Renan Andre… O assassino da cabeleireira Ester é condenado a 9 anos

Tribunal do Juri no Forum da Comarca de Pouso Alegre durante julgamento do assassino de Ester

Tribunal do Juri no Forum da Comarca de Pouso Alegre durante julgamento do assassino de Ester

O julgamento aconteceu na sexta passada, 1º de março. Renan Andre da Silva já estava preso desde o dia 18 de agosto de 2010. Ele fora preso exatas duas semanas depois de assassinar por asfixia a cabeleireira Ester, no interior do quarto do seu salão de beleza na rua Vieira de Carvalho, no coração da cidade. Se a intrépida Ester tivesse saído na janela do seu salão com a boca amordaçada, poderia ter sido vista pelos policiais do outro lado da avenida Dr. Lisboa, no 17º Departamento de Policia Militar. Mas não foi possível. Antes de amordaçar a cabeleireira, por volta de dez e meia da manha do dia 5 de agosto, Renanzinho teve o cuidado de reduzir-lhe a capacidade de reação com um pano embebido em álcool, enterrado em sua garganta.

Ester foi assassinada por volta de onze da manha, no predinho salmão. Do outro lado da Avenida está o predio do 17o Dpto. da Policia Militar.

Ester foi assassinada por volta de onze da manha, no predinho salmão. Do outro lado da Avenida está o predio do 17o Dpto. da Policia Militar.

Apesar da hora e do local – Ester estava sozinha no salão – ninguém viu o assassino entrar e também não viu quando ele saiu levando alguns objetos do salão, entre eles um aparelho de som. O homicida, de comportamento psicopatico, só foi descoberto porque continuou violando a lei. Três meses antes ele já havia realizado um assalto de cinema na Praça João Pinheiro. Dez dias depois de matar a cabeleireira e roubá-la a menos de 50 metros do quartel da PM, ele assaltou três jovens em um apartamento da Rua Afonso Pena. Não matou as três jovens porque não havia motivo. Mas as deixou amordaçadas no banheiro.

Para silenciar de vez a bela cabeleireira, Renan Andre tinha um motivo especial…

Renan Andre:- Ela me entregou pra policia, doutor...

Renan Andre:
– Ela me entregou pra policia, doutor…

 

Assaltante prende dentista e seus clientes no banheiro

        No inicio da tarde desta terça feira, a dentista A.M.M. recebeu um cliente especial em seu consultório na Praça João Pinheiro. O moço feio, branco, alto, jovem, cabelos raspados adentrou o consultório pedindo um orçamento formal para tratar dos dentes. Quando a jovem dentista se prontificou a examiná-lo, ele sacou uma faca de cozinha e avisou que ele é que faria uma cirurgia sem anestesia, se ela não entregasse todo seu dim dim e não se comportasse direitinho.

        Era para ser apenas mais um 157 nervoso e ligeiro, mas de repente a coisa começou a complicar e quase saiu do controle. No meio do assalto chegou o cliente das 02:30h, Sr. M.S.M. 35 anos. Ao deparar com a situação obnubilada tentou sair de fininho mas foi ameaçado pelo meliante e teve que participar do assalto… como vitima. Neste momento de distração a dentista acionou o alarme do consultório e um funcionário da farmácia do seu irmão, que fica no térreo, subiu para ver o que estava acontecendo. Subiu todo jongolhó e acabou entrando também no assalto… como assaltado!

        O efeito cascata do assalto do careca continuou. Na seqüência adentrou o consultório o cliente B.F.S. 60, que fora ali pagar uma consulta e também  passou a fazer parte do roubo à mão armada. Para completar o 157 e deixa-lo ainda mais tenso e nervoso… ou cômico, a vendedora M.S.S. de 24 anos que tem escritório ao lado do gabinete dentário, ao ouvir o burburinho, foi dar uma espiada e acabou entrando também no assalto do careca. No frigir dos ovos, para ir embora “diboinha”, o espigado assaltante trancou todo mundo no banheiro do consultório dentário e dobrou a serra do cajuru levando 5 aparelhos celulares, cerca de 200 reais em cédulas diversas e pequenos objetos de fácil e discreto transporte. A lapiana numero nove do cliente sem dor de dente, não feriu ninguém, mas se ele demorasse mais alguns minutos no consultório da jovem dentista, teria que pedir emprestado o banheiro do vizinho dela para trancar tantas vitimas …..!  

Assaltante amordaça e prende três comerciarias no banheiro na Afonso Pena

 

O assalto às comerciarias nesta rua, dez dias depois de matar a cabeleireira foi o fio da meada que levou os detetives ao assassino.

O assalto às comerciarias nesta rua, dez dias depois de matar a cabeleireira foi o fio da meada que levou os detetives ao assassino.

Na manhã de segunda feira, 16 – de agosto de 2010 – um moço com cara de ‘pelamordedeus’ bateu na porta de um  apartamento ao lado do edifício Teixeira, no centro de Pouso Alegre e pediu um copo d’água. Devia estar com ressaca, pois sorveu lentamente o liquido cristalino, enquanto perscrutava o ambiente e pediu outro. Quando a solícita jovem entrou com o copo vazio ele entrou atrás. E mostrou sua verdadeira sede! Usando uma faca e sua cara de mau para subjugar as duas jovens samaritanas que estavam no apartamento e uma terceira que chegou na hora do assalto, ele amarrou e amordaçou as três mulheres. E roubou tudo que quis.

-Antes de amordaçar a gente ele tentou colocar pedaços de pano em nossa boca, pra gente não gritar, mas nós não deixamos, pois não conseguíamos respirar – contou uma das jovens.

       Do apartamento das moças ele levou dois aparelhos DVDs e um notebook e dobrou a serra do cajuru sem ser incomodado. As comerciarias assustadas somente conseguiram se soltar e botar a boca no trombone três horas mais tarde.

 

Policia Civil prende assassino da cabeleireira

 

Ligando o ‘modus operandi’ dos três casos e as características do assaltante, os detetives Teobaldo e Balca chegaram à ficha do meliante Renan André da Silva, 19 anos, na estrada do crime desde a adolescência. As moças ainda apavoradas reconheceram sua fotografia no álbum da policia. O delegado responsável pela investigação imediatamente solicitou sua prisão temporária. Faltava encontrá-lo!

Com o ‘mandamus’ do Homem, da capa preta, os policiais viraram a noite de quarta em campana, circulando pelo velho Aterrado, tentando localizar o suspeito para interrogatório. Antes de o dia clarear, amigos ocultos da lei, que sentem o cheiro de policia à distancia, ligaram para o detetive Teobaldo;

– Quem vocês estão procurando está mocosado num barraco na rua Sapucaí, na casa da namorada…

Descoberto o mocó do assaltante, os policiais cercaram o local e pegaram Renan ainda de ceroula, antes de o sol mostrar os bigodes. Com ele estava parte dos objetos roubados no prédio da Afonso Pena e objetos roubados também do salão da cabeleireira, contradizendo qualquer negativa sua. Os detetives levantaram mais. Quando praticou o roubo no consultório dentário da rodoviária velha, Renanzinho estava cumprindo pena por furto no Hotel do Juquinha, mas estava na rua gozando o indulto do Dia das Mães!

Interrogado pelos delegados Gilson Baldassari e Tomas Edson que coordenaram as investigações, Renanzinho confessou que matou a cabeleireira Ester por vingança, pois ela o havia reconhecido meses atrás, depois dele ter feito uma ‘fita’ em uma loja, perto do seu salão;

– Ela me entregou pra policia! Eu só fui preso por causa dela…

       Apesar do nome bonito, a vida não sorriu para Renan André. Cresceu ouvindo conselhos e sermões do Juiz da Infância e da Juventude, do Representante do Ministério Publico, dos conselheiros tutelares… Cresceu praticando pequenos furtos e roubos, usando faca para subjugar suas vitimas. Cresceu entre a rua – morando em casebres abandonados – e as pequenas estadias no Velho Hotel da Silvestre Ferraz. Cresceu tomando pancadas dos pais, de policiais truculentos, de presos covardes…

E como o ambiente tende a moldar o homem, ei-lo, assaltando friamente vitimas subjugadas pela lamina fria de uma faca, ceifando vida se for necessário para garantir a execução do crime. Entupir a boca da vitima com pedaços de pano, mesmo que ela morra asfixiada, é só um detalhe, afinal o que vale sua vida! Porque a de outrem valeria mais?

Sua residência mais confortável era o Hotel do Juquinha, de onde saiu em liberdade condicional na quarta feira, 04 de agosto para saborear o prato frio da vingança contra a cabeleira Ester.

 

Renanzinho: Ouvindo sua sentença.

Renanzinho: Ouvindo sua sentença.

       O julgamento do psicopata na sexta passada, durou menos do que se esperava. Cerca de cinco horas. Apesar da simplicidade do julgamento, a matemática da dosagem da pena – para o leigo – é bastante complicada. Primeiro, se ele matou e subtraiu bens, o crime em tese se enquadraria em latrocínio, o que levaria o julgamento para o júri singular e não popular. No entanto, Ministério Publico, Juiz e advogado acordaram em separar o crime de subtração dos bens do salão de Ester do homicídio propriamente dito. Com isso ele foi a Júri Popular. Dezesseis anos e oito meses foi sua condenação por homicídio. Pelo crime de furto recebeu mais dois anos e oito meses, totalizando 19 anos e 4 meses de reclusão. Aí entram as agravantes e atenuantes, tais como o fato de ter confessado o crime – depois que a policia apreendeu as evidencias – o fato de ser menor de 21 anos à época do sinistro e um atestado medico-psiquiátrico provando que Renan é relativamente incapaz! Com isso a pena caiu pela metade; 9 anos e dois meses. Mas o condenado já havia sido julgado anteriormente pelos roubos da Afonso Pena e da Praça João Pinheiro e fora apenado com 10 anos, portanto voltamos ao ponto de partida; O assassino da cabeleireira Ester está condenado a 19 anos de reclusão.

Renan está preso há dois anos e meio. Então vai deixar a cadeia daqui a 16 anos e meio? Não!

Nossa lei processual penal, cheia de brechas, de matemáticas e interpretações continua ampará-lo. Primeiro vem a unificação das penas, onde o total deve cair para uns 15 anos. Se ele tiver bom comportamento poderá progredir para o Regime Semi-aberto depois de cumprir um terço da pena, ou seja: Se tudo correr bem ele poderá assistir de camarote as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, ou quase!

Familiares da cabeleireira Ester, que acompanharam o julgamento, nem fizeram a subtração e já acharam pouco a pena, imagine quando fizerem! Mas assim é a lei… Assim é no Brasil…!

 

0 thoughts on “Renan Andre… O assassino da cabeleireira Ester é condenado a 9 anos

  1. Chips, faço parte do Juri Popular, estive no julgamento da mulher que junto com o amante mandou matar o marido , ali em Inconfidentes. Quando recebi a intimação e fui saber de qual processo era…fiquei com medo e graças a Deus, no dia eu fui liberada por que ja havia participado de um outro julgamento a dois meses atras. Vai que ele marca bem a minha cara e resolve se vingar de mim tbm né. Valeu por mais essa noticia, estava curiosa pra saber o que tinha acontecido 😉

  2. Os policiais tinham é que ter dado sumiço nele, sujeito de alta periculosidade, não respeita a vida alheia. Melhor tirá-lo de circulação definitivamente que deixá-lo livre para matar um cidadão de bem.

    • concordo com você… pena que não é assim!
      um animal desses quando solto, volta a fazer merda dinovo… não tem essa de regeração na cadeia, são poucos! mas esse ai! jamais…

  3. pior nao e isso,e saber q durante as olimpíadas esse bandido estará matando e aterrorizando mais gente.DILMAAAAA muda isso.
    Chips como faço para ser juri???

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