Quatro da manhã no centro de São Gonçalo do Sapucaí. Um vulto sombrio se esgueira pela rua gelada, procurando o que não perdeu. A qualquer momento um crime vai acontecer. Quem será o vulto sinistro? Quem será a vitima? De uma livraria, daquelas onde tem de tudo. Olha para a direita, olha para a esquerda, tira da algibeira do blusão verde um repente o o vulto sombrio para na frente de uma loja… É pedaço de arame, amassa, entorta, coloca no buraco da fechadura. Vira pacientemente para a direita, para baixo, para a esquerda, dá um empurrãozinho… Abriu!!! Entra, encosta a porta e vai direto ao caixa. Acende o isqueiro, procura. Está vazio. Não há nada para furtar. Aborrecido o vulto olha à sua volta, procura alguma coisa que possa transformar em dimdim. Não é qualquer um que consegue abrir a porta de uma loja no meio de uma madrugada gelada com um simples pedaço de arame… Tem que aproveitar o talento! Não tem muito tempo. O alarme disparou. Pega o que pode e rapidamente se esgueirando nas marquizes.
O dono da Livraria Católica, Danilo Rocha Franco, chega minutos depois. A porta está apenas encostada. Ele entra e percebe que faltam algumas camisetas estampadas, alguns brinquedos, talvez uma mochila ou duas.
A policia foi chamada, registrou o B.O. e resolveu investigar o furto. Às nove da manha batem à porta da casa de Pérsio Pereira Martins, 36 anos. Apesar de ser sempre suspeito, pois desde a adolescencia é figurinha fácil no álbum da policia, Pérsio jura de pés juntos que nada sabe sobre o arrombamento da livraria. É convidado a assitir um filme na loja do Danilo. No filme, o vulto sombrio veste um blusão verde, pega apressadamente alguns objetos no escuro e sai de fininho pela rua. Pérsio usa um blusão verde igual o do ratão de madrugada… O ladrao sinistro é ele!
Os policiais voltam à residência de Pérsio. Agora ele já está usando Pulseiras de prata. Na casa encontram as camisetas, brinquedos e duas mochilas surrupiadas na livraria.
É fim de semana. Não tem mais delegado de policia nas pequenas cidades do interior de Minas para fritar Persio. Ele é levado no taxi do contribuinte para Pouso Alegre, senta ao piano, assina o 155 duplamente qualificado, por ser praticado com emprego de pericia, no meio da madrugada. Pérsio Martins, velho conhecido dos homens da lei, se hospeda agora no Hotel do Juquinha.
Foi um crime pequeno e tão bem feito!! Ele só esqueceu dois pequenos detalhes… A livraria catolica tinha “big brother” e ele estava de blusão verde…
ja fui assaltada por ele……………….