Maria da Penha … Protetora das mulheres fracas e oprimidas

       Era uma vez uma jovem biofarmaceutica cearense chamada Maria. Um dia ela conheceu um simpático professor colombiano chamado Marco Antonio e dele se enamorou.

 

        Apesar de saber que o que vem, da Colômbia não se deve cheirar, a jovem e sonhadora Maria se deixou levar na lábia do ‘hermano’ e casou-se com Marco Antonio. Ao assinar a certidão de casamento, sem saber, assinou também o passaporte para o inferno. Foram seis anos de maus tratos, aviltamento e manguara. Tudo causado pelo ciúme exacerbado e doentio que Marco Antonio trouxera da Colombia. Certa noite o marido violento foi ao extremo do ciúme que sentia de Maria. Aproveitando que ela estava placidamente nos braços de Morfeu, Marco Antonio apontou-lhe o revolver e puxou o gatilho. Colombiano é ruim até de pontaria. A penumbra do quarto não lhe permitiu acertar um ponto vital e o tiro atingiu as costas da mulher. Maria não morreu, mas ficou paraplégica. Quando a policia chegou, o professor dissimulado disse que um assaltante havia invadido a casa e atirado em sua esposa.

      Depois de meses internada, Maria voltou para casa e seu martírio foi ainda pior. Entrava no borralho de manha e era trancada em casa para entrar na manguara de tarde. Um dia, ao vê-la na banheira o marido sentiu os ohos brilharem de satisfação e maldade: era hora de terminar o que começara meses atrás… tentou matá-la eletrocutada e não conseguindo tentou afogá-la na banheira. Maria, no entanto tinha uma missão a realizar no século XXI; salvar as mulheres indefesas dos maridos e namorados violentos, por isso sobreviveu também ao afogamento e a eletrocussão. Dias depois conseguiu finalmente sair das garras do marido com as três filhas e foi à luta para mandar o marido assassino para a cadeia.

      Dez anos depois Maria conseguiu sentar Marco Antonio Heredia Viveros no Banco dos Réus. Ele foi condenado a 15 anos de cadeia. Como Fortaleza também é Brasil, ele recorreu e continuou em Liberdade esperneando na justiça. Em 2002, faltando um ano para caducar os crimes cometidos pelo agressor de mulheres, finalmente Marco Antonio foi condenado e preso. Ficou menos de dois anos vendo o sol nascer quadrado!!!

       Maria continuou inconformada com a leniência da justiça brasileira. Mas como brasileiro não desiste nunca, ela continuou na luta. Levou o caso à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da OEA… O episodio de Maria finalmente virou caso de policia e passou a ser discutido e tratado como caso de violência contra mulher no âmbito familiar.

       Em agosto de 2006 as violências contra Maria, cujo nome completo é Maria da Penha Maia Fernandes, virou lei numero 11.340… Lei Maria da Penha. No dia seguinte no dia de janeiro, um valentão caiu nas garras de Maria da Penha e foi conhecer Bangu I.

        A diferença da Lei Maria da Penha para as demais está no rigor e quantidade da pena. Antes o valentão que descia a manguara na mulher, era levado para delegacia, sentava ao piano assinava um TCO e era liberado. Muitas vezes voltava para casa pelo mesmo caminho e às vezes chegava em casa antes da mulher amassada, digo, amada. Agora, se a mulher que recebeu bolachas, socos e pontapés quiser, o brucutu vai direto para o Hotel do Juquinha e quando sair de lá um pouco mais macio, tem que manter-se a mais de 100 metros dela. 

… Mas a lei somente será cumprida se a mulher aviltada, amassada, esfolada, esculhambada e apaixonada… quiser!!!! 

        Maria da Penha teve dignidade e coragem para lutar contra a violência domestica no ambito familiar e mandar o marido valentão para a cadeia. Sua luta tornou-se lei e ela tornou-se a heroína das mulheres fracas e oprimidas. No entanto, milhares de mulheres continuam apanhando dos maridos Brasil afora. Em muitos casos a policia é chamada e faz seu papel. Na delegacia de policia, no momento de assinar a ‘queixa’ contra o brucutu, a mulher ofendida amarela – perdoem-me a grosseria da cacofonia – mija para trás, desiste de processar o companheiro, resolve dar mais uma chance a ele… Voltam para casa de braços dados. Nos primeiros dias trocam juras de amor, uma caixa de bom-bom, um buque de flores e logo tudo volta à rotina… e a falsa Maria da Penha, com ‘m’ minúsculo, continua entrando no borralho o resto da vida. Muitas vezes o resto é apenas um ‘restinho’, dura poucos dias…

        A Lei Maria da Penha está aí para defender todas as Marias. Mas nem todas as Marias são da Penha.

        Você é uma delas…???

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