Max & Leninha… Dormindo com o inimigo

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Conheci Max no inicio de uma madrugada gelada de 98. Eu estava num trailer de lanches da Vicente Simões quando ele chegou agarrado a uma garotinha de cabelos loiros lisos e maltratados – provavelmente pelo excesso de tinta de má qualidade – com uma tremenda cara de biscate, embora não aparentasse mais que 12 ou 13 anos. Tempos depois eu soube que ela tinha 17, a mesma idade dele na ocasião. Eu estava sozinho escutando o frigir do bacon na chapa enquanto o chapeiro preparava quatro lanches para minha equipe de plantão na delegacia: Dorigatti, Rita e Chicarelli. Max veio direto até mim arrastando a falsa loirinha, estendeu a mão direita e cumprimentou-me efusivamente como se fossemos velhos amigos que não se viam há meses. Só faltou me abraçar.

Eu não conhecia a pessoa ate então, mas conhecia o nome e a fama. As façanhas de M.P.R.F. já tinham produzido boas manchetes em meu programa Direto da Policia na Radio Difusora e na coluna homônima no jornal Sul das Geraes. O adolescente de 17 anos já era figurinha carimbada no álbum da policia, especialmente no bairro São Cristóvão. Porte de arma, tiroteios, brigas e trafico de drogas enriqueciam seu currículo. O garotão sorridente e boa pinta poderia mudar completamente sua fisionomia de uma semana para outra alternando apenas a penugem do rosto. Barba, bigode, cavanhaque grosso, aparados ou não, assim ou assado, além dos cabelos extremamente pretos, lisos e grossos podiam remoçá-lo ou dobrar-lhe a idade em pouco mais que um piscar de olhos ou triscar de tesoura. Naquela madrugada ele estava de barba e bigode aparados e na presença da loirinha assanhadinha que o puxava para lá e para cá o tempo todo, ele parecia ter pelo menos 22 anos. Alem dos cumprimentos puxou prosa fútil e amena, parecendo interessado em saber quem estava de plantão comigo na delegacia. Antes que ele começasse a traçar o perfil dos meus colegas policiais, o chapeiro entregou-me o pacote de x-tudo e fui embora. Senti tentado a convidá-lo a tomar um café conosco na delegacia. Com certeza ele não esperaria que eu renovasse o convite para aparecer por lá.

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Assim era Max. Alegre, extrovertido, curioso, corajoso e às vezes ingênuo. Mesmo quando chegava na DP com as mãos algemadas para trás, com o lombo ardendo dos esbarrões, mantinha o bom humor e conversava com os policiais, especialmente comigo, de igual para igual, como se sua situação de preso não passasse de mero equívoco. Naturalmente não sabia se vestir, mas se tomasse um banho de loja e umas aulas de etiqueta, passaria facilmente por modelo fotográfico ou galã de novela. Se ganhasse uns quatro ou cinco quilos poderia se passar facilmente por Antonio Banderas no começo de carreira. Morava com a avó no Chapadão e não precisava trabalhar para se sustentar. Tinha, portanto todo tempo do mundo para bisbilhotar e se intrometer na vida alheia e até na da policia. O que marcou sua curta vida, por mais esdrúxulo que pareça, foi seu senso de justiça. Se tivesse recebido orientação, certamente teria sido policial… E dos bons! Acabou seguindo um caminho paralelo, bem perto disso… O de justiceiro! Vivia ameaçando e espancando os pequenos delinqüentes do bairro em nome da justiça. Como não conhecia normas, limites e muito menos leis, logo se tornou…

 

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