Que não existe crime perfeito, o estimado leitor já está careca de saber. O meliante, por mais astucioso e cuidadoso que seja no planejamento e execução do sinistro, sempre deixa o fio da meada exposto para os homens da lei puxarem. Mas têm alguns que deixam não só o fio, mas o novelo inteiro espalhado pelo caminho, quase querendo dizer; “sigam-me”. A primeira bandeira que o trio de assaltantes pés-de-couve deu ao assaltar o supermercado da Artur Ribeiro Guimarães no Noronha, na noite de segunda, foi chamar a atenção de toda vizinhança com tiros a torto e a direito. Eles chegaram por volta de oito da noite, quando os últimos funcionários já se preparavam para baixar as portas, renderam o vigia externo e o levaram para o interior, dominaram os demais funcionários e os clientes e se serviram dos três caixas. Dois deles empunhavam ameaçadores trabucos para garantir que ninguém – além deles – atrapalharia seus planos. Limparam afoitos os caixas e levaram pouco mais do que moedas, cerca de 500 reais. Na saída, mais uma bandeira, passaram a mão numa cesta básica e na compra de um cliente, como se fossem simples ladrões famélicos, passando fome, jogaram nas costas e dobraram a serra do cajuru num Fiat Tipo, cinza, que os aguardava ali perto com um comparsa ao volante.
Quatro meliantes para roubar cerca de quinhentos reais e um fardo de arroz com feijão, farinha e óleo de soja, açúcar e pó de café e responder por roubo a mão armada e formação de quadrilha!!! Ao saírem do supermercado, para mostrar que são perigosos deram gratuitamente vários tiros para o alto. A bandeira maior veio logo a seguir; depois de deixarem o local do crime atraindo os olhares assustados de dezenas de pessoas, foram direto para o esconderijo, há poucos quarteirões dali, na Samuel Libanio. Antes tiveram o cuidado de trocar o Fiat Tipo usado no assalto por um Fiat Uno, mas deixaram o Tipo cinza há poucos metros do muquifo. Não tardou para a PM chegar até o mocó e cerca-lo a espera de reforços. Quando viram os homens da lei entrando pelo ladrão, tentaram vazar pulando muros e quintais; Caíram todos nas malhas da lei. Num carcomido guarda roupa do muquifo estava o fardo de alimentos roubado minutos antes no supermercado…. mais uma bandeira. As roupas usadas no crime, calças e blusas de moleton com capuz de “manos” para esconder a cara feia, também estavam espalhadas pela casa. Os trabucos, um trezoitão e um trintaedoizinho, usados para subjugar as vitimas e mostrar o ‘naipe’ da quadrilha, estavam mocosados no forro do velho muquifo. De quebra, mantinham no mocó balança de precisão, duas barangas de farinha do diabo e outros vestígios de trafico de drogas. Mais ‘bandeirosos’ impossível.
Para não fugirem à regra, o quarteto de assaltantes e mais um quinto que esperava por eles no muquifo, juraram de pés juntos que são inocentes. O Joaquim Roriz, o Jose Roberto Arruda, o Fernandinho Beira Mar também são… Depois de reconhecidos pelas vitimas e platéia do assalto pirotécnico no Noronha, os assaltantes desceram com pulseiras de prata no táxi do contribuinte para a DP, sentaram ao piano, assinaram o 157, 288 e 33 e foram se hospedar no Hotel do Juquinha…. onde não precisarão de cesta básica…