Visitei a mulher do Zorro…

     Além de ‘justiceiro’, o marido dela foi um ‘bom malandro’!

Zorro ou não, Moacyr Bocudo resgata um trecho valoroso da nossa história através do seu livro “Memórias de um Bom Malandro”.

Semana passada, durante minha estadia em Pouso Alegre, estive visitando a sra. Creusa Vilas-Boas. Ela é uma daquelas ávidas leitoras de tudo que eu escrevo. “Eu sigo você, Chips, desde os tempos do Plantão Policial na Rádio Clube (inicio dos anos 80), disse ela”. Creusa foi uma das primeiras a comprar – e ler – o livro “Quem matou o suicida”. Faltava o autografo, por isso eu fui visita-la!

A visita teve um motivo especial. Creusa é viúva do sr. Moacyr Honorato dos Reis, conhecido pela alcunha de “Moacir Bocudo”, barbeiro, aventureiro e escritor autodidata – como ele mesmo se definiu – e ainda por cima… ‘justiceiro’ nas horas vagas!

Nunca fui próximo de Moacyr Bocudo, mas convivi com ele, fugi dele e ele de mim durante muitos anos! – Controverso, ele era amigo próximo de alguns policiais e persona ‘non grata’ para outros. Apesar disso, nunca tive nenhum atrito com ele e sempre nos respeitamos. Passei a respeitá-lo ainda mais quando ele publicou seu livro “Memórias de um Bom Malandro”, em 1996.

Prefaciado pelo saudoso Urias de Andrade, que, mal comparando, diz “Tal qual Jean Jaques Rousseau, Moacyr também se propôs colocar diante de seus semelhantes a verdade por inteira da natureza do homem que ele é…”. E diz adiante: “Moacyr soube tirar proveito do curso – e do decurso – que fez na universidade da vida…”.

Sem viajar nos livros escolares além do quarto ano primário, Moacyr viajou muito, nos dois sentidos. No literal geograficamente e no figurativo, nas narrativas de suas aventuras… rsrsrs! Mas adquiriu muita vivência e cultura – e, talvez por isso mesmo não teve tempo de estudar. E deixou uma obra bem interessante.

Apesar da pobreza de vocabulário, Moacir Bocudo conseguiu pintar muito bem os traços e costumes da época! Quando ele chegou à juventude, Pouso Alegre tinha cerca de vinte mil habitantes. Como registro histórico de uma bucólica e romântica época, “Memórias de um Bom Malandro” é de um valor inestimável!

Memórias de um bom malandro não foi o único feito histórico de Moacyr Bocudo… Ele incorporou também um famoso e lendário herói! Nada menos do que o justiceiro mascarado conhecido pela alcunha de “Zorro”! segundo ele próprio admite e confessa, vinte anos depois que o ‘Sargento Garcia’ e seus soldados pararam de caçá-lo ali nas bandas do “Quatro Cantos”!

Nos anos 70 um mascarado misterioso cortou na guasca muitos maridos infiéis que frequentavam a Zona Boêmia da David Campista, em Pouso Alegre. Na época, a pedido de alguns figurões da sociedade que costumavam frequentar a zona do baixo meretrício e chegavam em casa com o lombo ardendo, a policia civil passou a dar plantão na Zona para prendê-lo. Mas, como todo malandro que conhece a policia, Zorro, então na pele de ‘Dom Diego’, conhecia os policiais e portanto, saiu de cena.

A sra. Creusa pode se gabar de ter sido casada com o Zorro e com um “bom malandro”!

Muitos anos e muitas aventuras depois, passada a caçada ao ‘justiceiro mascarado’ da rua David Campista – que poderia render-lhe diversos processos por lesões corporais – Moacyr reivindicou o título de “Zorro da Zona Boemia”.

Segundo minhas investigações, há controvérsias!

Infelizmente nosso controverso herói nos deixou em 2007, antes de sentar-se ao meu piano e tentar me convencer da veracidade da sua confissão pública.

Zorro ou não, Moacyr Bocudo resgata um trecho valoroso da nossa história através do seu livro “Memórias de um Bom Malandro”.

 

Ah, a costumeira foto da sra. Creusa com meu livro autografado?

Fico devendo!… Ela, ao contrário do saudoso marido, é avessa às fotografias. Mas o carinho com o qual ela me recebeu em sua casa – muito próximo do palco das aventuras aqui citadas – ficou emoldurado na minha memória e no meu coração.

A “Lenda do Zorro da Zona Boemia” começa na página 303 do livro “Quem matou o suicida”…

 

Simplória & Finório caíram nas malhas da lei

Na lista negra da justiça em vários estados da federação, o casal estava a caminho de Pouso Alegre para – provavelmente – aplicar mais um Conto do Bilhete Premiado!

O vigário da paroquia não tem nada a ver com essa história…. Mas foi sua tentativa, vã, de convencer os fiéis – ou infiéis! – a trilhar os caminhos de Deus, que deu origem ao epíteto “Conto do Vigário’!

Contos do vigário Brasil afora é o que mais tem… e vigaristas também! Só em Brasília existe muito mais de cem!

O famoso conto do vigário – nascido injustamente da árdua missão do padre em tentar conduzir seu rebanho nos caminhos de Deus – tem diversas modalidades:

Tem o conto do “sobrinho e o carro quebrado” na estrada;

Tem o conto do “príncipe encantado”;

O conto do “carro sorteado” no Programa do Silvio santos;

Tem o “conto do benzedor”! – leia depois…

Tem o “conto do sequestro” e tantos outros contos mal – ou bem – contados para tirar o dimdim dos incautos cidadãos.

 

Dentre tantos, o mais comum é o famoso conto do “Bilhete Premiado”, aplicado pelos ‘artistas’ “Simplório & Finório” em vitimas idosas e aparentemente ingênuas… e outras nem tanto!

Neste, é preciso a participação de dois ou três vigaristas para fazer a encenação.

 

Prender os vigaristas que aplicam tais golpes é mais difícil do que achar um bilhete premiado – de verdade – na rua!

 

Como se não bastassem os vários motivos que dificultam o trabalho da polícia na busca pelos vigaristas, no final do ano passado nossos ilustres parlamentares aprovaram mais um! Visando salvaguardar a imagem – e a impunidade – do vigarista, a imprensa não pode mais mostrar a cara dos custodiados pela policia. Com isso eles viajam para todos os cantos do país aplicando seu golpes… e continuam impunes.

Apesar de tantos estelionatários cometendo crimes por aí, no Hotel do Juquinha, dentre os mil e cem presos, conta-se nos dedos da mão direita – e ainda sobra dedo! – o numero de 171 cumprindo pena por estelionato!

 

Um destes casais de vigaristas que viajam livres, leves, e soltos aplicando golpes país afora, tropeçou nas malhas da lei na manhã desta terça-feira, 03, na rodovia JK, no município de Ipuiuna. A prisão aconteceu durante abordagem de rotina realizada pelos patrulheiros federais. Os ocupantes do veiculo VW gol, com placas de Ibiporã-PR, disseram que estavam viajando para Três Corações, onde passariam férias na casa de parentes.

Ao puxar a capivara do casal – um homem de 53 e uma mulher de 44 anos – os paladinos da lei constataram que eles estavam na lista negra da justiça dos estados de Mato Grosso do Sul e do Paraná. Segundo os mandados de prisão eles são procurados naqueles estados pelos de crimes de estelionato, extorsão mediante sequestro – esse do apavorante ‘conto do sequestro’ – e formação de quadrilha.

O casal de meliantes, a “Simplória” de 44, e o “Finório”, de 53, trocaram o Gol de Ibiporã pelo táxi azul e amarelo dos patrulheiros e foram se hospedar no hotel do contribuinte de Poços de Caldas. Nos próximos dias os vigaristas deverão pegar o Táxi do Magaiver que os levará de volta ao Paraná, onde já estão sendo processados.

 

Por conta daquele projeto de proteção à imagem dos criminosos, não podemos exibir suas fotos aqui… Que pena! Com certeza eles já aplicaram o golpe do Bilhete Premiado na sua cidade! Esse casal pode ser aquela dupla de simplório e finório que levou suas economias no ano passado…

 

Caso interesse ao leitor, a lei 13.869/2919 – Abuso de Autoridade – partiu das iniciativas dos senadores Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, em 2016 e 2017 respectivamente, e foi abraçada pelos demais parlamentares.

Dentre outras medidas que limitam a atuação da polícia, a malfadada lei impede que você conheça a cara do criminoso que cometeu um crime contra seu vizinho!

Com isso, a dupla “Simplória & Finório”, que foi presa nesta terça-feira a caminho de Pouso Alegre e Três Corações, não será exibida nesta reportagem…

 

 Leia aqui no Blog: https://airtonchips.com/2014/07/21/vovo-cai-conto-benzedor/

Gatuno imita Homem Aranha para roubar policial

Ele escalou o lado externo de um prédio de três andares e levou a pistola e roupas novas do tira!

A pistola do policial foi parar na cueca do gatuno…

Aí quando você acha que viu de tudo em matéria de ousadia dos bandidos, o meliante dá um passo a mais… Aliás, vários passos… parede acima! Desta vez ele decidiu roubar a casa de um policial enquanto ele dormia!

 

Madrugada fria e silenciosa de Finados no bairro Lagoinha. O soturno lombrosiano se aproxima da grade que circunda o prédio, joga cobertores velhos e trapos sobre a espetante e ameaçadora concertina, neutraliza suas afiadas garras e a cerca elétrica, escala a grade e pula para o interior do pequeno condomínio. Seu alvo é o terceiro andar do predinho de apartamentos. Pacientemente ele coloca seus talentos aracnídeos em ação… E escala o prédio usando as janelas e as sacadas do prédio e chega ao apartamento da sua escolha. Silencioso como um gato, ele desfila pelo apartamento, pega o que quer e tão sorrateiro como entrou, sai de fininho.

 

O morador está nos braços de Morfeu, tem o sono pesado, e continua dormindo.

 

Seria o crime perfeito! Digno do ‘Oscar’ entre seus parças de caminhada!

 

Pela manhã, quando acordasse, a vítima perceberia que ficara só com o cabo do guarda-chuva na mão… e um mistério para investigar!

 

Mas eram as primeiras horas do Dia de Finados…       Havia muitos espíritos desencarnados comemorando seu dia, e um deles resolveu colocar água no shop do gatuno.

Quando ele descia a última escada para chegar à garagem, onde pegaria a principal rês furtiva, um morador apareceu no seu caminho e colocou a boca no trombone!

 

Metade dos moradores do prédio saltou dos braços de Morfeu e desceu a escada para ajudar o vizinho… inclusive o dono do apartamento invadido e roubado!

Em poucos minutos o gatuno foi dominado pelos moradores e entregue aos homens da lei que não tardaram a atender ao chamado…

 

Ao deter o gatuno, o morador do apartamento invadido minutos antes, sem saber que ele havia sido a vítima da vez, reconheceu o meliante, pois duas semanas antes ele, o morador, havia detido o mesmo gatuno – sem convite – no interior do condomínio e o havia entregue à policia militar. Por isso mesmo ele fez questão de ir à delegacia acompanhar a lavratura do flagrante.

 

Enquanto o gatuno seguia para a DP no taxi do contribuinte, o morador subiu ao seu apartamento para pegar os documentos e a chave do carro. Só então percebeu que fora ele o contemplado com a visita sorrateira do gatuno. O lombrosiano havia furtado além de roupas, as chaves do seu carro e !!!… Sua pistola Glock, carregada até a boca de azeitonas!

Sim… a vitima do roubo do terceiro andar é policial!

O meliante roubou sua ferramenta de trabalho e pretendia roubar também sua caminhonete que estava na garagem!

 

As surpresas não acabaram aí!

 

Ao chegar à delegacia – em tempo recorde – o policial constatou que sua pistola ainda estava na cueca do gatuno da madrugada! Felizmente ele usava pulseiras de prata e não pôde usar a pistola. A calça, a camiseta e o tênis que o gatuno usava, também haviam sido furtadas do policial enquanto ele dormia! As chaves da caminhonete estavam na algibeira da calça operacional furtada…

 

O ousado gatuno ladrão de policial e dublê de Peter Parker, é figurinha fácil no álbum da polícia belorizontina. Seu currículo é recheado de 157, 155 e 33. Se ele tivesse conseguido levar a caminhonete e a pistola do policial, por um bom tempo seus ‘parças’ de caminhada o tratariam como a ‘última batatinha do pacote’! Ganharia status no submundo do crime…

Metade da façanha ele conseguiu, mas…

“Perdeu gatuno”!

 

O infausto crime aconteceu no início da madrugada desta segunda-feira, 02 de novembro, no bairro Lagoinha, região noroeste da capital mineira.

 

Ah, no momento da prisão, o ‘Homem Aranha da Lagoinha” portava na canela um famoso ‘adereço’, também conhecido como passaporte para cometer novos crimes, muito comum entre os meliantes hoje em dia… uma ‘tornozeleira eletrônica!

“Quem matou o suicida”

O crime que deu titulo ao livro…

O pescador pedalava lentamente sua bicicleta pela trilha batida que saía na estrada, quando sentiu necessidade de fazer xixi. Passara as primeiras horas da manhã dando banho na minhoca na beira do rio e mal pescara meia dúzia de mandis. Na verdade, ele sabia que seria assim. As águas do Rio Lambari estavam muito sujas para pescar alguma coisa além de mandi. Só foi para a beira do rio por dois motivos: para manter o hábito… e para ficar longe da mulher! Encostou a velha bicicleta roxa com cesto na traseira e as varas de pesca amarradas ao quadro, em um arbusto na beira da trilha, entrou no mato e foi logo abrindo a braguilha.

Enquanto a bexiga lentamente esvaziava, deixando aquela sensação de alívio, deixou os olhos divagarem para o interior da mata. Observou os galhos, os cipós, um pássaro marrom de calda longa… – dizem que é alma-de-gato! De repente seus olhos pararam em um vulto pendurado num galho. Antes mesmo de fechar a braguilha inclinou o corpo tentando ver melhor o vulto. Sentiu um calafrio. Deu dois passos à direita, levantou um galho que dificultava a visão e… Arregalou bem os olhos!

Era mesmo uma pessoa!

A cena era macabra!

O corpo rijo pendurado na forquilha da árvore, com os pés a menos de um metro do chão, parecia balançar suavemente, não tanto pela brisa suave que penetrava através da folhagem, mas pela nuvem de mosquitos que se deliciava com o corpo em putrefação.

Martim Pescador, 55 anos, já vira pessoas mortas, inclusive por causas externas, mas a visão o deixou impressionado. Ainda com os pés fincados no chão, percorreu os arredores num raio de cento e oitenta graus procurando alguém com os olhos. Não viu ninguém e o silêncio confirmou: estavam sozinhos! Deu alguns passos à frente e foi circulando o palco, até ficar de frente para o pendurado…

– “Meu Deus! É o Jacinto…

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Um corpo inerte e sem vida pendurado na ponta de uma corda, no galho de uma árvore no meio do mato, acima de um banquinho jogado de lado, certamente encerra a história do enforcado! Mas pode começar uma intrigante história de mistério, de amor, de paixão, de dinheiro… – ou falta dele!

O que, aos olhos dos familiares, dos amigos, dos curiosos e até da polícia – aquela que se limita a cumprir o ‘horário de expediente’ – parece um típico suicídio, para um policial de verdade, aquele que ama o que faz e busca esclarecer os fatos e colocá-los na mesa do Homem da Capa Preta, pode ser um crime! Um crime covarde, tramado e executado pelo vizinho do lado, por um desconhecido ou até pelo amigo de baladas!

      No controverso título “quem matou o suicida”, mais importante do que saber quem é o assassino, é perceber a fragilidade da investigação policial que, por isso mesmo, na maioria das vezes deixa o assassino impune. O tino policial, a argúcia do velho detetive e o desfecho da história de “Quem matou o suicida”, no entanto, ‘pagam o ingresso’!

     “Quem matou o suicida” é apenas uma das histórias deste livro, que desnuda o heroísmo do policial, que o exibe como um mortal comum, sujeito a erros, medos, deslizes profissionais e… traições. “O último dia do policial”; “Por que os cães não atacavam Fernando da Gata?”; “O batateiro do bigode falho”; “Os fantasmas do velho hotel da Silvestre Ferraz”. Histórias macabras como “O esquartejador de Silvianópolis”; “O assassinato de Silvio Santos”; “Larissa de Extrema”; “Larissa de Pouso Alegre” são uma amostra disso.

      E tem muito mais.

      Além dos casos policiais, vivenciados ou investigados pelo autor, o livro traz histórias de vida tais como: “Maria, 90 anos de solidão”, “Guermina e o Catre”, “O menino que dormia sobre as caixas de maçã”…

      É impossível não se emocionar com o drama vivido por “Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC”. Ou não ligar o sinal de alerta com a precocidade com que os adolescentes iniciam nas drogas, e seus riscos, em: “Tragicomédia no Hospital Frei Caetano”.

      Traz também histórias hilárias como “A múmia de Bueno Brandão e os Três ossos pequenos”; “O louco e a cascavel” …

      O bucolismo, o saudosismo e a transformação sociocultural de Pouso Alegre no último meio século pode se ‘pegar com a mão’ nas histórias “Ribeirões da minha infância”; “A lenda do Zorro da Zona Boêmia”; “O mistério do Corpo Seco” – que misteriosamente ‘sumiu’ do primeiro livro do autor – e; “Anos 70, a década de ouro da humanidade”.

     Enfim, uma obra para matar a saudade dos tempos idos, desnudar a alma do ser humano, e constatar que ainda existem profissionais que amam o que fazem – profissionais capazes de levar uma “Mensagem à Garcia” -, mas estão cada vez mais escassos!

     Tudo isso narrado com bom humor e de um jeito gostoso de ler, por alguém que viveu a vida toda em contato com as pessoas, nas ruas, há décadas contando casos policiais na imprensa de Pouso Alegre.

     Boa leitura!

     Airton Chips

* Para continuar a ler e saber “Quem matou o suicida”, adquira seu livro físico numas das livrarias ou bancas de jornais de Pouso Alegre, ou através da nossa loja virtual. Você pode ler também ‘online’, na Amazon.com.br

Policia prende policia no Sul de Minas

O policial que recebeu as pulseiras de prata foi delegado regional e é vereador!

A prisão do homem da lei aconteceu na manhã desta terça-feira, 27, na cidade de “Barbara bela do norte estrela, que o meu destino sabes guiar…”, no Sul do Estado.

O ‘mandamus’ da Justiça atendeu pedido do Ministério Público da Comarca de Elói Mendes. Trata-se de prisão preventiva. O delegado foi denunciado pelo Ministério Publico pelos crimes de Corrupção Passiva, Usurpação de Função Publica e Organização Criminosa. Para os promotores do GAECO de Pouso Alegre, o delegado era um dos chefes da organização.

A operação batizada de “Ilusionista”, é um desmembramento da “Operação Êxodo 23”, orquestrada pelo MP, para investigar crimes do Departamento de Transito de Varginha e Eloi Mendes, e já prendeu 16 pessoas, incluindo funcionários do Detran das duas cidades.

“As investigações apontaram que veículos de leilão eram reaproveitados e os dados deles eram adulterados para que o dono pudesse ter vantagem”.

Wellington Clair de Castro tem quase dez anos de polícia. Quase todos prestados na Delegacia de Policia de São Gonçalo do Sapucaí. Em 2016 ele se elegeu vereador na cidade e no ano seguinte presidiu a Casa de Leis. Em 2018 foi promovido à Delegado Regional de Varginha, e não tardou entrou na mira do MP pelas denúncias ora investigadas.

As investigações começaram no ano passado. Em março deste ano, na primeira investida dos promotores para apurar as maracutaias no Detran, 16 pessoas foram presas suspeitas de participação na quadrilha. No mesmo mês, quando a casa caiu e o delegado perdeu o cargo de chefe da Policia Civil da regional de Varginha, ele foi transferido para a delegacia regional de policia de Pouso Alegre, onde continuou trabalhando no plantão. Recentemente ele se licenciou para disputar a reeleição de vereador na cidade dos inconfidentes…

A delação que originou uma das investigações em São Gonçalo do Sapucaí contra o delegado e vereador Wellington Clair, onde ele responde a outra investigação – como investigado – partiu do empresário Rafael Gois. O empresário – o qual foi candidato a prefeito de São Gonçalo do Sapucaí na eleição de 2016 – e outras quatro pessoas foram presas em 2017 na “Operação Ex-Fumo”, acusadas de integrar uma quadrilha com ramificações em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.

Além das prisões, e mandados de busca realizadas nesta sexta-feira, a justiça determinou também o sequestro de R$ 18 milhões para pagamento de multa e dano moral coletivo, além de R$ 247,5 mil para devolução de valores com origem em crimes de corrupção.

O ex-Delegado Regional de Varginha, delegado de polícia licenciado e vice-presidente da ‘casa de edis’ de São Gonçalo do Sapucaí, responde a outra investigação em curso no MP – como investigado. Se condenado for, o delegado perderá o emprego de cerca de R$20 mil mensais, mas continuará por muito tempo nas barbas da lei… Só que, “do outro lado”!

Programinha de R$ 20 na Perimetral…

Aconteceu de novo!!

    

A avenida Perimetral, construída em 1982 sobre o leito antigo do Rio Mandu, tem muita estória pra contar! Tem estórias de todo tipo e viés! As mais interessantes são as que envolvem os tais “programinhas de vinte”, ou de “dez reais”… que geralmente custam cem vezes mais, e terminam na delegacia de polícia.

Veja essa aqui:

A madrugada de sábado era ainda criança de colo quando o viajante Rodrigo C.A. cruzou a famosa avenida. Tão logo passou pela rotatória da rodoviária começou receber as boas vindas e convites de esbeltas ‘comerciantes’ do trecho!

As moçoilas esguias, usando apenas duas peças de roupas: um bustiê e uma minúscula saia colada ao bumbum, deixando quase tudo à mostra, seguiam Rodrigo com o olhar lânguido e faziam gestos convidativos. Algumas, quando percebiam que ele corria para o retrovisor, talvez para conferir o ‘material’, rebolavam e sopravam sensuais beijos na palma da mão…

Rodrigo voltava de Campinas. Estava há vários dias viajando e ainda levaria mais meia hora para chegar em casa, em Santa Rita do Sapucaí. Estava cansado, no entanto, ao ver aquela figura – aparentemente feminina – e aqueles gestos sensuais, sentiu uma ligeira massagem no ego e … uma estranha excitação! Sabia que seria ‘barca furada’, mas pensou:

– Se ela jogar charme mais uma vez… vou conferir!

A mariposa jogou!

Até parece que a loirinha de cabelos lisos lera seus pensamentos. Quando ele reduziu para dar preferência a outro veículo que seguiria para o Arvore Grande, a beldade acenou. Na verdade, balançou sensualmente as cadeiras e abriu discreto sorriso, perceptível, apesar da pouca iluminação amarela da avenida na madrugada.

Rodrigo contornou o canteiro lentamente, ainda indeciso se parava ou não… Mas era tarde! Já havia sido alvejado pela flecha do amor. Ou, para ser menos romântico… Fora fisgado pelo anzol do desejo!

“A rotina do Rabo Verde” e outras trinta cronicas policiais estão no livro “Quem matou o suicida”.

A sedutora abordagem aconteceu na rotatória da Ayrton Sena, quase em frente a Honda…

Ao ver a mariposa dar dois passos em sua direção ele não resistiu… Parou lentamente o Palio branco na beira do canteiro, já com o vidro do lado do passageiro abaixado.

Precedido por um forte cheiro de perfume barato, um par de seios quase desnudos invadiu seu carro. O cordão do bustiê dava uma volta no pescoço e vinha fazer um laço na garganta. Bastaria puxar o laço e os seios brancos e fartos, ligeiramente flácidos – devido ao excesso de uso – despencariam no banco do passageiro!

A jovem de cabelos loiros e curtos, cútis muito branca, cílios falsos, estatura mediana, não tinha mais que vinte anos, embora o know-how no ramo dissesse mais! Dependurada no salto da bota preta, ela ficou quase um minuto sensualmente inclinada na porta do carro… tratando de negócios!

Se tivesse alguém atrás e o local fosse mais iluminado, poderia ver a protuberância de pelos pubianos descoloridos com água oxigenada…

– E aí, gato… me dá uma carona? – Perguntou a beldade, cantando.

– Até onde você vai…? – indagou o ‘garanhão’.

– Por 20 reais sou toda sua… Você me leva onde você quiser!

O cansado viajante quarentão tinha mulher esperando em casa! Mas vai que ela estava naqueles ‘quatro dias’!? – pensou ele. Ademais, qual o problema com uma aventurazinha de meia hora por 20 reais?

E resolveu pechinchar…

– Até onde podemos ir por 10 reais?

– Ah, gato, você está duro, é? Por 20 você me leva onde quiser… e eu te levo para as estrelas… – Respondeu a loirinha com voz melosa, puxando o laço do bustiê, ao mesmo tempo que fingia vexamento e protegia os seios brancos e voluptuosos com a outra mão…

Seus ‘argumentos’ foram mais que suficientes! A porta do Palio se abriu e ela entrou!

Não precisaram ir muito longe. Sob a luz cândida de um filete de lua crescente que já diminuía e se escondia – talvez envergonhada! –  por trás de um pé de Marolo, numa rua deserta do bairro São Fernando, no trevo da Fernão Dias, a vendedora de prazer entregou a mercadoria…

Não teve trabalho nenhum para se despir… Já estava praticamente nua!!

Entre ‘preliminares e bem-bom’ o ponteiro das horas nem deu meia volta no relógio. Saciado o desejo e desfeito o ‘stress’, Rodrigo retirou o dinheiro da carteira, entregou o mico leão dourado à cliente e tornou a guardá-la debaixo do banco do motorista. Saiu por alguns instantes do carro para se recompor, entrou novamente e minutos depois se despediu da “loirinha de vinte” na beira da rodovia.

Ao retomar a viagem para casa foi pensando na proeza!

– Legal… Descarreguei a tensão – e o tesão! – durante meia hora por R$ 20 reais!

Ao lembrar da merreca que pagara pelos momentos de prazer com a loirinha, instintivamente Rodrigo passou a mão por baixo do banco do carro e !!!… Cadê a guaiaca???…

Parou assustado no radar do Cidade Jardim! Desceu do carro, debruçou-se atrás do banco, passou a mão por baixo, revirou tudo e… só o pó!!! Literalmente!

Sua carteira com documentos, cartões bancários, novecentos e cinquenta reais e alguns cheques de clientes, haviam viajado… Com outro dono! Ou dona!?

Voltou ao local do crime! Quero dizer, ao local do ‘amor’… Mas encheu-se ódio!

No local do ‘bem-bom’ com a loirinha de ‘20’, procurou frenética e inutilmente pela carteira! Desceu para o trevo, procurou por ela, mas… Nem o rastro. A única coisa que ficou foi o perfume barato da mariposa impregnado nas narinas!

Voltou à cidade, subiu lentamente a Perimetral olhando atentamente para cada vulto esguio na penumbra da avenida procurando pela mariposa loirinha – havia ainda duas ou três rodando bolsinha por ali à procura de um ‘programinha de 20’. E foi pensando:

– Se eu pegar aquela sacana vou lhe dar uma carona de 100… Pros quintos dos infernos!!

Mas, necas de catibiribas! A “loirinha de 20”, de seios voluptuosos e perfume baratééééézimo já havia encerrado o expediente! Ganhara numa só noite o suficiente para tirar duas semanas de férias!

Restou ao viajante solitário, envergonhado e duro – ou seria mole? – procurar a polícia para registrar um B.O. no meio da madrugada!

O ‘programinha de 20’ saiu cariiiinho… Mas também, quem não gosta de carinho, né?

Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC!

Deram cama, comida e roupa lavada… Mesmo assim o garoto pegou o atalho das drogas e se perdeu…

   

A chuva que caia fina no telhado e escorria lentamente para a calha produzia um som aconchegante. Muito bom para dormir! Ah, se pudesse dormir! Ah, se tivesse sono! Mariana estava sentada no sofá da sala. Tinha uma revista na mão, mas não lia. Que horas seriam? Sentara-se ali na sala, sozinha, para ver a última parte da novela e ali ficara pensando na vida. Não se lembrava de ter apertado o controle remoto, mas a sala estava em completo silêncio. O único som que se ouvia era o incessante e ritmado bater da água fria no final da calha. Olhou para o relógio do celular… Passava da meia-noite. Seus olhos vagavam sem destino pela singela estante a sua frente. De vez em quando pousava na foto 13×18 no porta-retrato. Os olhos negros do filho naquele rosto arredondado emoldurado pelos vastos cabelos castanhos lisos escorridos, olhavam fixamente para ela! Que idade teria? Ora, claro que ela sabia. A foto fora tirada no dia da formatura dele, na quarta série. Tinha então 10 anos! Outros quinze já haviam se passado. Quanta coisa acontecera desde então! Sua filha mais velha se casara, tinha até uma netinha! Sua filha mais nova nascera. Seu filho caçula também nascera. Seu marido havia… ido embora! O marido não tivera sua força, ou sua paciência, ou sua resiliência, e desistira do filho. Desistira até dela e a deixara com seu fardo. E o garoto de olhos negros e cabelos longos da foto? O que tinha feito nestes últimos quinze anos? O que estaria fazendo agora? Onde estaria naquel momento? Perdera a conta de quantas vezes fizera estas perguntas nos últimos anos.

Mariana levantou-se do sofá, girou o trinco da porta que estava aberta e debruçou-se na mureta de balaústre da pequena varanda da casa simples, na rua de pouco movimento. A chuva continuava a cair fina e mansa. O contraste com a luz do poste quase em frente à sua casa parecia um véu transparente. Parecia mais ainda quando a leve brisa sacudia a chuva. Por um instante Mariana viajou trinta anos no tempo, e se viu recostada no peito do então namorado. Jovem namorado… jovens apaixonados pensando em construir uma família, sem pensar no que a família construiria para eles!

O enlevo durou apenas alguns segundos. A realidade do momento não permitia bucolismo, romantismo… A realidade era dura, crua e nua! A realidade era o filho que só Deus sabia onde estava…

Onde estaria J.C.?

Ele saíra de casa na segunda à tarde…

– Aonde você vai meu filho? – perguntara ela ao ver o filho calçando o tênis para sair.

– Vou dar um rolê, mãe… Não aguento mais ficar trancado em casa!

– Você está bem, JC? Não está sentindo ‘aqueles negócios’ de novo?

– Tá tudo bem. Só quero ver se encontro o Pedrinho. Vou a casa dele… ver se ele tem alguma coisa que eu possa fazer… Não posso ficar parado o resto da vida!

Mariana sabia que não. JC precisava trabalhar. Tanto para se sustentar quanto para se ocupar. Mas será que ele estava ‘pronto’ para isso? Fazia três meses que ele voltara da última clínica e desde então estava em casa. Será que não desandaria novamente? Ela achava que sim. Que o filho não resistiria. Mas nada podia fazer. Manter o filho preso em casa, além de não conseguir, não poderia… Não era a solução. Mas haveria uma solução?

– Você acha que está suficientemente forte, meu filho? Por que não vai amanhã de manhã? Assim você terá mais tempo para procurar um serviço.

– Amanhã o Pedrinho estará trabalhando… Não quero incomodá-lo no trabalho. Mas fique tranquila, mãe… Eu estou bem. Antes de acabar a novela eu estou de volta.

Apesar do medo, da incerteza, da angústia que invadia seu peito toda vez que o menino saía de casa, Mariana sentiu uma certa firmeza nas palavras dele. Firmeza ou pena? Não sabia bem. O fato é que tinha que confiar… e esperar. Apenas esperar. Mesmo que tivesse que ficar esperando até a madrugada, até o clarear do dia, com um terço na mão…

Para continuar lendo “Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC”, acesse https://www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop/

Por que os cães não atacavam “Fernando da Gata”?

Quase três décadas mais tarde eu descobri o que deixava os esguios Dobermans… ‘tão dóceis’!

‘Bichinhos’ iguais a este nunca atacaram Fernando da Gata… Porque será?

Toda cidade tem uma história de bandido para contar. Algumas têm mais de uma. Pouso Alegre, a cidade que mais cresceu no Sul de Minas no último meio século – pulou de 40 mil em 1970 para 150 mil habitantes atualmente – também tem suas histórias. O mais ilustre bandido que pisou e deixou rastros indeléveis em terras manduanas, atendia pelo nome de “Fernando da Gata”…

O famoso – às avessas! – que passou sorrateiro pela cidade, deixando para trás um rastro de suspense, de medo, de fatos e de boatos, foi Fernando Soares Pereira, o “Fernando da Gata”. O baixinho cearense ficou menos de uma semana na cidade… mas fez estragos em algumas famílias e na população! Tão sorrateiro como agiu na calada da noite o bandido se foi levando quilos e toneladas de joias! Quilos de anéis, cordões e pulseiras de famílias abastadas da cidade… E toneladas de dignidade! Ele estuprou quatro recatadas senhoras, esposas de ricos empresários… na frente dos seus maridos! Vindo de Russas-CE, Fernando da Gata fez escala na capital paulista e, bem que tentou mudar de vida. Trabalhou alguns meses na construção civil, mas seu ‘talento’ criminoso era por demais valioso para ser desperdiçado debaixo de sacos de cimento, pilhas de tijolos e latas de concreto! O famigerado bandido nascera talhado para grandes empreitadas… ainda que fossem para o mal! Em poucos meses de atividade criminosa na capital paulista, o Eldorado dos nordestinos, o baixinho cearense se tornou celebridade… no álbum da polícia! E colocou toda a polícia civil paulistana nos seus calcanhares… E a imprensa, ávida por furos jornalísticos, também!

Foi assim que, para dar folga às madames paulistanas, o assaltante solitário foi parar em Pouso Alegre em meados de 1982. Fernando da Gata chegou à cidade no mês do ‘cachorro louco’! Não por acaso, de todos os predicados atribuídos a ele, o principal, era exatamente sua capacidade de acalmar e dominar ‘cachorros loucos’! Não eram exatamente loucos, mas eram ferozes cães de guarda, especialmente os esguios ‘Dobermanns’, os quais reinavam nos quintais das mansões naquele começo de década depois que a luzes se apagavam! Ninguém ousaria entrar nos quintais na calada da noite. Ninguém… menos Fernando da Gata! Os donos das casas até ouviam os latidos ferozes dos seus ‘dobermanns’ no meio da noite. Mas quando se arriscavam a abrir a porta ou espiar pela janela, lá estava o amigo fiel sentado num canto do quintal! Atento, mas silencioso. Como se tivesse visto apenas um gato em cima do muro e o intruso já tivesse ido embora. Minutos depois o gato, quero dizer, o “da Gata”, estava no seu quarto apontando um trabuco para o seu nariz!
Mas como o esguio Dobermann parou de latir e se aquietou no canto?
Esse foi o grande mistério que Fernando da Gata levou com ele no crepúsculo de um dia frio de inverno, no começo de setembro, nas margens do Rio Sapucaí, uma semana e meia depois de protagonizar a maior caçada policial da história e colocar Pouso Alegre no mapa nacional com suas façanhas. Fernando da Gata não matou os cães de guarda. Sequer tocou em algum cachorro! Ou talvez tenha tocado… para lhes fazer um cafuné!

– Como pode, um cachorro que quase pula muros para atacar quem passa na calçada do lado de fora, ficar quietinho no canto do quintal enquanto o bandido entra e arromba a porta da casa do dono? – Perguntavam as pessoas com os olhos saltando das órbitas.

– Ele tem parte com o demônio! – Respondiam umas, fazendo o sinal da cruz!

– Ele hipnotiza os cães! – Diziam outras, incrédulas.

Seu fascínio sobre os ferozes Dobermanns – ou o contrário! – virou mito. Vinte e sete anos depois da sua morte desvendei o mistério… E matei o mito!

O livro está à venda…

Para desvendar o mistério de “Por que os cães não atacavam Fernando da Gata”, acesse… https://www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop/

A rotina do Rabo Verde

O louco mais querido da cidade…

“A rotina do Rabo Verde” e outras trinta cronicas policiais estão no livro “Quem matou o suicida”.

A figura carrancuda dentro de um conjunto cáqui encardido, debaixo de um chapéu amassado fazendo sombra para o par de olhos azuis, com um saco nas costas, sem saber ler ou escrever, sem lenço & sem documentos e sem um teto para chamar de seu, Rabo Verde figura entre as personagens mais ilustres de Pouso Alegre no Século XX…

Até a poucas décadas, antes do advento dos celulares e seus aplicativos, quando as pessoas tinham tempo para olhar e sentir a rotina à sua volta, era possível perceber alguns personagens do cotidiano se misturando à nossa história. Toda cidade, grande ou pequena, tinha seus personagens assim. Pouso Alegre teve vários no século passado. Chimango, Maria Coquinha, Ananias, Padre Mateus, Nego Artur e tantos outros. Quando, nas rodinhas de saudosistas, falamos dos personagens folclóricos que marcaram a cidade, o primeiro que nos vem à mente é o… “Rabo Verde”!

A expressão inquieta, o jeito soturno, o modo sacudido de emitir as palavras – muitas ininteligíveis – a mania de resmungar sozinho palavras desconexas sem uma sequência lógica de fala, a sujeira do traje, o saco de roupa que sempre carregava nas costas, a mania de catar comida no lixo – embora não lhe faltasse uma alma boa para encher sua marmita gratuitamente ou em troca de capina de quintal – faziam de ‘seu’ Antônio Barnabé um louco! Mas era um louco inofensivo. Jamais fazia mal a alguém. Desde que não lhe chamassem pelo apelido de Rabo Verde! Aí, além dos palavrões impublicáveis, pedras, tijolos, sabugos, ou qualquer objeto que estivesse ao seu alcance tornava-se uma arma! As crianças se divertiam com sua brabeza… Os pais arrancavam os cabelos de preocupação! Passada a raiva, ele fazia troça do próprio apelido!

-Quem tem o rabo verde, seu Antônio?

– Arara, papagaio… e eu!

Durante décadas, desde meados do século passado, essa figura simples fez parte da rotina das pessoas em Pouso Alegre…

– O Rabo Verde foi preso… Ele foi levado no ‘forninho’ pra delegacia, o filho do delegado foi pro hospital, muito sangue… Ele tá muito machucado… – disse estabanado o garoto entrando correndo no Empório Goulart, no final da tarde!

– Calma, menino! Conta essa história direito! Por que prenderiam o Rabo Verde? Ele não faz mal a ninguém. O que tem o filho do delegado com isso? – interrompeu o comerciante enquanto servia uma dose de Fernet a um freguês cativo…

– Dessa vez acho que ele fez, sim… Ele deu uma pedrada na cabeça do menino, o filho do delegado!

– Espera, espera, espera… Você está dizendo que o Rabo Verde acertou uma pedrada na cabeça de um garoto? E o garoto é filho daquele delegado novo que chegou à cidade?!

– … É isso mesmo. Nóis tava lá na beira da linha esperando pra ver a Maria Fumaça, aí o Rabo Verde tava passando… e a pedrada acertou bem na cabeça do Serginho…

– Peraí, vocês mexeram com o pobre coitado? Por que não correram?

– Nós corremos, mas o Serginho não sabia que tinha que correr…

– Caramba! Filho do delegado… e lerdo! – comentou um freguês do empório entrando na conversa.

– É. Mas é que ele é novo na cidade. Veio da capital. Ainda não conhece as molecagens do interior – interveio outro freguês assíduo do empório.

– E esse delegado novo também não conhece o Rabo Verde. Dizem que ele é um capeta! Vai querer arrancar o couro do pobre coitado! Precisamos fazer alguma coisa. Alguém precisa ir à delegacia explicar para o delegado que o ‘nosso’ Rabo Verde não bate bem da cabeça…

Um dos fregueses do Mario Goulart, que costumava chegar sempre no finalzinho da tarde para bebericar o suco de ‘gerereba’ e jogar conversa fora, se prontificou a ir  à delegacia. Primeiro para saber a gravidade da situação; segundo, para tentar livrar a barra do Rabo Verde.

… Tentou, mas não conseguiu. Afinal, lesão é lesão tanto na capital quanto na pacata Pouso Alegre de vinte mil habitantes!

E o “Rabo Verde” foi se hospedar no Velho Hotel da Silvestre Ferraz!

Para continuar lendo a “Rotina do Rabo Verde”, acesse… https://www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop/

*Em Pouso Alegre, o livro está à disposição na Livraria Intelecto e em todas as bancas de jornais.

“Quem matou o suicida”

Este é o título do novo livro de Airton Chips.

“Quem matou o suicida”… o livro caçula de Airton Chips

      Seis anos depois de “Meninos que vi crescer”, o colunista policial e escritor Airton Chips lança agora seu segundo livro de crônicas policiais.

“Quem matou o suicida?” segue a mesma linha de “Meninos que vi crescer”, lançado em 2014. São crônicas policiais vivenciadas pelo policial e colunista ao longo da sua carreira, nos últimos quarenta anos. Algumas são tensas, tristes, macabras… Outras são hilárias, divertidas, comoventes, saudosistas…

No controverso título “Quem matou o suicida”, – a intrigante estória de um fazendeiro encontrado morto na ponta de uma corda no meio do mato, numa pequena cidade do interior de Minas – mais importante do que saber quem é o assassino, é perceber a fragilidade da investigação policial que, por isso mesmo, na maioria das vezes deixa o assassino impune. O tino policial, a argucia do velho detetive e o desfecho da história de “Quem matou o suicida”, no entanto, ‘pagam o ingresso’!

“Quem matou o suicida” é apenas uma das trinta e uma histórias deste denso livro que desnuda o heroísmo do policial; que o exibe como um mortal comum, sujeito a erros, medos, deslizes profissionais e… traições! “O último dia do policial”; “Porque os cães não atacavam Fernando da Gata”; “O batateiro do bigode falho”; “Os fantasmas do velho hotel da Silvestre Ferraz”; histórias macabras como “O esquartejador de Silvianópolis”; “O assassinato de Silvio Santos”; “Larissa de Extrema”; “Larissa de Pouso Alegre” são uma amostra disso.

“Paulinho & Mariana, os pais do nóia JC”, mostra o drama de uma família cujo filho aos dezesseis anos trocou o banco da escola pelo banco da esquina com os amigos de ‘baseados’ e nunca mais conseguiu deixar as drogas. A curta história passada em um plantão médico, com o título “Tragicomédia no Hospital Frei Caetano” mostra a precocidade com que os adolescentes iniciam perigosamente nas drogas. Além desta o livro traz outras histórias hilárias tais como “A múmia de Bueno Brandão e os Três ossos pequenos”; “O louco e a cascavel” e; “Um puta bandido e um porra policial”.

O bucolismo, o saudosismo e a transformação sociocultural de Pouso Alegre no último meio século estão presentes nas histórias “Ribeirões da minha infância”; “A lenda do Zorro da Zona Boêmia”; “Anos 70, a década de ouro da humanidade” e; “O mistério do Corpo Seco” – que misteriosamente ‘sumiu’ do primeiro livro do autor.

Além dos casos policiais, vivenciados ou investigados pelo autor ao longo da carreira, o livro traz comoventes histórias de vida, de superação, tais como: “Maria, 90 anos de solidão”, “Guermina e o Catre”, “O menino que dormia nas caixas de maçã” …

E para começar a leitura: “A rotina do Rabo Verde”! o louco mais querido de Pouso Alegre no século passado, com lugar cativo na galeria de pessoas ilustres do Museu Tuany Toledo. Enfim, uma obra para matar a saudade dos tempos idos, para desnudar a alma do ser humano e, constatar que ainda existem profissionais que amam o que fazem – profissionais capazes de levar uma “Mensagem à Garcia”! -, mas estão cada vez mais escassos!

Tudo isso narrado com bom humor, de um jeito gostoso de ler, por alguém que cresceu em contato com as pessoas, nas ruas, observando o comportamento humano. Alguém que viveu e há décadas conta casos policiais na imprensa de Pouso Alegre.

A ‘família’ está aumentando…

“Quem matou o suicida” pode ser encontrado e adquirido nas livrarias e bancas de jornais de Pouso Alegre e região, ou, através do site “www.facebook.com/blogdoairtonchips/shop” – entregue sem custo em qualquer lugar do Brasil.

Vá buscar ao seu!