O “ali” de mineiro e o “breve” dos políticos..

Posto

Há muito caiu na boca do povo… Já virou tradição! O “trem” e o “ali do mineiro” já fazem parte da cultura brasileira!
Quem nunca aproveitou a oportunidade para plagiar o linguajar do mineiro, que atire a primeira pedra! E é gostoso… relaxante… Mesmo sendo uma palavra mentirosa. Pois quando o mineiro aponta o braço e diz “é logo ali”, já sabemos que pode ser logo depois da casa verde, logo depois do milharal do seu Juca ou quase no pé da serra do cajuru!
Quando o mineirinho tranquiliza:
– Não… Que longe que nada! É só um tirinho de espingarda! – o sujeito que pediu a informação já sabe que a espingarda tem que ser no mínimo um rifle 44, daqueles usados por John Wayne, capaz de acertar o caubói bandido há pelos menos três quilômetros na pradaria do Arizona!
Na contramão dessa comunicação sadia, inofensiva e bem humorada, temos o adjetivo “breve”. Na boca tanto do leigo quanto do literato o breve significa apenas dentro de pouco tempo, mais tarde, amanhã, ou no máximo a semana que vem! Na pior das hipóteses no fim do mês!
Mas se for dito por um politico!!!
Ah, aí o breve muda de figura! Muda mesmo! Vai para o sentido figurado!
Pode ser na semana que vem, no mês que vem, no ano que vem, ou quem sabe… Na véspera da próxima eleição!
Na verdade quando o cidadão politizado ouve do politico a palavra “breve” com referencia a uma obra em andamento ou a iniciar ou o atendimento de um pedido, ele já pode colocar na sua agenda uma data definida; ele sabe ao menos o mês: agosto… De Deus!
O ali do mineiro, embora seja exagerado, é gostoso de ouvir, gostoso de falar, é desinteressado e não faz mal a ninguém.
Já o “breve” do politico soa logo de cara mentiroso! Chega a ser asqueroso, ou, para ser menos agressivo, é desacorçoante!
Toda vez que vemos ou ouvimos de um politico um empostado “breve estaremos iniciando a construção desta escola”…; “breve: mais uma obra da nossa administração”! e tantos outros “breves”, sentimos o cheiro de mentira! Sabemos que o breve será no tempo, muito mais distante do que a distancia do mineiro!
O breve – de articulista, não de politico! – introito tem por objetivo voltar àquela faixa afixada na parede do Posto de Saúde do bairro N.S.Aparecida. E antes que leitor circunvizinho do aludido posto indague surpreso:
– Ué! Aqui no bairro tem Posto de Saude? Onde…? – Espere-me molhar o bico! Estou falando do Posto de Saúde que foi inaugurado para inglês ver. Aliás, agora que a Copa do Mundo já passou e os turistas ingleses, alemães, suecos, chilenos e tantos outros já se foram, bem que poderiam retirar a faixa mentirosa! Mas não. Ela continua lá. Naturalmente depois de sete meses já desbotou… Mas continua lá.
Como deixei claro no post “www.unidade de saúde para inglês ver”, do dia 06/06, vou repetir: Não estou procurando mazelas administrativas pela cidade para publicar aqui no blog. Pois se o fizesse gastaria todo meu tempo somente com isso e o leitor ficaria horas rolando a tela do computador para ler…! Estou falando apenas das mazelas que volta e meia dançam na frente dos meus olhos e algumas até pulam na frente do meu carro com os olhos e os braços arregalados gritando;
-Olha eu aquiiiii!!!
Essa não tem como ignorar! Está no caminho da roça pra mim! Passo por ali desde o inverno de 1969 quando acompanhava meu pai de madrugada em busca de trabalho na Cemig… Era apenas uma estradinha vermelha ladeada de barranco! Já no ano seguinte, na construção do bairro Santa Doroteia, bem defronte o hoje “posto de saúde morto sem nunca ter nascido” aconteceu uma tragédia… Um barranco da obra de rede de esgoto desmoronou e matou soterrados três pedreiros. Meu pai tinha acabado de sair da valeta. Eu estava lá, a poucos metros, com minha caixa de picolés da sorveteria do ‘seu’ Ferreira!
Talvez sejam os fantasmas daqueles três pedreiros que não deixam o posto de saúde entrar em funcionamento! Fantasmas ou não, o fato é que o Posto de Saúde do Bairro N.S.Aparecida inaugurado pela prefeitura no dia 12 de fevereiro, completou 7 meses na ultima sexta feira sem nunca abrir as portas! – Alias, abriu naquele longínquo dia 12, para receber a comitiva e posar para fotografias! – Mas o imóvel consome no mínimo energia elétrica e aluguel, pagos com o seu, o meu, o nosso dim-dim!
O presente artigo não tem por finalidade denegrir a administração municipal. Até porque, este blogueiro e o alcaide, embora não sejam amigos de dividir copos & talheres ou sonhos & segredos, são vizinhos e amigos no cotidiano – o prefeito está lendo o livro “Meninos que vi crescer”! Nos encontramos no Festival Sabores & Saberes de Santana no dia 30 pp. e depois do afetuoso abraço e algumas amenidades próprias de pessoas publicas, autografei o livro pra ele e recebi os votos de sucesso! Ao contrario de atirar pedras, a crônica serve de veiculo de informação! Talvez o prefeito não saiba que o referido posto, que deveria entrar em funcionamento em maio e atender milhares de pessoas no seu entorno e enriquecer sua administração, não passa de mais uma mentira da língua portuguesa!
Enfim, o “ali” de mineiro e o “breve” dos políticos estão no topo das palavras mentirosas da língua pátria. Com a diferença que a mentirinha do mineiro é gratuita, bem humorada e leva o cidadão apenas um pouco mais longe do que ele esperava…! Enquanto a mentirinha dos políticos, além de enganar os cidadãos de boa fé pagadores de impostos, leva a classe politica cada vez mais para o abismo do descrédito…!

 

O “breve” do Posto de Saúde do bairro N.S.Aparecida em Pouso Alegre está completando hoje, 18 de setembro de 2014 – melhor citar dia , mês e ano para não confundir o leitor! – 206 dias!

Êta brevezinho mentiroso, sô…!

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