O diminuto e belo jardim da Praça Senador Jose Bento, palco de tantos encontros, de tantos romances, de tantos atos públicos de cidadania, de tantos eventos culturais, de tantas historias desde a época do Império… Não é mais aquele! Há anos está entregue à mendigos, prostitutas e malfeitores de toda espécie! Numa extremidade do jardim está a porta da belíssima Catedral Metropolitana de Pouso Alegre reinaugurada em 1948. Talvez o mais belo ‘cartão postal da cidade. Na outra extremidade do aconchegante jardim está uma unidade móvel da Policia Militar. Entre a ‘casa de Deus’ e os homens da lei, um espetáculo degradante que mistura cachorros vira-latas corroendo e sujando a grama, velhinhos aposentados inocentes – alguns bem pouco inocentes! Frequentam o local em busca de programinhas de dez! – vendedores ambulantes, desocupados, pés-de-cana, andantes e mariposas…! Detalhe: o Artigo V da Constituição de 88 dá a eles o direito quase sagrado de ficarem ali! E por isso a cidade proclamada ‘Princesa do Sul de Minas’ convive diariamente com estórias deste tipo:
Como diria ‘seu’ Titio no alto dos seus 95 anos, com uma quadra de ases na mão, ao lado de uma mesa redonda de pôquer: “Tem dia que parece que é de noite”.
Uma e meia da tarde deste sábado, 08, o Sr. Adolfo, 73 anos, morador do Porto Inácio, município de São Sebastião da Bela Vista, chegou ao quartel da PM na Dr. Lisboa, no coração de Pouso Alegre aos trancos e barrancos pedindo socorro! Enquanto tentava se desvencilhar da ‘mademoiselle’ Viviane de Cassia Amador, ele foi explicando que a jovem estava tentando extorqui-lo! E contou ele soltando as palavras aos borbotões…
-Eu vinha passando pelo jardim da praça quando ela se aproximou de mim e exigiu que eu lhe desse vinte reais… Ela ameaçou me roubar. Eu recusei dar o dinheiro e ela me agarrou pela camisa… Até arrancou os botões! Veja! Passei a maior vergonha das pessoas na rua!
Viviane de Cassia Amador, 28 anos, completamente mamada, não dizia coisa com coisa! Levada para a delegacia de policia ela tentou explicar sua atitude. Depois de admitir que havia bebido meia garrafa de suco de gerereba e fumado duas pedras de crack, ela deu outra versão para os fatos!
– Ano passado eu fiz um programinha com ele… Ele ficou me devendo. Prometeu me dar “uma caixinha de Natal”, mas não deu! Hoje quando eu ‘vi ele’ no jardim da praça fui cobrá-lo. Se ele não quisesse pagar a ‘caixinha de Natal’, podia ao menos me pagar um salgado… Estou com fome! – contou a mariposa sem papas na língua.
E contou mais:
– Sou viciada em crack desde os 14 anos, doutor… Tenho um filho de 7 e outro de 10 anos. Não tenho emprego. Vivo de fazer programinhas sexuais! – admitiu ela sem pudor.
E deve fazer muitos desses ‘programinhas de R$10 ou R$20’, pois não tem tempo nem para cumprir suas obrigações com a justiça penal da comarca, que determinou que ela preste serviços comunitários por outros delitos leves anteriormente cometidos!
Bem, como Viviane não apresentou nenhuma nota fiscal de ‘serviços prestados’ ao Sr. Adolfo e nem comprovou que ele lhe devia a tal caixinha de natal, sua atitude de fato se enquadra no crime de extorsão, cuja pena varia de 4 a 10 anos. Por isso a sofrida e ainda mamada mariposa sentou ao piano e assinou o 158.
Pelo menos no Hotel do Juquinha não lhe faltará comida…! Aliás… Alimento!