Juliano Neguinho, o assaltante da pistola de brinquedo e o “sursis” do detetive Risomar

         Quando o detetive Risomar Ematné começou trabalhar na policia Civil, o garotão Juliano da Silva Andrade tinha 11 anos. Ele ainda não ilustrava o album da policia e nem tinha apelido, mas conhecia meliantes notorios do bairro São Joao tais como Perfex, Zezinho Fernandes, Eduardo Gonçalves, Marcelo Puchetti – concidentemente alguns destes meliantes já foram colher cacau pela raís ha muitos anos.

        Ele posou para o album da policia civil pela primeira vez em 2005 quando assinou seu primeiro 155 e ganhou a alcunha de “Neguinho”. Um apelido comum para um jovem que faria do crime seu lugar comum. Depois do ‘batismo’, Neguinho tornou-se figurinha facil do dia a dia policial e progrediu para o 157.

        Ha tres anos o detetive Risomar integrou uma equipe de captura para cumprir o primeiro mandado de prisão em desfavor de Neguinho, no bairro São João. O  pulo do gato foi em falso e o meliante tentou dobrar a serra do cajuru. Varou vielas e quintais com os detetives nos seus calcanhares. Quando tentava pular um muro, não deu conta e foi agarrado pelas pernas pelo detetive Risomar. Ambos cairam ao chão e ao ver-se vencido Neguinho levou a mao à cintura simulando estar armado… Risomar atirou primeiro. A azeitona quente atravessou o ombro abaixo da clavicula do assaltante de um lado a outro e ele ‘deu o braço a torcer’. O meliante naturalmente foi socorrido pelos policiais e o tiro nem deixou sequelas… não em Juliano Neguinho, pelo menos.

         O tempo passou, Neguinho cumpriu cana no velho hotel da Silvestre Ferraz, no novo Hotel do Juquinha, voltou para a rua …e para a unica coisa que sabe fazer, até ‘de brincadeira’… furtar e roubar. Enquanto isso o processo por lesão corporal grave continuou tramitando na justiça, contra  o detetive. No final de semana passada saiu a sentença; 2 anos de cana para o policial que baleou o facinora…

      Risomar Ematné tem 15 anos de ilibada e exemplar conduta policial em defesa da sociedade, por todos lugares que passou; Santa Rita, São Gonçalo e Pouso Alegre sem jamais ter ferido ninguem até então, por isso faz jus à  ‘brecha’ da lei conhecida por “Sursis”, um dispositivo legal que permite ao condenado primario cumprir a pena em liberdade, desde que no dobro do tempo da pena não cometa nenhuma infração criminal nem descumpra as normas impostas pelo Juiz. Isso significa que nos proximos dois anos, o detetive Risomar terá que prestar serviços comunitarios, não poderá ausentar-se do seu domicilio,  não poderá mudar de residencia sem previa autorização judicial, não poderá frequentar bares, boates, “Capim Gordura” e locais mal afamados, terá que tomar a ‘benção’ do homem da capa preta todo mes, frequentar curso profissionalizante e se por ventura deixar a policia, terá que arrumar imediatamente uma ocupação licita. “dura lex… sed lex”.

        Paralelamente ao engessamento do policial, Juliano Neguinho segue sua saga à margem da lei. Ultimamente a policia tem registrado pequenos roubos à mão armada a lojas, onibus e transeuntes nos quatro cantos da cidade. Em muitos deles o mesmo modus operandi: Um mulatinho de baixa estatura, com uma grande pistola preta. Chegando sorrateiro e fugindo ligeiro.

       Durante patrulhamento de rotina nesta segunda feira a policia militar avistou Neguinho com pinta de somongó numa quebrada e resolveu dar a geral. Ele levava na cinta uma baita pistola preta… de plastico. Pistolas de plastico, de qualquer cor, marca e tamanho, todo cidadão e até as criancinhas da escola – não deveriam – podem carregar. Não podem ofender ninguem…Não é crime.

        Num tete-a-tete mais acurado com os policiais, Neguinho admitiu ter cometido varios assaltos na cidade usando a pistolona de plastico. Ja foi reconhecido num B.O. do dia 21 e outro do dia 24. Como ele não foi preso em fragrante de furto, roubo ou qualquer outro crime, ele somente ficara preso se o homem da capa preta decretar sua preventiva. Caso contrario… “liberdade, abra suas asas…”

      Enquanto isso o detetive Risomar, na metade da carreira policial, curte seu desapontamento e angustia com a profissão que abraçou:

      – … Me sinto revoltado e desmotivado, Chips… Sem coragem para trabalhar. Se eu tiver que entrar em luta corporal com um bandido para prendê-lo e por acaso arranhá-lo, quebro o “sursis” e vou pra cadeia. O crime venceu a lei…. – desabafou o prestativo e antes alegre detetive Risomar.  

       A proposito meu estimado leitor, olhe bem para a foto do Juliano Neguinho. É possivel que ele tenha encostado sua pistolona preta, dura  nas suas costas e levado seu dimdim…

       Se aconteceu, não se acanhe… Procure a Policia Civil. Mandá-lo e mantê-lo por um bom tempo atras das grades do hotel do Juquinha, servirá de consolo para o detetive Risomar.

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