Cidade Jardim… Ronan “Gordinho” é o novo chefe do trafico

       Cidade Jardim… Não é tão bela quanto um mas pode ser chamada de cidade. Tem quase tudo que uma tem. Principalmente os problemas sociais.

      Ja nasceu polemica. Começou no centro de uma celeuma entre os caciques politicos Jair Siqueira e João Rosa. Um querendo resolver o problema de moradia para familias de baixa renda e outro querendo que o bairro pobre e popular fosse para longe de sua chacara. Venceu quem estava com a faca e o queijo na mão. O bairro foi entregue na decada de 90.

       Cidade Jardim… desvalorizou o bairro-chacaras Portal do Ipiranga, desvalorizou o bairro Caiçara do guru das estrelas, Thomas Gren Morton, desvalorizou a chacara do ex-deputado Rosa, mas valorizou a qualidade de vida de centenas, milhares de pessoas que moravam em porões, em barracos, em casebres alugados no Aterrado e outros cantos da cidade.  Valorizou também a vida de muitas pessoas que vieram de outras cidades, até mesmo das favelas de São Paulo.

       Cidade Jardim… Em 2001 detetives da DATE abriram a porta do muquifo do Ednaldo Carmo dos Santos, o Carioca nascido na Bahia, no bico da botina, a tempo de pegá-lo nos braços de Morfeu, enquanto seus asseclas tentavam jogar a droga no vaso sanitario.

       Cidade Jardim… Ali cresceram os irmãos Elton, Pingo, Zinho e Fonfon aos -poucos – cuidados da avó. Cresceram praticando todo tipo de pequenos delitos. Em 2004 Zinho deu seu ultimo mergulho no Rio Sapucai, onde costumava se divertir com outros desocupados. Mergulhou de costas…. com um balaço na testa. Foi encontrado uma semana depois enroscado numa galhada 4 quilometros rio abaixo. Foi enterrado no sabado. No domingo de manhã seu irmão Fonfon tentou vingá-lo… foi enterrado na segunda. Lagartixa, seu matador só foi preso no final de 2010, quando distribuia drogas para Mara.

        Cidade Jardim… Em 2004 os moradores do bairro retribuiram Jair Siqueira pela construção das casas, enchendo a urna de votos naquela eleição. Durante um showmicio no bairro em agosto, fotografei uma senhora banhando o peito do candidato com lagrimas, agradecendo a casinha recebida.

       Cidade Jardim… As quatro da tarde do dia 13 de novembro de 2003, coloquei a cara na porta e o delegado Gilson Baldassari na janela de uma casa em construção. Por quase um minuto ficamos escutando o silencio enquanto o Taurus 38 Especial do detetive Paixão, num comodo escuro do fundo, apontava para nós. O primeiro que fizesse um movimento para entrar receberia um balaço na cabeça, igual o colega assassinado tres horas antes na esquina do Beco do Crime pelos tres moleques que assaltaram a loteria atras da Catedral.

       Cidade Jardim… há tres semanas o mesmo Ednaldo Carioca da Bahia vazou por entre os dedos da PM, com um braço na tipoia, deixando para tras uma mochila com quase oito quilos de maconha…

        Cidade Jardim… Menos de vinte anos de existencia e muita historia para contar.

         A ultima foi escrita nos primeiros minutos do ultimo dia do ano passado. Ronan “Gordinho” da Silva Candido, nascido em São Gonçalo do Sapucaí em julho de 1990, depois de rodar pela periferia de São Paulo fazendo estagio no crime, fixou residencia ali. Instalou-se no ramo de distribuição de drogas e apesar da pouca idade ja comanda o trafico no bairro e se diz membro do famigerado PCC – organização criminosa nascida em São Paulo em 2005, que se intitula “Primeiro Comando da Capital”. Como comandante do trafico no bairro Ronan Gordinho impoe sua disciplina. Quem quiser vender ou usar drogas ali tem que rezar pela sua cartilha. Não usar drogas na esquina, não dar bandeira e não passar das dez da noite na rua são algumas de suas regras.

      João “Balaio” Rafael Maximiano, 25 anos, tinha mae, mulher, filho de colo e raizes no bairro e não estava disposto a comer na mão do ‘chefe’. Além de usar drogas, ele também vendia e não tinha compromisso com clientes e nem com fornecedores. Pagou a ‘’indisciplina’ com a vida.

       Na noite de sexta João Rafael chegou do boteco e comentou com a amasia Renata;

– Estou com mau pressentimento. O Ronam jurou me matar. Ele disse que não vou emplacar o ano novo. Mas eu não vou aceitar as ordens dele, não…

      Não aceitou mesmo. As onze da noite voltou para o bar da esquina da rua 11 para mais um trago, para a despedida. Quando saia do bar na companhia do amigo Gilberto “Gú” Helder Alvim, um vulto surgiu das sombras da noite chuvosa e descarregou dois revolveres em sua direção. Sujeito ruim de pontaria. Apenas dois tiros acertaram o alvo. Um de frente e outro nas costas na região do abdome. “Balaio” ainda correu até a proxima esquina em direçao à sua casa mas caiu mortalmente ferido. Um dos tiros acertou de raspão a perna de “GU”. Ele foi medicado e erradamente liberado pelo hospital. Somente foi localizado no bairro São João no meio da madrugada, porque é figurinha facil no album particular do detetive Teobaldo.   

        Das pessoas investigadas pela equipe do delegado Gilson, que coincidentemente estava de plantão e passou a  investigar o caso tão logo chegou ao seu conhecimento, umas disseram que foi o proprio Ronan “Gordinho” quem puxou o gatilho na esquina. Outras disseram que não identificaram o atirador mas sabiam que o jovem traficante mandão havia prometido matar Balaio porque ele não aceitava sua disciplina. Na vespera do crime Gordinho andou espalhando no bairro que iria passar o reveillon na praia, provavelmente preparando seu álibi.  

       O delegado Gilson Baldassari pediu a preventiva de Ronan “Gordinho” da Silva Candido, o “poderoso chefinho” do Cidade Jardim. A batata está assando pra ele…

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