Palmeirenses sentaram ao piano do delegado

DSC05735Não tenho boas recordações de foguetes. A primeira vez que ouvi um foguetório foi no dia 12 de outubro de 1969… Eu estava subindo a Rua Joaquim Camargo, no Bairro da Saude, ao meio dia debaixo de um sol abrasador com minha caixinha de picolé, quando os foguetes saudando a “Padroeira do Brasil” começaram explodir! Até então eu não conhecia este habito dos cristãos Era dez vezes mais do que hoje! Pensei que o mundo estivesse acabando!

A segunda vez que um foguete me assustou foi em num domingo do verão de 1984, também no bairro da Saúde, em frente o Bar do Gomes… Quando chegamos de viagem à Lambari, onde fomos jogar contra o time local, – e vencemos – me pediram para soltar uns foguetes! Ele estava com defeito… Explodiu antes que eu segurasse na extremidade do cabo! Não perdi a mão, mas, além do ‘coice’, ela ficou preta e ressecada com a pólvora!

A terceira vez foi pior! Aconteceu na mesma Rua Evaristo Valdetario no bairro da Saude. Eu não tinha o habito de soltar foguete, mas naquele dia comprei logo três para festejar a vitória do meu time. Quando o jogo acabou, prendi os tres foguetes na grade da janela do lado de dentro da cozinha e acendi o pavio…! Quando o primeiro explodiu os outros dois caíram e explodiram dentro da cozinha. Quase matei minha família do coração! Minha esposa e meus filhos acordaram achando que estávamos no meio da guerra do Iraque!

Depois dessa, eu que já não simpatizava muito com foguetes, cresci, evolui… Nunca mais acendi o pavio de um foguete!

Me afastei definitivamente de foguetes… Mas eles não se afastaram de mim! Nos últimos dez anos, sempre às voltas com muitos cachorros, vi de perto o mal que o barulho dos foguetes faz aos ouvidos ultrassensíveis dos cães.

Durante a Copa do Brasil de 2012 meu vizinho vivia soltando foguetes toda vez que o Palmeiras vencia… E eu arrastando o Atila de dentro de casa, de cima da cama, de debaixo da cama, de cima do sofá…! Num dos jogos, sem encontrar uma porta para entrar, Atila foi se abrigar dentro da churrasqueira! E lá passou o resto da noite tremendo de medo! Pobre bichinho… De 80 quilos!

Mas o pior ainda estava por vir!

Na noite da final daquele mesmo campeonato, salvo engano, dia 17 de dezembro, o Atila havia saído para dar sua voltinha costumeira na rua. Quando o foguetório do meu vizinho comemorando o titulo do Palmeiras começou, meu pobre cachorrinho apavorou-se e saiu correndo sem rumo…! E nunca mais voltou para casa! Na manha seguinte eu o encontrei no final do pontilhão do Baronesa, na BR 459! Seu corpo      estava intacto na pista fria… Só faltava a cabeça!

Os cães possuem audição 80 vezes mais aguçada do que o homem. Se as pessoas que soltam foguetes em via publica, próximo de vizinhos, e de cães! colocassem um amplificador de som no próprio ouvido, jamais voltariam a soltar foguetes!

Se as pessoas que usam foguetes para comemorar suas vitorias ou extravasar suas alegrias, tivessem que levantar cedo para trabalhar no dia seguinte ou, tivessem filhos pequenos em casa, talvez não soltassem foguetes!

Se as pessoas tivessem respeito pelas leis e pelos seus vizinhos, talvez não soltassem foguetes, especialmente depois das dez da noite…!

Bem, mas respeito e bom senso não é um patrimônio acessível a todo cidadão!

Tem muitos que estão ‘fazendo xixi e andando’ para o cães e para os seus vizinhos!

Tem muito cidadão por aí que faz suas próprias leis…! Até que o caldo entorna!!!

Para os cidadãos Lucas Jose da Cruz, Danilo Carlos Deveque e Rodrigo Garcia Felismino… O Caldo entornou!

Na ultima quarta feira, 26, eles estavam assistindo o jogo Cruzeiro x Palmeiras no “Garcias Espeto Bar” na Avenida Moises Lopes no Jardim São Carlos.  Quando o jogo acabou, com vitória fácil do Palmeiras sobre o grande rival – olha o Verdão aí de novo! – eles extravasaram a alegria com foguetes e algazarras… Tudo já no inicio da madrugada!

Os vizinhos, especialmente os vizinhos da rua de trás, reclamaram, mas a galerinha da “T.U.P.” nem ligou!

Como a balburdia no boteco não deixava a vizinhança dormir, a PM foi chamada ao local para fazer cumprir a Lei do Silencio. No entanto, como sempre acontece nestas ocasiões – os baderneiros abaixam o volume na presença dos policiais e quando eles viram a esquina o barulho volta ainda maior! – certamente ficaria o dito pelo não dito… E tudo mais uma vez terminaria em pizza!

Terminaria se não fosse por um pequeno detalhe…!

Dentre os incomodados com o foguetório e a algazarra que vinha do “Garcias Espetos Bar” estava um comerciante, um empresário e… Um Homem da Capa Preta!  Pessoas esclarecidas e conhecedoras da lei e dos seus direitos!

O douto Juiz Tulio Marcio Lemos Mota Naves, um dos dez homens da capa preta que exercem seu mistér e faz cumprir a lei no Forum Orvieto Butti – por sinal a poucos quarteirões dali – naturalmente exerceu o seu lidimo direito de ver a lei cumprida… E o trio responsável pela balburdia recebeu pulseiras de prata e foi fazer silencio na Delegacia de Policia.

Lucas Jose da Cruz, Danilo Carlos Deveque e o dono da bodega, Rodrigo Garcia Felismino, vão responder pelo delito de “perturbação do sossego alheio”, contravenção penal prevista nos artigos 28 e 42 da LCP, cuja pena pode chegar 5 meses de cadeia!

De acordo com a Lei 9.099, o delito comporta ‘transação penal’! No entanto o Homem da Capa Preta e seus vizinhos já deixaram claro que não querem saber de pizza…!

 

 

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