e conseqüentemente a gratificação por ter ajudado a receber o premio costuma ultrapassar três dígitos, o sujeito que cresce o olho no ‘premio’ alheio, chega a voltar ao banco para sacar mais dinheiro para entregar ao ‘simplorio’ como prova de confiança, em troca da gorjeta. Há casos em que o otario faz empréstimos bancários para entregar de mão beijada aos vigaristas. Boa parte das pessoas ludibriadas não procura a policia para dar queixa… de vergonha. E nem adianta mesmo, pois a possibilidade de “Simplório & e Finório” cairem nas malhas da lei é a mesma de você ganhar na mega sena.
Não dê sopa para o malandro em prato fundo!!! Quer ganhar R$ 100 mil reais? Comece já a trabalhar e economizar…