Quando os tres carreteiros pararam para dormir no posto Dom Pedro II no inicio da madrugada do dia 18 de agosto do corrente, tiveram uma surpresa. Estavam terminantemente proibidos de dormir na boleia naquela noite. Teriam que passar a noite de maneira ainda mais desconfortável. Uma quadrilha com cerca de 10 integrantes encostou o cano frio das metrancas em seus narizes e os levaram no porta malas de seus carros roubados para uma estrada vicinal ali perto. Passaram a noite amarrados ao pé de um capexingui qualquer na beira do mato. Enquanto isso as tres carretas com 1500 sacas de ‘ouro negro’ que partira de Varginha rumo à São Paulo, mudaram de itinerario, nos braços dos ladroes de café.
Ao meio dia daquela sexta feira os tres carreteiros chegaram desenxabidos ao posto da PRF na Fernão Dias para registrar o roubo. Às quatro da tarde os detetives Alberto, Balca Teobaldo, Ozanam e Jose Antonio e dois patrulheiros federais bateram à porta do galpão da empresa Costa Freitas industria e Comercio de Graos, em Campanha. La dentro estavam as 1500 sacas de café tipo exportação, mudando de embalagem.
No local e adjacencias os policiais prenderam em flagrante de roubo e/ou receptação Rafael Junio de Freitas, 25, Rosivaldo “Giló” Marques Costa, 56, Ricardo Filipe de Morais e Ivam Kaheler 33 anos, todos ‘socios’ da empresa distribuidora de café.
Apesar da eficiencia dos homens da lei em apurar o roubo, prender parte da quadrilha e recuperar cem por cento da carga roubada, avaliada em mais de meio milhão de reais, em menos de 24 horas, nenhum dos envolvidos no roubo e receptação da valiosa carga viu dois sóis nasceram quadrados… deixaram o Hotel do Juquinha no dia seguinte. Coincidencia ou não, o socio da empresa, Ivam Kahler de Morais Barros, é filho de uma Juiza aposentada de Varginha!!
Apesar de recuperada a res furtiva e devolvida aos verdadeiros donos, é necessario identificar os assaltantes que tomaram as carretas e esclarecer a culpa de cada um no imbloglio… E como policia mineira é brasileira, não desiste nunca, Gilson Baldassari, responsavel pelas investigações pediu e finalmente o homem da capa preta decretou a prisão temporaria dos moços do armazem. A esta altura, cada um dos ladroes de café ja está confortavelmente instalado no seu apartamento em “local incerto e não sabido”.
Nem tanto. O S.I. da PC localizou e nesta terça o delegado Gilson e os detetives Balca, Teobaldo, Ozanam, Andreia e Elon foram almoçar com dois deles em Belo Horizonte. Rafael Junio, tão logo ganhou a liberdade no dia 20 de agosto, mudou-se de cidade e de ramo. Comprou metade do restaurante “Churrasquinho do Manoel” nas imediações da PUC na capital mineira e levou com ele o comparsa, digo socio, Rosivaldo Giló, chef de cozinha nas horas vagas. Os policiais chegaram na ‘melhor hora’, surpreenderam Rafael com o garfo na mão, sentaram ao seu lado e disseram apenas:
– Não tenha pressa Rafael, pode terminar o almoço que nós pegamos o cafezinho p’ra voce… – Tudo que ele pode fazer foi juntar os talheres cruzados no prato como manda a etiqueta e dizer ainda com a boca cheia;
– Perdi a fome…
Giló estava na porta da cozinha e tentou sair de fininho. Ao ser interpelado se explicou:
– … Vou só virar o bife para não queimar.
Queimou. Manoel perdeu os socios. Rafael e Rosivaldo Giló não terão mais que se preocupar com comida. Eles comerão de marmita pelos proximos trinta dias no Hotel do Juquinha. Ivam Kheler, empresario de otimas ‘referencias’ e pedigree, está com a barba de molho. Ja Ricardo Filipe, que tem muita coisa para contar, dobrou a serra do cajuru e todas a outras que pode sul abaixo. Para enroscar-se nas malhas da lei, só se os pupilos do delegado Gilson cruzarem a fronteira. Segundo o S.I.P.C. ele agora é um cidadão paraguaio…. mas a batata também assa no Paraguai