Você meu estimado leitor sabe qual é o maior inimigo dos meliantes? Seria a benevolente lei? Ou seria o zeloso promotor de justiça, sempre pronto para pedir sua condenação? Quem sabe o violento policial militar que esfola seu couro em busca da confissão do crime? Ou então o abnegado e incansável detetive que o persegue meses a fio até juntar as provas para manda-lo para a prisão? Não seria o sisudo e insensível homem da capa preta que com sua mão pesada assina sua sentença? Não. Nenhum destes. O pior inimigo do meliante é o seu próprio amigo, o parceiro no crime. Trair o parceiro do crime é assinar a própria sentença de condenação. O processo recebe rito sumario e a execução é imediata.
Prova disso se deu na pequena Baixo Guandu, no noroeste do Espírito Santo nesta quinta feira. Um grupo de seis delinqüentes entre 15 e 17 anos assaltou um posto de gasolina e na fuga cada um tomou um rumo. Quando voltaram a se encontrar para repartir o produto do roubo que ficara com o ‘dimenor’ F.C., este tentou passar a perna nos comparsas. Disse que na fuga, perdera o dinheiro do roubo, cerca de 900 reais. Os cinco assaltantes juvenis não acreditaram na ladainha e resolveram julgar o companheiro. Julgaram, condenaram e executaram. Amarraram suas mãos e pés, deram-lhe um banho de gasolina e colocaram fogo. Só não esperaram para ver como ficaria o churrasco de assaltante traidor. O adolescente justiçado pelos próprios companheiros do crime conseguiu se safar, mas completamente tostado e foi levado para o pronto socorro. Se sobreviver, carregará para sempre as marcas da traição.
O jovem meliante ainda não havia aprendido que as leis do mundo do crime são muito mais duras, rigorosas e cruéis do que as do mundo dos honestos…