Acompanhei a primeira “busca & apreensão” de drogas no carnaval de 1981, quando ainda fazia estagio na policia. Quando chegamos na porta da casa do Zetinho do Yara para revistá-la, bateu-me um desanimo. Fiquei tentando imaginar…. Como encontrar alguns baseados ou mesmo um tijolo da cheirosa cannabis ali dentro, ou no quintal? Reviramos cada palmo da velha e grande casa da Rua das Orquideas. Saimos de lá debaixo de xingamentos e ameaças dos familiares por causa da bagunça e o pior… nem cheiro da famigerada maconha encontramos. Nos ultimos trinta anos as tecnicas para localizar drogas em interior de residencias e quintais não evoluiram muito. O que prevalece é a experiencia e o faro policial. Ja os traficantes ficaram bem mais criativos no ‘mocosamento’ da prova do crime.
É comum guardarem o ‘produto comercial’ em potes de açucar, de café, de arroz, em caixas d’agua, dentro de frutas – melão, melancia, mamão – em panelas de comida, recheio de bolo, em cestos de lixo de banheiro, envoltas em fraldas usadas, dentro de aparelhos eletroeletronicos. Se o meliante for mulher, terá uma opção a mais para esconder a droga. E dificil de revistar….Sabe como é, né, se na cadeia elas levam até celular no … “parque de diversoes”, que dirá então umas quarenta pedrinhas beges fedorentas!!! Aliás, duplamente fedorentas… No quintal a droga fica em montes de areia, na casinha do cachorro, no buraco do muro e naturalmente enterradas na horta ou no jardim. È preciso ter paciencia, faro e sorte para achá-la. O ecstazy é facilmente transportado para todo lado debaixo da bateria dentro do celular. Na cadeia se esconde dentro do ‘boi’, amarradas por uma quase invisivel cordinha indiana.
No velho Aterrado tem se tornado corriqueiro esconder a droga nos terrenos baldios, muquifos abandonados, debaixo de pedras, pés de arvore… Toda vizinhança sabe que a droga está ali a espera de um cliente mas nem o mais fissurado dos nóias coloca a mão seca nela sem antes molhar a mão do ‘formiguinha’.
Para burlar a fiscalização dos homens da lei, traficantes de Campo Belo adotaram um novo esconderijo. Guardaram a droga no cemiterio da cidade. Ao chegar para o trabalho outro dia, o coveiro encontrou um estranho pacote escondidinho atras de um tumulo. A principio pensou que fosse um ‘despacho’ ou oferenda de algum parente do morto, tentando sua ressureição ou quem sabe uma exigencia do morto para deixar de assombrar alguem. Na duvida, para evitar assombração, resolveu chamar a policia. Eram 89 pedras de crack, 95 bolas de haxixe, 3 tabletes de pasta base de cocaina e duas balanças de precisão. Os policiais procuraram nas imediações mas o dono da droga ja havia virado fantasma.