Ele e outras duas mulas transportavam dois quilos de pasta base de cocaína! A droga havia acabado de chegar de São Paulo e viraria milhares de barangas de ‘dez real’!
A Operação Notus deflagrada pela policia civil no alvorecer da última sexta-feira, 29, na verdade começou na véspera. Seguindo os passos da criminalidade na região, o setor de inteligência da PC em Pouso Alegre tomou conhecimento de que duas ‘mulas’ estariam prestes a desembarcar na cidade trazendo da capital paulista alguns quilos de farinha do capeta, e prepararam as boas vindas! A arapuca, com duas viaturas frias e quatro policiais chefiados por um delegado, foi armada nas proximidades do trevo da BR 459 com 381. Já no início da madrugada de quinta-feira as duas mulas desceram de um caminhão e embarcaram em um Hyundai i30 preto com dois ocupantes. Durante a abordagem o piloto do i30 pisou fundo e tentou dobrar a serra do cajuru pela 459 em direção à Santa Rita do Sapucaí. Enquanto fugiam os ocupantes do veiculo dispensaram pela janela o “motivo” da fuga; dois tijolões de pasta base de cocaína! Mesmo sem a prova do crime, a perseguição durou alguns quilômetros, até os fujões pararam debaixo de uma saraivada de balas dos policiais. No interior do Hyundai conduzido por Luiz Eduardo Alves estavam as mulas – que haviam desembarcado do caminhão no trevo – Yanne de Paula Souza, Noeli Miranda de Carvalho Lucas e um terceiro, Gleidson “Mosquito” Verissimo da Silva.
Refazendo o trajeto da perseguição os policiais encontraram dois tabletes grandes da droga. Mas pode ser que sejam três os tijolões de pasta base de cocaína. Um teria se perdido na margem da pista. Segundo o amigo oculto da lei informou a policia, a droga teria custado R$30 mil na capital paulista. Indagado sobre motivo da fuga, procedência e destino da droga, o quarteto preferiu o silencio. E em silencio sentou ao piano, assinou o 33 e o 35 e subiu para o Hotel do Juquinha.
Luiz Eduardo Alves, o “Eduardinho”, é figurinha fácil no álbum da polícia. É um dos mais de cinquenta personagens do livro “Meninos que vi crescer”. Com o titulo “Eduardinho e o prazer de viver na corda bamba” o livro dedica seis paginas a contar parte da vida torta do menino que vi crescer. Metade dos seus 35 anos ele passou entre uma fuga e um furto e outro, atrás das grades. Conheceu o Velho Hotel da Silvestre Ferraz, o Hotel do Juquinha e meia dúzia de penitenciarias do Estado. Cada vez que ele deixa a cadeia, sua lutadora mãe, que não o acoberta, mas também não abandona o filho – e até sua madrinha, minhas amigas – alimentam a esperança de que, ao sair da cadeia, ele vai finalmente deixar o crime… Mas é só esperança. Infelizmente! Mesmo jogando os dois quilos de cocaína pela janela do Hyundai em fuga, Eduardinho jogou fora também mais uma chance de mudar sua historia! Parece que ele gosta mesmo é de viver na corda bamba…!