Alexsandro, o traficante que desceu pela chaminé

Taxi do Magaiver levantando 'bandeira 2' com destino ao Hotel do Juquinha...

“Taxi do Magaiver” levantando ‘bandeira 2’ com destino ao Hotel do Juquinha…

Estava o serralheiro “Jota” nos braços de Morfeu no aconchego do seu lar na Rua Juruá, no velho Aterrado, no final da noite de quinta, quando despertou com ruídos no seu telhado. Pôs-se a escutar imaginando que talvez fosse um gato tentando dar um ‘créu’ na sua gata! Ou talvez um pássaro noturno que calculara mal o voo e tivera que fazer um pouso de emergência… Mas pensando bem, o barulho parecia muito maior do que o de um gato, e, ave, só se fosse avestruz! Por alguns instantes Jota pensou que talvez pudesse ser o coelho da pascoa trazendo os ovos com antecedência… Mas lembrou-se que esse negocio de entregar presente através do telhado é coisa de Papai Noel!! E aguçou os ouvidos esperando o bom velhinho barbudo descer pela chaminé e dizer “hohoho”! E não é que ele desceu mesmo…!!!  Desceu em cima do fogão de lenha! Mas não disse “ho-ho-ho” não!!!  Disse: “ai,ai,ai”!!! E também não era bom, nem velhinho, nem barbudo e não estava trazendo um saco de presente! Mas desceu pela chaminé em cima do fogão de lenha…!  Era Alexsandro Batista dos Santos, morador da Sapucaí, prestes a completar 39 anos… E fugia da policia como o diabo foge da cruz!

Voce leu “Aviõezinhos capotam no Arvore Grande”? Aprendeu como distribuir drogas pela cidade e conseguir ludibriar os homens da lei 99 vezes? – Uma hora a casa cai, né? – Pois agora você vai aprender a montar uma “biqueira” e distribuir todo tipo de drogas sem cair nas malhas da lei. É tão simples quanto tomar bengala de velho! Basta tomar posse de uma casa abandonada ou uma obra em construção. Fazer um buraco no portão e ficar do lado de dentro de onde possa ver a chegada dos homens da lei!

Você não precisa ir até a clientela… Os nóias vão até você em busca da farinha!

Não se esqueça de receber primeiro a “ararinha vermelha” pra depois entregar a baranga… Alguns nóias são meio distraídos!

Se você perceber que tem boi na linha, até que o boi arrebente o cadeado do portão, você sobe no muro, atravessa alguns telhados e desce na rua de trás, belo e faceiro e ainda vai “tirar um pêlo” dos homens da lei oferecendo ajuda para arrombar o cadeado… Você não mora ali mesmo!

Esse modus operandi lucrativo e eficiente de distribuir drogas funciona em vários pontos da cidade!

Funcionou 99 vezes na Rua Juruá…

Na centésima vez a casa do Jota caiu. Quer dizer, o Alexsandro caiu na casa do Jota, em cima do fogão de lenha!

É que “pote tanto vai à fonte que um dia volta quebrado”! Desta vez, antes de bater no portão da casa abandonada, os homens da lei cercaram o quarteirão.

Você achou a historia interessante até aqui? Tem muito mais. Leia o que disse Alexsandro!

Quando os homens da lei chegaram à casa do serralheiro Jota, lá estava Alexsandro belo e formoso sentado à mesa da cozinha esperando ser servido o café. E contou sua historia com calma e serenidade:

– Pois é, eu conheço o ‘seu’ Jota de vista… Sei que ele é serralheiro. Ei vim aqui contratar os serviços dele. Dizem que ele trabalha muito bem…!

– Opa, eu não abri a porta pra você, não! – Interveio o serralheiro.

– Ah, não, foi um garotinho… deve ser seu filho. Ué, ele estava aqui agorinha mesmo! Foi ele que abriu a porta pra mim e ‘mandou eu’ esperar, seu Jota!

E não ficou vermelho!!!

Enquanto uma equipe de policiais oferecia as pulseiras de prata ao suposto cliente que viera do céu contratar os serviços do serralheiro, outra equipe varria o muquifo abandonado – agora abandonado mesmo! – pelo gato em teto de zinco quente e apreendia a droga que ele deixou para trás; 17 barangas de farinha do capeta e 5 de pedra bege fedorenta e outros indícios do trafico.

Alexsandro Batista dos Santos naturalmente jurou de pés juntos que a droga não é dele, pois ele nem mora lá! Não mora mesmo, mas também não foi entregar ovos de pascoa através da chaminé da casa do serralheiro! Juntando sua historia da carochinha com sua quilométrica capivara e dezenas de denuncias de amigos ocultos da lei, o delegado de plantão o enquadrou – mais uma vez – no 33. De manhazinha ele pegou o taxi do Magaiver e foi passar mais uma temporada no Hotel do Juquinha. Sem visitas de Papai Noel ou coelhinhos de pascoa…

 

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