Peixinho… e eu!

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Antes de se mudar da antiga casa da Rua Dom Nery, o medico Celso Lucas encheu sua casa de caixas de papelão para embalar seus pertences e foi passar o final de semana em um sitio. Quando chegou à casa pela manhã na segunda feira, percebeu que parte de sua mudança – televisão, aparelho de som, radio relógio, jóias e pequenos objetos de transporte manual – haviam ‘mudado’ antes da hora… Sem ele!
O médico que até então tinha horror à delegacia de Policia – entrava ali apenas até o setor de registro de veículos e dava graças a Deus quando saia – viu-se obrigado a procurar a Inspetoria de Detetives para comunicar o furto e pedir providencias. Afinal, televisão colorida há trinta anos custava bem mais do que hoje. Contava-se no dedo as casas de Pouso Alegre que tinham mais de uma. Aparelho de som 3×1 era coisa rara. Com salário de policial não se comprava. Jóias eram usadas somente em festas e olhe lá… Seu prejuízo passava de dez mil reais em valores atuais.
Éramos poucos policiais trabalhando. O furto do medico era apenas mais um entre dezenas que aconteciam todos os meses. Seria difícil designar uma equipe para cuidar só daquele caso. O registro do furto, no entanto, veio acompanhado de um pedido pessoal do vereador Firmo da Mota Paes – cunhado de Celso Lucas – um dos advogados mais atuantes na área criminal, amigo pessoal do nosso saudoso Inspetor Ângelo. Por isso entrou na lista de prioridades.
Da leva de detetives da ‘turma de 80’, que marcaria o inicio daquela década com brilhantes atuações, desvendando os principais crimes da cidade e região, eu era o menos experiente… Mas ‘na falta de tu, vai tu mesmo’. Ângelo me apresentou o medico barbudo – ele continua com a mesma barba de sempre! Só mudou a cor – e me passou o caso.
Como toda investigação criminal começa pelo mordomo, comecei investigando a empregada de Celso… Soube então que ela tinha uma irmã, daquelas que gostam de enxada de cabo longo… para ficar longe do trabalho! Ela por sua vez, namorava um sujeitinho baixote, forte, troncudo que morava pelas bandas da Tijuca, o qual às vezes passava com a namorada para visitar a cunhada. Trocando figurinhas com o próprio Ângelo, concluímos que o baixinho forte, cara de mau e coração duplamente mau, era “Peixinho”, dono de uma extensa ‘capivara’ na delegacia, por brigas, furtos e uso de drogas.
Filho do meio entre dez irmãs, cresci nas ruas de Pouso Alegre, trabalhando desde os dez anos para ajudar em casa. Fui office-boy, entregador, flanelinha, vendedor ambulante. – Você leitor que tem cerca de cinqüenta anos e boa memória, lembra-se dos carrinhos de pipoca, amendoim com chocolate, pipoca colorida, Raspadinha? Lembra-se daquele moleque franzino que passava na sua rua ou estacionava o carrinho com quatro garrafas de melado colorido e uma pedra de gelo na esquina da Praça Sen. Jose Bento, perto da Casa Morato? Era eu!!! Vendendo Raspadinha. Foi nessas minhas andanças pelos quatro cantos de Pouso Alegre que conheci o “Peixinho”.
Quase três anos mais velho que eu, o garoto que somente em 82 eu viria saber que se chamava J.B.P. me causava verdadeiro pavor. Hoje quem usa drogas é apenas ‘nóia’. Naquele tempo era “maconheiro”. E maconheiro era “bandido”, “marginal”. Todo maconheiro daquela época era conhecido à distancia… Deixava um rastro de medo por onde passava!
O primeiro maconheiro que conheci foi o “Chibit”, morador do bairro da Saúde. Andava sempre com Zé Pretinho, Jesus Muquirana, seu tio Lazinho e outros que se emendaram, menos ele. Chibit também era um baixote troncudo, debochado cara de pau e de mau. Forte e bom de briga, embora tivesse família ali mesmo no bairro, ele parecia não ter eira e nem beira e vez por outra extorquia os flanelinhas defronte a Faculdade de Direito. Naquela época o curso de Direito era “vago”! A maioria dos estudantes era das cidades e Estados vizinhos. Aulas apenas nos finais de semana. Somente ao ver sua ficha policial anos mais tarde, eu saberia que “Chibit” era corruptela de “Alcebíades”. Ele morreu totalmente inofensivo nos anos 90, nos braços de Severina do Popote, depois de anos vendo o sol nascer quadrado.
Peixinho foi o segundo “maconheiro” que conheci. Também encrenqueiro e amedrontador. Morava nas ‘escarpas’ da famosa Davi Campista, perto da “Zona”, o que aumentava ainda mais o meu temor, pois zona boemia naquele tempo era antro de pecado, corrupção e violência. Toda vez que nos encontrávamos, Peixinho pegava o que queria no meu carrinho, comia na minha presença, lentamente, talvez zombando do meu medo e ia embora sem pagar…! E eu dando graças a Deus por ele não levar minhas moedas e esquentar minha orelha! Agora ali estava eu investigando um crime possivelmente cometido pelo meu velho algoz, terror da minha infância. Jovem policial sonhando prender todos os facínoras da cidade e consertar o mundo eu estava prestes a me defrontar com meu maior inimigo. Como seria?
Através do “mordomo” que indiretamente abriu a porta para o cunhado gatuno entrar, soubemos que o suspeito passava a maior parte do tempo na companhia da namorada em uma pensão da qual era sócio, na área central de Campinas-SP. Tínhamos o fio da meada, precisávamos agora desembaraçá-lo. Telefonar para a congênere de Campinas e pedir para os colegas prende-lo e encaminhá-lo para nós? Sem chance! Mandar uma carta para ele intimando-o a devolver a rés furtiva!!! Insano, hilário e inútil. Esperar que ele voltasse a Pouso Alegre para dar-lhe o pulão, também não adiantaria, pois ele certamente esperaria muito tempo a poeira baixar. Apesar de ser apenas uma suspeita, contundente e provável, a única maneira de confirmá-la seria interrogando o suspeito. Por isso fomos procurá-lo na cidade de Orestes Quércia.
Saímos de manhazinha. Antes das dez chegamos a Campinas. Eu, o detetive Mairinques e a vitima Celso Lucas, no fusca azul escuro dele. Com as informações fornecidas pela cunhada de Peixinho…

Para continuar lendo a historia de Peixinho, meu algoz de infância, acesse www.meninosquevicrescer.com.br

 

Minutos de sabedoria…

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Procure descobrir o seu caminho na vida. Ninguém é responsável por nosso destino a não ser nós mesmos.
Nós é que temos que descobrir a estrada e segui-la com os nossos próprios pés. Desperte para a vida, para a verdadeira vida.
E, se deseja a felicidade lembre-se: voce é o único responsável pelo seu destino.
Supere as dificuldades. Vença os obstáculos e construa sua vida.

 

Tenham todos uma florida primavera…!

O “ali” de mineiro e o “breve” dos políticos..

Posto

Há muito caiu na boca do povo… Já virou tradição! O “trem” e o “ali do mineiro” já fazem parte da cultura brasileira!
Quem nunca aproveitou a oportunidade para plagiar o linguajar do mineiro, que atire a primeira pedra! E é gostoso… relaxante… Mesmo sendo uma palavra mentirosa. Pois quando o mineiro aponta o braço e diz “é logo ali”, já sabemos que pode ser logo depois da casa verde, logo depois do milharal do seu Juca ou quase no pé da serra do cajuru!
Quando o mineirinho tranquiliza:
– Não… Que longe que nada! É só um tirinho de espingarda! – o sujeito que pediu a informação já sabe que a espingarda tem que ser no mínimo um rifle 44, daqueles usados por John Wayne, capaz de acertar o caubói bandido há pelos menos três quilômetros na pradaria do Arizona!
Na contramão dessa comunicação sadia, inofensiva e bem humorada, temos o adjetivo “breve”. Na boca tanto do leigo quanto do literato o breve significa apenas dentro de pouco tempo, mais tarde, amanhã, ou no máximo a semana que vem! Na pior das hipóteses no fim do mês!
Mas se for dito por um politico!!!
Ah, aí o breve muda de figura! Muda mesmo! Vai para o sentido figurado!
Pode ser na semana que vem, no mês que vem, no ano que vem, ou quem sabe… Na véspera da próxima eleição!
Na verdade quando o cidadão politizado ouve do politico a palavra “breve” com referencia a uma obra em andamento ou a iniciar ou o atendimento de um pedido, ele já pode colocar na sua agenda uma data definida; ele sabe ao menos o mês: agosto… De Deus!
O ali do mineiro, embora seja exagerado, é gostoso de ouvir, gostoso de falar, é desinteressado e não faz mal a ninguém.
Já o “breve” do politico soa logo de cara mentiroso! Chega a ser asqueroso, ou, para ser menos agressivo, é desacorçoante!
Toda vez que vemos ou ouvimos de um politico um empostado “breve estaremos iniciando a construção desta escola”…; “breve: mais uma obra da nossa administração”! e tantos outros “breves”, sentimos o cheiro de mentira! Sabemos que o breve será no tempo, muito mais distante do que a distancia do mineiro!
O breve – de articulista, não de politico! – introito tem por objetivo voltar àquela faixa afixada na parede do Posto de Saúde do bairro N.S.Aparecida. E antes que leitor circunvizinho do aludido posto indague surpreso:
– Ué! Aqui no bairro tem Posto de Saude? Onde…? – Espere-me molhar o bico! Estou falando do Posto de Saúde que foi inaugurado para inglês ver. Aliás, agora que a Copa do Mundo já passou e os turistas ingleses, alemães, suecos, chilenos e tantos outros já se foram, bem que poderiam retirar a faixa mentirosa! Mas não. Ela continua lá. Naturalmente depois de sete meses já desbotou… Mas continua lá.
Como deixei claro no post “www.unidade de saúde para inglês ver”, do dia 06/06, vou repetir: Não estou procurando mazelas administrativas pela cidade para publicar aqui no blog. Pois se o fizesse gastaria todo meu tempo somente com isso e o leitor ficaria horas rolando a tela do computador para ler…! Estou falando apenas das mazelas que volta e meia dançam na frente dos meus olhos e algumas até pulam na frente do meu carro com os olhos e os braços arregalados gritando;
-Olha eu aquiiiii!!!
Essa não tem como ignorar! Está no caminho da roça pra mim! Passo por ali desde o inverno de 1969 quando acompanhava meu pai de madrugada em busca de trabalho na Cemig… Era apenas uma estradinha vermelha ladeada de barranco! Já no ano seguinte, na construção do bairro Santa Doroteia, bem defronte o hoje “posto de saúde morto sem nunca ter nascido” aconteceu uma tragédia… Um barranco da obra de rede de esgoto desmoronou e matou soterrados três pedreiros. Meu pai tinha acabado de sair da valeta. Eu estava lá, a poucos metros, com minha caixa de picolés da sorveteria do ‘seu’ Ferreira!
Talvez sejam os fantasmas daqueles três pedreiros que não deixam o posto de saúde entrar em funcionamento! Fantasmas ou não, o fato é que o Posto de Saúde do Bairro N.S.Aparecida inaugurado pela prefeitura no dia 12 de fevereiro, completou 7 meses na ultima sexta feira sem nunca abrir as portas! – Alias, abriu naquele longínquo dia 12, para receber a comitiva e posar para fotografias! – Mas o imóvel consome no mínimo energia elétrica e aluguel, pagos com o seu, o meu, o nosso dim-dim!
O presente artigo não tem por finalidade denegrir a administração municipal. Até porque, este blogueiro e o alcaide, embora não sejam amigos de dividir copos & talheres ou sonhos & segredos, são vizinhos e amigos no cotidiano – o prefeito está lendo o livro “Meninos que vi crescer”! Nos encontramos no Festival Sabores & Saberes de Santana no dia 30 pp. e depois do afetuoso abraço e algumas amenidades próprias de pessoas publicas, autografei o livro pra ele e recebi os votos de sucesso! Ao contrario de atirar pedras, a crônica serve de veiculo de informação! Talvez o prefeito não saiba que o referido posto, que deveria entrar em funcionamento em maio e atender milhares de pessoas no seu entorno e enriquecer sua administração, não passa de mais uma mentira da língua portuguesa!
Enfim, o “ali” de mineiro e o “breve” dos políticos estão no topo das palavras mentirosas da língua pátria. Com a diferença que a mentirinha do mineiro é gratuita, bem humorada e leva o cidadão apenas um pouco mais longe do que ele esperava…! Enquanto a mentirinha dos políticos, além de enganar os cidadãos de boa fé pagadores de impostos, leva a classe politica cada vez mais para o abismo do descrédito…!

 

O “breve” do Posto de Saúde do bairro N.S.Aparecida em Pouso Alegre está completando hoje, 18 de setembro de 2014 – melhor citar dia , mês e ano para não confundir o leitor! – 206 dias!

Êta brevezinho mentiroso, sô…!

Mauritania Furtado… O anjo de Borda da Mata

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Passava poucos minutos da uma da tarde ensolarada quando os dois amigos se encontraram na Praça Dom Otavio, defronte o Palácio do Bispo em Pouso Alegre.
– Está tendo festa na Borda… Vamos vender pipoca lá…? – Instigou o mais velho.
– Vamos! Mas como a gente vai? – indagou o mais novo.
– Vamos a pé, ué… Empurrando o carrinho!
E saíram os dois garotos de calça curta estrada afora empurrando o carrinho de pipocas coloridas e amendoim com chocolate! Às sete da noite da noite entraram na cidade de Borda da Mata! Era dia de festa da padroeira N.S.do Carmo. As ruas estavam empinhocadas de gente. Atendendo os pedidos de alguns garotinhos curiosos os dois pequenos aventureiros viraram a primeira esquina saindo da rua principal. Pararam casualmente diante da terceira casa da rua. Ainda atendendo a criançada que nunca tinha visto pipocas coloridas e o delicioso amendoim envolto em chocolate, o mais novo pediu um copo d’agua a uma bela e simpática senhora ali defronte. Antes de adentrar a casa ela fez algumas perguntas. Voltou dois minutos depois trazendo o copo d’agua. E trouxe também algo muito melhor, que não havia sido pedido… Dois pratos alombados de arroz branco com feijão de caldo grosso e bife de alcatra…! Sentados ali na calçada na frente da casa, os dois garotos comeram a refeição mais saborosa de suas vidas!
A bela senhora morena de meia idade não tinha asas, mas foi o anjo daqueles dois garotos que haviam acabado de caminhar 27 quilômetros empurrando um carrinho de pipocas. Seu nome era Mauritania. Mauritania Furtado!
O garoto mais velho, 14 anos, chamava-se Rui de Paula. O mais novo, 12 anos, vendedor de pipocas, chamava-se Airton Ferreira de Matos. Dez anos depois ganharia o apelido de “Airton Chips”! Era 16 de julho de 1971…
Na manhã desta quarta, 17, voltei à Borda da Mata… – desta vez de carro! – Fui visitar meu “Anjo da Borda…” e levar-lhe um exemplar autografado do livro “MENINOS QUE VI CRESCER”! Aos 87 anos a viúva Mauritania conserva a mesma simpatia e bondade de 1971. Não me deixou sair de lá sem tomar ao menos um guaraná gelado! Concordou até em posar para fotografia comigo! Coisa rara, pois é avessa a fotos. – Também, não é todo dia que se pode posar ao lado de um garoto a quem serviu carinhosamente um prato de arroz com feijão e bife há 43 anos!
Vida longa Mauritania, meu “Anjo da Borda”, vida longa com saúde e alegria!

O desfecho deste fato acontecido há 43 anos está no livro www.meninosquevicrescer.com.br. A historia completa está na pagina 239 com o titulo: “O mistério do Coisa Ruim da Borda”.

• O livro pode ser encontrado na “ARTEC PAPELARIA, na Praça N.S.do Carmo em Borda da Mata.

 

Saiu a condenação da Quadrilha da Arapongas

Bruna Fatima, o namorado, o ajudante de ordens e o "dimenor" ja na DP...

Bruna Fatima, o namorado Marcos Vinicius de Lima, o ajudante de ordens, Maycon Cesra e o “dimenor” LBS ja na DP… – Cana leve!

Apesar do vasto dossiê corroborado com a apreensão de razoável quantidade de droga, a pena dos traficantes foi branda. Bruna Fátima de Oliveira Almeida, a dona da casa que servia de biqueira e o ajudante de ordens Maicon Cesar Inácio Vieira pegaram pena abaixo da mínima: 2 anos e onze meses! Marcos Vinicius de Lima, o amasio de Bruna, foi condenado a 5 anos e 10 meses. O garotinho LBS, de 17 anos, naturalmente ficou apenas com o puxão de orelha.
A prisão do quarteto fantástico da Rua Arapongas aconteceu na tarde chuvosa do dia 15 de outubro de 2013. Antes de dar o pulão nos traficantes, a equipe de detetives chefiada pelo delegado Gilson Baldassari filmou literalmente por mais de uma hora a movimentação no muquifo…
– Os nóias chegavam a fazer fila para comprar a droga – contou o delegado na ocasião.
Apesar disso, como é a primeira vez que recebem as pulseiras de prata e sentam ao piano do Homem da Capa Preta, receberam uma pena que mal faz cócegas. Bruna e Maicon Cesar já poderão voltar para a Rua Arapongas no mês que vem. Se continuarem a enfumaçar o bairro com o cigarrinho do capeta, poderão se encontrar com Marcos Vinicius antes de ele cumprir um terço da pena…!

Maconha

 

Mariana Valentina foi pra casa…

Imagem ilustrativa

Imagem ilustrativa

Mariana Valentina, a fujona que sacudiu a imprensa e a opinião publica há duas semanas depois de sair pela janela do banheiro onde nascera para dar um rolê pelo telhado do prédio contíguo em trajes de Eva, ainda com a placenta da mãe atrelada ao umbigo, deixou a UTI Neonatal do Hospital Regional Samuel Libânio em Pouso Alegre. O pomposo nome de Mariana Valentina – e foi de fato valente! – ela ganhou ainda no hospital, onde se hospedou durante 12 dias, desde o momento seguinte ao resgate até o completo restabelecimento do susto!
No inicio da tarde deste sábado, 13, a bebezinha aventureira recebeu alta hospitalar e foi morar com vovó Maria Gorete Carlos, 50, em Itajubá. A guarda provisória foi conseguida pela avó materna na justiça.
Taynara Priscila da Silva, 22, a mãe de primeira viagem, que continua jurando de pés juntos que desconhecia a gravidez até ver a filhinha escorrendo para seus braços no banheiro, esteve presa no hospital regional desde a noite do imbróglio, vigiada por uma agente prisional. Na quinta, 04, ela subiu no Taxi do Magaiver para o Hotel do Juquinha. Mas, como autoriza a lei processual penal brasileira, retomou a liberdade antes mesmo do apagar das luzes da quinta. Não chegou a esquentar a ‘jega’ do famoso hotel. Sequer saboreou o ‘bandeco’ da noite; uma das tres refeições diárias bancadas pelo contribuinte.
De acordo com o Inquérito Policial já concluído e enviado à justiça pelo delegado Renato Gavião, Taynara, a mãe que quase matou a filhinha durante o estado puerperal, aliás surto que pode acometer, como dissemos até a mais prendada das mães, responderá por tentativa de infanticídio, cuja pena varia de 2 a 6 anos de cana. Como já dissemos anteriormente em nossa única abordagem do caso, Taynara não chegará a ver o sol nascer quadrado. No máximo será condenada a prestar serviços comunitários por dois ou três anos! Quem sabe numa creche!?
Tudo de acordo com o andar da carruagem da lei…!
Ainda bem que Mariana Valentina foi valente…!

 

Peixinho… E eu!

Peixinho atravessou o Mandu a nado... Algemado!

Peixinho atravessou o Mandu a nado… Algemado!

Em meados de 82, o médico Celso Lucas se preparou para mudar-se da Rua Dom Nery – onde funciona hoje uma lanchonete – por isso, como todo ‘mudante’, encheu sua casa de caixas de papelão para embalar seus pertences. Antes da mudança, foi passar o fim de semana em um sitio. Quando chegou à casa pela manhã na segunda feira, percebeu que parte de sua mudança – televisão, aparelho de som, radio relógio, jóias e pequenos objetos de transporte manual – haviam ‘mudado’ antes da hora… Sem ele! O médico que até então tinha horror à delegacia de Policia – entrava ali apenas até o setor de registro de veículos e dava graças a Deus quando saia – viu-se obrigado a procurar a Inspetoria de Detetives para comunicar o furto e pedir providencias. Afinal, televisão colorida há trinta anos custava bem mais do que hoje. Contava-se no dedo as casas de Pouso Alegre que tinham mais de uma. Aparelho de som 3×1 era coisa rara. Com salário de policial não se comprava. Jóias eram usadas somente em festas e olhe lá… Seu prejuízo passava de dez mil reais em valores atuais.
Éramos poucos policiais trabalhando. O furto do medico era apenas mais um entre dezenas que aconteciam todos os meses. Seria difícil designar uma equipe para cuidar só daquele caso. O registro do furto, no entanto, veio acompanhado de um pedido pessoal do vereador Firmo da Mota Paes – cunhado de Celso Lucas – um dos advogados mais atuantes na área criminal, amigo pessoal do nosso saudoso Inspetor Ângelo. Por isso entrou na lista de prioridades.
Da leva de detetives da ‘turma de 80’, que marcaria o inicio daquela década com brilhantes atuações, desvendando os principais crimes da cidade e região, eu era o menos experiente… Mas ‘na falta de tu, vai tu mesmo’. Ângelo me apresentou o medico barbudo – ele continua com a mesma barba de sempre! Só mudou a cor – e me passou o caso.
Como toda investigação criminal começa pelo mordomo, comecei investigando a empregada de Celso… Soube então que ela tinha uma irmã, daquelas que gostam de enxada de cabo longo… para ficar longe do trabalho! Ela por sua vez, namorava um sujeitinho baixote, forte, troncudo que morava pelas bandas da Tijuca, o qual às vezes passava com a namorada para visitar a cunhada. Trocando figurinhas com o próprio Ângelo, concluímos que o baixinho forte, cara de mau e coração duplamente mau, era “Peixinho”, dono de uma extensa ‘capivara’ na delegacia, por brigas, furtos e uso de drogas.
Filho do meio entre dez irmãs, cresci nas ruas de Pouso Alegre, trabalhando desde os dez anos para ajudar em casa. Fui office-boy, entregador, flanelinha, vendedor ambulante. – Você leitor que tem cerca de cinqüenta anos e boa memória, lembra-se dos carrinhos de pipoca, amendoim com chocolate, pipoca colorida, Raspadinha? Lembra-se daquele moleque franzino que passava na sua rua ou estacionava o carrinho com quatro garrafas de melado colorido e uma pedra de gelo na esquina da Praça Sen. Jose Bento, perto da Casa Morato? Era eu!!! Vendendo Raspadinha. Foi nessas minhas andanças pelos quatro cantos de Pouso Alegre que conheci o “Peixinho”.
Quase três anos mais velho que eu, o garoto que somente em 82 eu viria saber que se chamava J.B.P. me causava verdadeiro pavor. Hoje quem usa drogas é apenas ‘nóia’. Naquele tempo era “maconheiro”. E maconheiro era “bandido”, “marginal”. Todo maconheiro daquela época era conhecido à distancia… Deixava um rastro de medo por onde passava!
O primeiro maconheiro que conheci foi o “Chibit”, morador do bairro da Saúde. Andava sempre com Zé Pretinho, Jesus Muquirana, seu tio Lazinho e outros que se emendaram, menos ele. Chibit também era um baixote troncudo, debochado cara de pau e de mau. Forte e bom de briga, embora tivesse família ali mesmo no bairro, ele parecia não ter eira e nem beira e vez por outra extorquia os flanelinhas defronte a Faculdade de Direito. Naquela época o curso de Direito era “vago”! A maioria dos estudantes era das cidades e Estados vizinhos. Aulas apenas nos finais de semana. Somente ao ver sua ficha policial anos mais tarde, eu saberia que “Chibit” era corruptela de “Alcebíades”. Ele morreu totalmente inofensivo nos anos 90, nos braços de Severina do Popote, depois de anos vendo o sol nascer quadrado.
Peixinho foi o segundo “maconheiro” que conheci. Também encrenqueiro e amedrontador. Morava nas ‘escarpas’ da famosa Davi Campista, perto da “Zona”, o que aumentava ainda mais o meu temor, pois zona boemia naquele tempo era antro de pecado, corrupção e violência. Toda vez que nos encontrávamos, Peixinho pegava o que queria no meu carrinho, comia na minha presença, lentamente, talvez zombando do meu medo e ia embora sem pagar…! E eu dando graças a Deus por ele não levar minhas moedas e esquentar minha orelha! Agora ali estava eu investigando um crime possivelmente cometido pelo meu velho algoz, terror da minha infância. Jovem policial sonhando prender todos os facínoras da cidade e consertar o mundo eu estava prestes a me defrontar com meu maior inimigo. Como seria?
Através do “mordomo” que indiretamente abriu a porta para o cunhado gatuno entrar, soubemos que o suspeito passava a maior parte do tempo na companhia da namorada em uma pensão da qual era sócio, na área central de Campinas-SP. Tínhamos o fio da meada, precisávamos agora desembaraçá-lo. Telefonar para a congênere de Campinas e pedir para os colegas prende-lo e encaminhá-lo para nós? Sem chance! Mandar uma carta para ele intimando-o a devolver a rés furtiva!!! Insano, hilário e inútil. Esperar que ele voltasse a Pouso Alegre para dar-lhe o pulão, também não adiantaria, pois ele certamente esperaria muito tempo a poeira baixar. Apesar de ser apenas uma suspeita, contundente e provável, a única maneira de confirmá-la seria interrogando o suspeito. Por isso fomos procurá-lo na cidade de Orestes Quércia.
Saímos de manhazinha. Antes das dez chegamos a Campinas. Eu, o detetive Mairinques e a vitima Celso Lucas, no fusca azul escuro dele. Com as informações fornecidas pela cunhada de Peixinho…

Para continuar lendo a historia de Peixinho, meu algoz de infância, acesse www.meninosquevicrescer.com.br

 

Agentes descobrem chinelo falante no Hotel do Juquinha

Um chinelo muito especial...!

Um chinelo muito especial…!

Há alguns meses os agentes que fazem a segurança interna do Hotel do Juquinha perceberam à distancia que um preso, vez por outra, usava um chinelo tipo havaianas colado ao rosto!

Estaria o preso usufruindo do próprio chulé?

Estaria ele curtindo uma paixão doentia pelo chinelo?

Ou o chinelo guardaria algum segredo irrevelável…!

Para descobrir o misterio, a direção de segurança do presido armou a arapuca… Fez uma visita surpresa no apartamento 45 e pegou no pé – nos sentidos figurado e literal – do hospede Wellington Martins de Souza, o Zinho. Ao vistoriar o pé do chinelão 44, percebeu logo que a coisa não cheirava bem – também nos dois sentidos – e descobriu o mistério… Zinho usava o pisante para falar ao celular!!! Ele havia feito um buraco no pé-de-chinelo e assim bastava descolar uma sola falsa e se comunicar com o mundo que ele abandonou aqui no dia em que resolveu vender cocaína…!

Portar ou usar aparelho celular no interior do presidio – ainda – não é crime. Mas é considerado infração grave de acordo com o regulamento interno do Hotel do Juquinha. Por isso Wellington Zinho Martins sentou no banco dos réus, quero dizer no banco do Conselho Disciplinar do Presidio. Interpelado pelos conselheiros ele contou que certo dia, estando no banho de sol, de repente um OVNI sobrevoou o pátio e pousou abruptamente no chão duro de cimento… Todos ficaram com medo de tocar no OVNI! Ele, que, apesar de apenas vinte e um anos já conhece varias penitenciarias do Estado, já se hospedou na APAC, já participou de motim em presido, já participou de quadrilha, já destruiu bens públicos e já vendeu drogas com “Dimenor” e portanto é mais experto que os outros, pegou o OVNI e levou para o seu apartamento. Depois de constatar que se tratava de um celular passou a usá-lo às escondidas. Inclusive, para evitar que algum agente resolvesse confisca-lo, fez o fundo falso no seu chinelo para camufla-lo…

Zinho... Apesar da pouca idade já bem rodado!

Zinho… Apesar da pouca idade já bem rodado!

Zinho está hospedado no Hotel do Juquinha desde  dia 30 de julho de 2013, quando foi preso na companhia do ‘dimenor” “Leu” – Zinho & Leu, os formiguinhas da João Sabino – com 16 barangas de cocaína escondidas debaixo de uma pedra no velho Aterrado!

Como era de se esperar, o Conselho Disciplinar do Hotel do Juquinha considerou Zinho culpado por mocosar o celular no chinelão chulezento. A pena foi cumprida imediatamente: 30 dias de isolamento no interior do apartamento 45, sem direito à visitas e sem banho de sol! … E sem direito de se comunicar com os ‘parças’ cá de fora…!

 

PM estoura Biqueira no “Beco do Berilo”

Sao mGonçalo

O famoso Beco do Berilo no bairro Inconfidentes em São Gonçalo do Sapucaí, é notório ponto de comercio ilegal de drogas e afins. A Biqueira móvel tem sido alvo frequente das patrulhas da policia militar. Ao pé da noite desta quarta, depois de receber denuncias de amigos ocultos da lei que ouviram disparos de arma de fogo no local, os homens da lei fizeram mais uma batida no beco. Dois policiais chegaram à pé, disfarçados e ficaram na moita observando o movimento. Quando deram sinal para aproximação das viaturas, o trio Leandro Theodoro Arantes, Ikaro Ariel Silva de Souza e Greison Eduardo da Cruz passou sebo nas canelas e tentou dobrar a serra do cajuru, mas… Correram direto para os braços dos dois policiais! Leandro Theodoro no entanto foi mais ligeiro… De um salto pulou o muro de um lote vazio e soverteu!

Quando os policiais varreram o terreno à procura de Leandro, acabaram encontrando dois trabucos carregados até a boca de pequenas azeitonas calibre 22 e cinco barangas de cocaína!

Enquanto isso…

Leandro Theodoro Arantes: Jogou os trabucos e a droga no mato e foi esconder debaixo da cama do vizinho

Leandro Theodoro Arantes: Jogou os trabucos e a droga no mato e foi esconder debaixo da cama do vizinho..

Estava o cidadão Jacy Estevam no aconchego do seu lar, se preparando para ver o Tricolor Paulista 4×2 no Botafogo, quando um cidadão entrou esbaforido em sua casa e foi logo avisando:

– Fica ‘diboa’… Faz de conta que não me viu!

Mas Jacy vira sim! Ao perceber o clarão das lanternas dos policiais que vasculhavam as imediações do beco, Jacy foi ao seu encontro e informou:

– Acho que sei onde está quem vocês estão procurando! Ele acabou de invadir minha casa…

Leandro Theodoro Arantes foi içado de sob a cama do sr. Jacy, ao lado do Beco do Berilo. Ele levava na algibeira R$351 em dinheiro de porta de igreja, proveniente provavelmente da mercancia de drogas.

Para corroborar com os indícios do trafico de drogas e porte de armas, Greison Eduardo da Cruz, um dos que caíra nos braços dos policiais logo na entrada do beco, disse que fora ali para comprar farinha de Leandro. Ikaro tentou tapar o sol com a peneira alegando que é apenas usuário de drogas e mora com Leandro. E não sabia que ele portava armas!!

Baseado no principio de “diga-me com quem tu andas que te direi quem sois”, além do fato de que nem Leandro e nem Ikaro exercem atividade laborativa remunerada, não vivem de rendas e nem ganharam recentemente na mega sena, e ainda, baseado nos relatos dos policiais militares, o paladino da lei fritou o trio nas iras da lei penal.

Greison Eduardo, que fora apenas comprar farinha na biqueira assinou o 28 e jurou de pés juntos que irá se apresentar ao Homem da Capa Preta para receber o puxão de orelha.

Ikaro

Ikaro Ariel Silva de Souza: Foi pego sem drogas mas … “o passado condena”!

Ikaro, que não tem asas mas tentou voar dos homens da lei, assinou o 35 da Lei 11.343. Seu sócio majoritário no crime assinou a bronca majoritária: 33 e 35 por trafico e associação para o trafico; 12 da Lei 10.826 pelos dois trabucos municiados. E de quebra assinou também o 150 do CP por visitar o lar-doce-lar do vizinho do beco, Sr. Jacy Estevam, sem ser convidado! Os dos sócios no trafico deixaram as imediações do Beco do Berilo no final da noite desta quarta,10 e se mudaram para o Hotel do Juquinha!

 

Menino que vi nascer é preso desenterrando cocaína…

Ramon Fonseca... Menino que aprendeu engatinhar e deu os primeiros passos na minha casa!

Ramon Fonseca… Menino que aprendeu engatinhar e deu os primeiros passos na minha casa!

O fato aconteceu às três e meia da tarde desta quarta quente, 09 de setembro, numa mata a oeste da Lagoa da Banana no velho Aterrado.
Ao fazer patrulhamento pelas imediações o sargento Henrique e seus soldados Adenisio e Everton perceberam dois jovens com pinta de somongó entrando na mata. Desconfiados das pretensões da dupla, o trio encostou a Arca de Noé, entrou cada um numa direção e armaram a arapuca. Quinze minutos depois depararam com um deles ajoelhado ao chão cavoucando igual tatu… Com as mãos!
O tesouro que o garoto desenterrava eram 400 barangas de farinha do capeta embaladas nas tais capsulas ‘ependorf’, pouco mais de meio quilo de cocaína, prontinha para ser vendida a dez reais cada uma. Além das capsulas cheias, no buraco do tatu havia mais um saco com cerca de duas mil capsulas vazias.
Ao ver o cano frio da .40 dos policiais apontando para sua cabeça, o jovem Ramon Fonseca Machado não reagiu e nem tentou tapar o sol com a peneira. No momento da prisão o celular de Ramon recebeu mensagens do tipo:
“E aê Diou, você já pegou… Tá demorando muito”. “E aê, mano, vai rapidão, pega pa nóis”,
o que faze crer que ele era apenas o “mula” que fora buscar a droga no mato. No entanto, Ramon assumiu a paternidade da farinha e não entregou o ‘patrão’.
Já ao piano do delegado de plantão, depois de alguns minutos no confessionário com seu advogado, Ramon jurou de pés juntos que a farinha não lhe pertence e disse ainda que nem estava perto da droga quando ele foi encontrada pelos policiais.
– Eu fui lá pegar o cavalo para o meu tio – disse ele tropeçando nas palavras.
Só não conseguiu explicar muito bem porque estava com as mãos sujas de terra parecendo um tatu!

Com a prisão do mulinha Ramon, "Tom" ou quem quer que seja o patrão dono da farinha, perdeu no varejo cerca de 4 mil reais...

Com a prisão do mulinha Ramon, “Tom” ou quem quer que seja o patrão, dono da farinha, perdeu no varejo cerca de R$ 4 mil …

Ramon Fonseca Machado não é um “Menino que vi crescer”… Ele é mais do que isso! Ramon foi gestado na minha casa no bairro das Saude há 20 anos. Foi lá que ele engatinhou, fez xixi no chão, fez as primeiras birras, deu os primeiros passos e aprendeu falar ‘mamã’ e ‘titio’… – o pai era ausente. Eu fui a primeira figura, digamos paterna, que lhe fez bilu-tetéia, deu carrinhos e bolas de presente além das que ele usava dos meu filhos pre-adolescentes! Fui eu quem puxou suas orelhinhas e o colocou para pensar no banquinho atrás da porta quando fazia suas birras próprias da idade! Sua mãe W, que eu conhecia desde mocinha, tinha duas garotinhas em fraldas quando começou trabalhar na minha casa. Logo Ramon surgiu em seu ventre. Depois que nasceu continuar a atravessar a cidade nos seus braços a caminho do trabalho. Cresceu miúdo, mas firme e forte na companhia da mãe e do padrasto A., também meu amigo do futebol. Apesar da vida humilde e sem conforto numa casinha sempre em construção no velho Aterrado, até ontem à tarde Ramon nunca tinha feito W. chorar! – E olhe que ela chorou bastante! Desde o final da tarde de ontem até às sete e meia da manhã de hoje, quando me ligou pedindo orientação!
Ramon, 19 anos, subiu no final da noite para o Hotel do Juquinha. É seu primeiro 33. Como é primário, tem residência fixa, trabalho, ainda que de servente, e menos de 21 anos, deve pegar pena mínima reduzida de um terço. Dependendo do seu comportamento prisional poderá progredir para ao Regime semiaberto depois de cumprir um terço da pena. Ou seja; poderá voltar para casa em menos de dois anos.
Eis aí um “Menino que vi – nascer e – crescer”, cuja historia espero escrever um capitulo só!