Lelinho, o traficante sem memória

Diante da pergunta básica sobre sua participação na quadrilha do Fabão, Rogério “Lelinho” Felipe dos Santos foi categórico, firme, serio, disfarçou com perfeição o sarcasmo e respondeu com cara feia, sem ligar para a fama:

– Não sei de nada. Não sei nem porque estou preso…

É assim mesmo. Lelinho, sua companheira Jaqueline, Gerry e todos os demais distribuidores do produto proibido, tem ‘memória fraca’. Direto da Policia tem boa memória. Veja como publicamos sua prisão no dia 19 de setembro passado, a primeira da Operação CTD1.

“Policia Civil prende mula na rodoviária de Pouso Alegre

19 09 2011

  Amigos ocultos da lei digitaram o 181 e avisaram que um rapaz mulato alto, bonito e sensual estava prestes a desembarcar no terminal rodoviário de Pouso Alegre, vindo de Mogi Mirim, trazendo na mochila uma encomenda especial e proibida. O incansável delegado Gilson Baldassari reuniu seus pupilos Alberto, Teobaldo, Balca, Andréia, Ozanam, Rafael e Thiago e foram para o terminal, preparar a recepção para o viajante. Às cinco da tarde ele chegou no  ônibus branco-grená da Gardênia e desembarcou com pinta de somongó. Tão logo pisou a plataforma recebeu o abraço afetuoso e firme da detetive Andréia e teve sua mochila confiscada. A informação era quente. O rapaz trazia vários pacotes bem embrulhadinhos, cerca de meio quilo de farinha do capeta e pedra bege fedorenta, comprados numa pracinha qualquer de Mogi Mirim.

  O jovem Gerry Diego Santos Tume, 18 anos, como todo bom traficante pilhado com a mão na massa, esperneou e disse que a ‘massa’ não era dele. Não era mesmo. Era do traficante Rogério Felipe dos Santos, o Lelinho e de sua esposa Jaqueline Aparecida Domingos, residente no velho Aterrado. Gerry era apenas o ‘mula’. Ele fora à cidade de Mogi Mirim buscar a droga para Lelinho, em troca da quitação de uma  dívida de droga que tinha com ele, no valor de 250 reais.

       Com as informações fornecidas pelo mula,  os detetives foram visitar o ‘casal vinte’ no aterrado e em sua residência apreenderam vasta lista de clientes nóias e material para embalagem de drogas.

      Era apenas mais uma das inúmeras operações de combate ao trafico de drogas da policia civil, com auxilio dos “amigos ocultos da lei”. Mas, dadas as tendências sexuais e comportamento esdrúxulo do mula – ele é gay – a operação ganhou contornos hilários. Ao descer do ônibus e sentir as mãos firmes da detetive Andréia em seus braços, Gerry armou um tremendo barraco:

– Que isso? Quem é você? Me larga sua doiiiida !!!

   Andréia, já sabendo que a “fanta era uva”, entrou na dele;

 -Calma menina… eu sou policial, vou apenas prende-la …”.

    Ao negar que a droga era dele, Gerry tentou ocultar o verdadeiro dono fazendo birrinha histérica, quase bateu o pezinho; – … Eu não posso falar, não posso falar, senão eles me matam…

 Mas, com receio dos puxões de orelha, falou. E foram se hospedar todos, mula ‘donzela’ viciada inadimplente e o casal Lelinho/Jaqueline, no mesmo hotel do Juquinha, depois de assinarem o 33 e o 35 da lei anti-drogas.” – Jaqueline estava grávida, perdeu o bebê  prematuro no presídio e ganhou liberdade provisória. Voltou para a rua e continuou no trafico. Foi presa semana passada, pela segunda vez na mesma investigação.

Falando em fraqueza de memória, quase ia esquecendo… Lelinho era integrante do PCC. Como não estava dando conta de honrar seus compromissos com a facção criminosa, foi expulso da organização. Ele deve ter esquecido também, que pretendia pagar sua divida, com a venda da droga que receberia das mãos do mula Gerry naquela tarde. O que convém não esquecer é que o PCC não costuma perdoar seus devedores…

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