O batateiro do bigode falho

Coreto

Eles passaram horas abraçando a loira gelada e jogando bilhar no barzinho atrás da igreja enquanto o cozinheiro do rancho fazia compras de mantimentos no supermercado do Jairo há poucos metros dali. Alguns eram amigos da lida na lavoura de batata. Outros eram apenas colegas de trabalho na mesma atividade. Por isso mesmo, embalados pelo suco de gerereba dois deles, Brandão e Andrade – eles eram de Bom Repouso e lá meia dúzia de pessoas tem o sobrenome Pereira ou qualquer outro! O restante dos moradores do município ou é Brandão ou é Andrade! – se desentenderam e trocaram farpas & espinhos. No momento do embarque na carroceria do caminhão para voltar ao rancho na lavoura acabaram trocando também alguns pontapés. Não continuaram porque o caminhão já estava de saída e a chuva forte de verão de chegada! Se acomodaram como puderam na carroceria suja de terra, se protegeram com lonas e seguiram para o rancho já debaixo de chuva. Eram oito peões acostumados com a vida rustica e dura da lavoura de batatas. Passavam a semana inteira nos ranhos nos municípios vizinhos. No final de semana moravam na cidade de Bom Repouso!

Aquele final de semana de outubro, por causa da colheita que precisava alcançar preço no mercado, não puderam voltar para casa. Só foram até a cidade porque o cozinheiro precisava comprar mantimentos. Na volta para o acampamento no bairro Catiguá, já debaixo da chuva fria os dois batateiros, Brandão e Andrade, resolveram reacender a discussão e a troca de farpas & espinhos. O caminhão empoeirado fazendo barro, entrou por uma estradinha vicinal margeando o Rio Santa Barbara passou por um mata-burro e em poucos minutos chegou ao acampamento. Todos desceram do caminhão e correram para a proteção do rancho de sapé… Menos um, menos o Andrade! Mas onde estaria ele?

Será que embalado pelo sacolejar do caminhão sob efeito do suco de gerereba teria dormido?

Será que preferira continuar na carroceria do caminhão sob a lona para evitar novos atritos com Brandão?

O motorista foi checar… Andrade não estava lá! Mas onde estaria? O que acontecera?

Será que ele saltara do caminhão em movimento? Teria caído?

Ou quem sabe, empurrado…!?

 

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